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quarta-feira, outubro 8, 2025

Ouro rompe os US$ 4.000 pela 1ª vez na história, com temores sobre economia dos EUA

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Os preços do ouro à vista ultrapassaram US$ 4.000 por onça pela primeira vez, à medida que as preocupações com a economia dos Estados Unidos e o risco de paralisação do governo (shutdown) deram novo fôlego a uma forte disparada.

O metal subiu até 0,4%, atingindo US$ 4.001,11 por onça nesta quarta-feira. É um marco histórico para um ativo que era negociado abaixo de US$ 2.000 há apenas dois anos, e que agora acumula retornos muito superiores aos das ações neste século.

O ouro já avançou mais de 50% neste ano, em meio a incertezas sobre o comércio global, a independência do Federal Reserve e a estabilidade fiscal dos EUA. Ao mesmo tempo, tensões geopolíticas aumentaram a demanda por ativos de proteção, enquanto bancos centrais mantêm o ritmo elevado de compras.

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A disparada de preços ganhou força extra com investidores buscando proteção contra choques de mercado após o impasse no orçamento em Washington. O início do ciclo de cortes de juros pelo Fed também favoreceu o ouro, que não rende juros. Investidores responderam despejando recursos em fundos negociados em bolsa (ETFs) lastreados em ouro — que tiveram o maior fluxo mensal em mais de três anos, em setembro.

“O ouro romper os US$ 4.000 não é apenas um movimento de medo — é de realocação”, disse Charu Chanana, estrategista da Saxo Capital Markets. “Com os dados econômicos em pausa e cortes de juros à vista, os rendimentos reais estão caindo, enquanto as ações ligadas à IA parecem esticadas. Os bancos centrais construíram a base dessa alta, mas agora o varejo e os ETFs estão impulsionando a próxima etapa.”

Historicamente, saltos no preço do ouro acompanham estresses econômicos e políticos. O metal ultrapassou US$ 1.000 após a crise financeira, US$ 2.000 durante a pandemia de Covid e US$ 3.000 quando o governo Trump anunciou planos de tarifas globais.

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Agora, o ouro superou US$ 4.000 em meio ao ataque do presidente Donald Trump ao Fed — com ameaças ao presidente do banco central, Jerome Powell, e tentativas de afastar a diretora Lisa Cook — no teste mais claro à autonomia da instituição até o momento.

Um Fed mais flexível, disposto a cortar juros e aceitar inflação mais alta, poderia criar um cenário “ideal” para o ouro, que tradicionalmente se beneficia de juros baixos e da perda de atratividade de títulos e caixa.

Analistas do Macquarie Bank escreveram em 30 de setembro que “esperamos que o ouro atinja um pico cíclico quando houver maior preocupação do mercado sobre a independência do Fed”. E acrescentaram: “Se um Fed comprometido cometer erros claros de política, o desempenho do ouro poderá ser ainda mais forte.”

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A valorização atual coloca o ouro no caminho de seu melhor desempenho anual desde a década de 1970 — período marcado por inflação acelerada e pelo fim do padrão-ouro, quando o metal multiplicou seu valor por 15. Na época, o então presidente Richard Nixon pressionou o Fed a reduzir juros; o banco central, sob Arthur Burns, fez apenas “esforços limitados” para preservar sua independência e acabou alimentando uma inflação volátil por “razões políticas”.

“Os investidores estão comprando ouro — e deveriam comprar ouro — por suas qualidades de diversificação”, disse Stephen Miller, assessor de estratégia da GSFM. “Esse sentimento ainda está em estágio inicial, e o ouro ganhará cada vez mais espaço como parte do investimento prudente”, afirmou, prevendo preços em torno de US$ 4.500 até meados do próximo ano.

Os bancos centrais têm sido um dos principais motores da disparada, passando de vendedores líquidos para compradores líquidos após a crise financeira global. O ritmo de compras dobrou depois que EUA e aliados congelaram as reservas cambiais da Rússia em 2022, o que levou diversos países a buscar diversificação. A inflação e o temor de que o governo americano trate credores estrangeiros de forma desfavorável também reforçaram o apelo do ouro.

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Segundo Lina Thomas, estrategista de commodities do Goldman Sachs, o aumento das compras oficiais representa “uma mudança estrutural no comportamento de gestão de reservas”, e não deve se reverter tão cedo. “Nosso cenário base assume que o atual ritmo de acumulação oficial continuará por mais três anos”, afirmou em nota de setembro.

© 2025 Bloomberg L.P.

[Fonte Original]

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