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terça-feira, outubro 21, 2025

Relatórios da PF detalham como empresas envolvidas na Operação Colossus operavam na Binance

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A Polícia Federal traçou em detalhes, por meio de relatórios divulgados pelo jornal Estadão, como o dinheiro sujo das operações Colossus, Hydra e Quasar tiveram passagem pela Binance. As investigações revelam como doleiros digitais e empresários ligados ao crime organizado, incluindo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o grupo Hezbollah, usaram a corretora para ocultar e movimentar recursos obtidos de atividades ilegais.

A Operação Colossus, deflagrada em setembro de 2022, marcou um divisor de águas na PF: pela primeira vez, a polícia reconhecia que as exchanges de criptomoedas haviam substituído os tradicionais doleiros como principal meio de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A investigação partiu da suspeita de financiamento do Hezbollah e chegou a um esquema bilionário que movimentou mais de R$ 60 bilhões entre 2017 e 2022.

Entre as empresas envolvidas, a OWS Brasil Intermediações teve papel central, com mais de R$ 6 bilhões movimentados em operações de câmbio. Segundo a PF, a OWS enviava valores para três grandes destinatários internacionais: Prime Trust, One World Services e DV Chain.

A Prime Trust, uma empresa norte-americana, mantinha relações comerciais com exchanges como Binance e Bittrex, o que levou os investigadores a concluir que os recursos eram destinados à compra de criptomoedas nessas plataformas. Foi a primeira vez que o nome da Binance apareceu oficialmente nas apurações da PF, segundo o Estadão.

Leia também: Empresário pega 17 anos de prisão por esquema milionário de criptomoedas com PCC

Na mesma época, os EUA multaram a Binance em US$ 3,4 bilhões, após a Financial Crimes Enforcement Network (FinCEN) e o Office of Foreign Assets Control (OFAC) concluírem que a corretora operava intencionalmente sem registro e sem um programa eficaz de combate à lavagem de dinheiro. O relatório americano destacou que a empresa “permitia que agentes ilícitos realizassem transações livremente na plataforma”, incluindo grupos terroristas como Al-Qaeda, ISIS, Hamas e Jihad Islâmica, acusações semelhantes às levantadas pela PF no Brasil.

Após a punição, a Binance admitiu que havia falhas graves em seus mecanismos de controle e prometeu reformular suas práticas de compliance. A empresa reconheceu que não implementou corretamente as regras de “conheça seu cliente” (KYC) e de monitoramento de transações suspeitas, permitindo que criminosos se aproveitassem de brechas para lavar dinheiro e financiar atividades ilegais.

Desde então, a corretora diz estar fortalecendo seus processos internos e colaborando com autoridades internacionais, embora ainda enfrente investigações em diversos países. Nos EUA, a Binance ainda não voltou a operar normalmente até hoje.

Rastro do Hezbollah e fintechs brasileiras

A Colossus teve desdobramentos em outras operações, como a Hydra e a Quasar, que seguiram o rastro de empresas brasileiras usadas para movimentar criptomoedas vinculadas a carteiras sancionadas por Israel. A fintech 2Go Bank, uma das citadas, foi alvo de relatórios do Coaf e teria operações com carteiras sancionadas por Israel.

De acordo com o Banco Topázio, que colaborou com as investigações, havia uma conexão direta entre recursos enviados ao exterior e ativos digitais mantidos em carteiras associadas à 2Go Bank. Embora os valores identificados fossem relativamente pequenos, o padrão de transações levou a PF a incluir a fintech entre os principais nós do esquema.

O Banco Topázio informou que o Ministério da Defesa de Israel emitiu um comunicado sobre a existência de “carteiras digitais mantidas na exchange Binance que seriam operacionalizadas para movimentação de criptomoedas com fins de perpetração do crime de terrorismo, conforme os critérios da lei israelense”, diz o jornal citando a apuração da PF.

O Topázio usou sua ferramenta de monitoramento de transações em criptoativos, identificando transações entre “wallets de exchanges que são clientes do banco e as carteiras digitais (wallets) do comunicado”.

O 2Go Bank negou irregularidades, mas voltou a aparecer nas operações Tai Pan e Carbono Oculto, que miraram doleiros chineses e operadores de câmbio usados por facções brasileiras. Juntas, essas investigações identificaram movimentações que superaram R$ 119 bilhões em criptomoedas e ouro destinados a Dubai, valores comparáveis aos de grandes bancos.

Em agosto de 2024, a Justiça Federal determinou o sequestro de R$ 6,7 bilhões em bens ligados à Colossus. No mês seguinte, a PF deflagrou a quarta fase da operação, batizada de Sibila, que prendeu novos suspeitos e identificou um foragido morando em Dubai. Em comum, todos os casos mostram como o crime organizado brasileiro passou a usar exchanges globais como canais de lavagem sofisticados, tirando proveito da falta de integração regulatória entre países.

O caso de Dante Felipini, empresário condenado a 17 anos por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, é emblemático. Ele foi um dos articuladores do esquema desvendado pela PF e mantinha conexões tanto com doleiros locais quanto com intermediários internacionais ligados ao Hezbollah, um retrato da intersecção entre o tráfico de drogas, o financiamento do terrorismo e o mercado cripto.

Enquanto os EUA puniram a Binance, no Brasil ainda não houve sanções às empresas citadas nas investigações. Mas os relatórios indicam que o próximo passo da PF é mirar não apenas os operadores de câmbio e fintechs, mas também as brechas estruturais que permitiram ao crime organizado se infiltrar no sistema financeiro digital.

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