Crédito, Reuters
- Author, André Biernath*
- Role, Da BBC News Brasil em Londres
A entrevista com repórteres aconteceu no Air Force One, o avião presidencial americano, que estava a caminho da Malásia, onde Trump participará de uma cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
O presidente do Brasil também estará no evento e algumas informações indicavam que ele poderia aproveitar a ocasião para se encontrar com Trump para uma negociação sobre as tarifas e as sanções.
Questionado por um jornalista se esse encontro estava confirmado, Trump disse acreditar que a reunião com Lula deve acontecer.
Quando perguntado se estaria aberto a rever e reduzir as tarifas sobre o Brasil, Trump respondeu: “Sim, diante das circunstâncias certas.”
Horas depois, Lula afirmou a repórteres em frente ao hotel onde está hospedado que vê a possibilidade da reunião “com otimismo” para “encontrar uma solução”.
“Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda, vamos colocar na mesa os problemas e tentar encontrar uma solução”, disse o presidente brasileiro
“Então pode ficar certo que vai ter uma solução”, complementou ele.

Crédito, Getty Images
O que esperar de encontro entre Lula e Trump
Há uma possibilidade cada vez mais real de que um encontro cara a cara entre Trump e Lula aconteça às margens da cúpula da Asean, em Kuala Lumpur.
A Casa Branca também adotou restrições de vistos a autoridades brasileiras e sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e sua mulher, Viviane Barci de Moraes, em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A reunião bilateral com Trump ainda não foi confirmada oficialmente, mas a expectativa é que o encontro aconteça no domingo (26/10), às margens da cúpula da Asean.
Mesmo com a perspectiva de um encontro para tentar selar a paz, os dois líderes têm dado sinais de que não pretendem recuar de suas posições.

Crédito, Freddie Everett/US. Department of State
Na quarta-feira (22/10), Trump afirmou que os pecuaristas americanos “estão indo bem” graças à tarifa imposta sobre o gado de outros países, como o Brasil.
“Os pecuaristas, que eu adoro, não percebem que a única razão pela qual estão indo tão bem — pela primeira vez em décadas — é porque impus tarifas sobre o gado que entra nos Estados Unidos, incluindo uma tarifa de 50% sobre o Brasil”, escreveu em sua rede social.
O republicano acrescentou que, se não fosse por ele, os criadores de gado americanos “estariam na mesma situação dos últimos 20 anos”, que classificou como “péssima”.
Já Lula, na quinta-feira (23/10), voltou a defender alternativas ao dólar no comércio global.
Durante a visita que faz à Indonésia, o presidente afirmou que tanto o Pix quanto o sistema de pagamentos indonésio têm potencial para facilitar o intercâmbio entre os dois países e entre os membros do Brics.
“O século 21 exige que tenhamos a coragem que não tivemos no século 20”, disse Lula, ao defender “uma nova forma de agir comercialmente, para não ficarmos dependentes de ninguém”, sem citar diretamente os Estados Unidos.
A defesa de moedas alternativas à americana, reforçada pelo Brasil durante a cúpula dos Brics em julho, foi apontada por Trump como um dos motivos para a imposição das tarifas às exportações brasileiras.
*Com reportagem de Julia Braun, da BBC News Brasil em Londres, e Mariana Schreiber, da BBC News Brasil em Brasília