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Os pagamentos para agricultores devem ser interrompidos em meio à paralisação parcial do governo dos Estados Unidos. Além disso, o acesso a empréstimos deve atrasar, o que complica ainda mais a situação de produtores americanos que estão passando por um período de baixa nos preços das safras, dívidas recordes e a guerra comercial.
A paralisação começou à meia-noite de quarta-feira (1º) depois que parlamentares republicanos e democratas não chegaram a um acordo sobre um plano para financiar as operações do governo federal. Ela durará até que um dos partidos obtenha votos suficientes para seu plano de financiamento.
Na quarta, o escopo do possível impacto da paralisação para os agricultores dos EUA estava começando a surgir. Até mesmo pequenas interrupções nos pagamentos poderiam aprofundar a turbulência econômica dos agricultores.
“Custa dinheiro operar essas colheitadeiras”, disse Chad Hart, economista agrícola da Universidade Estadual de Iowa.
Durante paralisações do governo, um número significativo de funcionários federais é dispensado temporariamente e muitas operações são momentaneamente interrompidas. O Departamento de Agricultura dos EUA deixou em licença cerca de metade de sua equipe de 85.907 pessoas, de acordo com os planos de paralisação da agência publicados em seu site.
Os planos mostram que o USDA continuará algumas operações consideradas essenciais, como a administração de programas de nutrição e inspeções de alimentos.
Mas grande parte de seu trabalho será interrompido, como o processamento de empréstimos agrícolas e a realização de pagamentos aos agricultores, incluindo bilhões de dólares em ajuda para desastres contidos na lei de corte de impostos e gastos do presidente Donald Trump.
O governo Trump e o USDA culpam os democratas pela paralisação. A secretária de Agricultura, Brooke Rollins, publicou nas mídias sociais: “bilhões em ajuda para desastres impedidos de chegar aos agricultores”.
Os democratas dizem que a culpa é dos republicanos porque eles controlam as duas Casas do Congresso e a Casa Branca.
Guerra comercial e preços baixos
Os agricultores têm preocupações econômicas significativas neste outono (no hemisfério norte). A guerra comercial de Trump com a China fez com que o principal comprador de soja do mundo evitasse os embarques dos EUA em favor do concorrente Brasil.
Espera-se que as safras recordes de milho reduzam os preços, e os custos dos insumos agrícolas, como sementes e fertilizantes, estão subindo.
O momento dessa paralisação é particularmente perturbador porque os agricultores geralmente dependem dos empréstimos do USDA para pagar por maquinário, fertilizantes e outras despesas durante a época da colheita, disse o economista Hart.
Os agricultores que estão planejando a temporada de cultivo do próximo ano também podem enfrentar obstáculos, disse Zach Ducheneaux, administrador da Agência de Serviços Agrícolas (FSA) do USDA durante o governo Biden.
“Se você estiver tentando comprar terras com um empréstimo da FSA, essa oportunidade pode desaparecer”, disse Ducheneaux.