O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu neste domingo (19) que seu país comprará carne bovina da Argentina como uma tentativa de conter a inflação e reduzir os altos preços nos Estados Unidos.
“Poderíamos comprar um pouco de carne da Argentina. Se fizéssemos isso, os preços cairiam”, afirmou Trump a jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One a caminho de Washington. Ele acrescentou que, se o fizesse, ajudaria a Argentina, um país que considera um “grande aliado”.
Trump antecipou na sexta-feira que seu governo estava trabalhando em um acordo para reduzir os preços da carne bovina, que subiram em seu país a níveis recordes devido à redução de rebanhos pelas secas no oeste.
Essas declarações foram dadas depois que Trump recebeu na terça-feira, na Casa Branca, o presidente argentino, Javier Milei, para abordar o auxílio financeiro que os Estados Unidos deram à Argentina com uma linha de crédito de US$ 20 bilhões para fortalecer o peso.
Na reunião, Trump expressou total apoio a Milei, mas condicionou o futuro do auxílio financeiro a que o político e seu partido A Liberdade Avança continuem governando.
“(A Argentina) não tem dinheiro, não têm nada, estão lutando muito para sobreviver, se eu puder ajudá-los a sobreviver em um mundo livre… O presidente da Argentina está fazendo o melhor que pode, mas eles estão morrendo”, disse Trump neste domingo sobre seu apoio ao país sul-americano.
Argentina e EUA assinam acordo de estabilização cambial no valor de US$ 20 bilhões
O Banco Central da República Argentina (BCRA) anunciou nesta segunda-feira (20) a assinatura de um “acordo de estabilização cambial” no valor de US$ 20 bilhões com os Estados Unidos, que havia sido prometido nas últimas semanas pelo governo de Donald Trump ao de Javier Milei e que tem como objetivo “contribuir para a estabilidade macroeconômica” do país sul-americano.
“O BCRA anuncia a assinatura de um acordo de estabilização cambial com o Departamento do Tesouro dos EUA, no valor de até US$ 20 bilhões”, informou o órgão em comunicado.
O texto detalha que o objetivo do acordo é “contribuir para a estabilidade macroeconômica da Argentina, com ênfase especial na preservação da estabilidade de preços e na promoção de um crescimento econômico sustentável”.
De acordo com o comunicado, o acordo “estabelece os termos e condições para a realização de operações bilaterais de swap cambial entre ambas as partes”, o que permitirá ao BCRA “ampliar o conjunto de instrumentos de política monetária e cambial disponíveis, incluindo o fortalecimento da liquidez de suas reservas internacionais”.
“O acordo faz parte de uma estratégia integral que reforça a política monetária da Argentina e fortalece a capacidade do banco central de responder a condições que possam derivar em episódios de volatilidade nos mercados cambial e de capitais”, acrescenta o texto.
O anúncio da linha de swap cambial de US$ 20 bilhões vem após semanas de negociações, depois que o governo dos EUA prometeu um importante auxílio econômico à Argentina e a menos de uma semana de eleições legislativas cruciais para o governo de Milei.
Devido às inconsistências do esquema cambial e às dificuldades para acumular reservas monetárias, a Argentina enfrenta crescentes pressões cambiais desde meados deste ano, enquanto aumentam as dúvidas dos investidores sobre de que forma o país fará para pagar as elevadas parcelas da dívida no próximo ano.
Como parte de sua estratégia para desacelerar a alta inflação, Milei sustentou o valor do peso argentino, à custa de perder nos últimos meses bilhões de dólares do Tesouro e do banco central, cujas reservas são escassas.
Foi nesse contexto que ele obteve no último mês o apoio explícito de Trump e a promessa do Tesouro americano de um crédito por meio de seu Fundo de Estabilização Cambial (ESF) e de um swap cambial de US$ 20 bilhões.
No entanto, Trump condicionou na última semana sua “generosidade” a uma vitória do partido de Milei, A Liberdade Avança, nas eleições de 26 de outubro, cujo resultado será fundamental para saber se o governo terá ou não mais cadeiras no Parlamento para levar adiante reformas estruturais.