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quarta-feira, outubro 29, 2025

Doenças cardiovasculares lideram mortes no Brasil

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As doenças cardiovasculares retomaram a liderança como principal causa de morte no Brasil, após perderem brevemente a posição em 2021 para a covid-19. De acordo com os dados mais recentes do relatório “Carga global de doenças e fatores de risco cardiovasculares“, publicado em dezembro de 2023 no Journal of the American College of Cardiology, aproximadamente 400 mil brasileiros perderam a vida em 2022 devido a um conjunto de 18 doenças cardiovasculares — número quase equivalente ao total de mortos no pior ano da pandemia.

O documento, que faz parte do estudo Global Burden of Diseases (GBD) e conta com a participação de mais de 10 mil pesquisadores em todo o mundo, registra desde 1990 a evolução de 371 causas de morte e 88 fatores de risco relacionados. No Brasil, o crescimento foi significativo: as mortes por doenças cardiovasculares aumentaram 48,4% em relação a 1990, quando eram registradas 275 mil mortes anuais.

“Os números são realmente alarmantes e refletem uma realidade que vejo diariamente no centro cirúrgico”, afirma o Dr. Claudio Gelape, cirurgião cardiovascular com mais de 30 anos de experiência na área. “Dois problemas são responsáveis pela grande maioria dos óbitos: o infarto do miocárdio e as diferentes formas de acidente vascular cerebral (AVC), que juntos representam 76% das mortes por doenças cardiovasculares no país”.

Segundo o especialista, embora os números absolutos sejam crescentes devido ao envelhecimento e crescimento populacional, o Brasil tem apresentado melhorias significativas quando as taxas ajustadas por idade são analisadas. “Houve uma redução de 55,6% na mortalidade cardiovascular por 100 mil habitantes entre 1990 e 2022, passando de 356 para 158 mortes por 100 mil pessoas. Isso mostra que, quando há acesso adequado ao tratamento, conseguimos salvar vidas”, explica Dr. Gelape.

Fatores de risco e necessidade de intervenção cirúrgicaO relatório destaca que distúrbios metabólicos como diabetes não controlado e níveis elevados de colesterol, frequentes na população brasileira, favorecem a ocorrência do infarto, ainda hoje a principal causa de morte cardiovascular em todos os estados brasileiros. A hipertensão arterial permanece como o principal fator de risco tanto para infarto quanto para AVC.

“A cirurgia cardiovascular desempenha papel fundamental, especialmente nos casos mais complexos, como revascularização do miocárdio, correção de valvopatias e cirurgias de aorta”, destaca o Dr. Claudio Gelape. “Com o avanço das técnicas, conseguimos oferecer procedimentos menos invasivos e com recuperação mais rápida, mas a chave está sempre no diagnóstico precoce e no controle rigoroso dos fatores de risco”, complementa.

Nos anos 2000, a mortalidade por doenças cardiovasculares era mais elevada nos municípios maiores e mais ricos, que concentravam as políticas de enfrentamento dos fatores de risco. Atualmente, observa-se uma migração proporcional dos casos para o Norte e o Nordeste e para cidades mais afastadas, onde o acesso a serviços especializados é menor.

Prevenção e perspectivas futurasDe acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, cerca de 14 milhões de pessoas no país têm alguma doença cardiovascular, e pelo menos 80% das mortes poderiam ser evitadas com medidas preventivas adequadas. A prática regular de atividades físicas, redução do estresse, controle do colesterol e alimentação saudável são fundamentais para a prevenção.

“O grande desafio é ampliar o acesso à atenção primária à saúde e conscientizar a população sobre a importância do estilo de vida saudável”, analisa Dr. Gelape. “Para aqueles que já desenvolveram a doença, é essencial que tenham acesso a centros especializados em cirurgia cardiovascular, pois muitas vezes a intervenção cirúrgica é a única opção para garantir qualidade de vida e sobrevivência”, ressalta.

O especialista reforça que, em casos de sintomas como dor no peito, falta de ar, inchaço, tontura ou palpitações, é fundamental buscar avaliação médica especializada imediatamente, pois “tempo é vida” quando se trata de doenças cardiovasculares.

[Fonte Original]

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