Os medicamentos modernos para emagrecimento podem reduzir de forma significativa a incidência de câncer, segundo estudo publicado na revista científica JAMA Network Open. Os pesquisadores utilizaram projeções populacionais até 2050 e analisaram os efeitos de uma redução média de 10% no peso corporal entre pessoas com sobrepeso (IMC entre 27 e 30) e obesidade (IMC acima de 30).
— O estudo mostra que uma redução média de 10% do peso corporal em pessoas com sobrepeso ou obesidade poderia evitar cerca de 18% dos casos de câncer em mulheres e 14% em homens. É uma estimativa impressionante, que reforça como a obesidade tem se tornado um dos principais fatores de risco oncológicos — afirma o oncologista Daniel Musse, da Rede D’Or e do Hospital Federal dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro.
Os resultados apontam que, entre as mulheres, os cânceres de mama, cólon e endométrio seriam os mais impactados pela redução de peso. Nos homens, o maior efeito seria observado em tumores de rim e fígado. Somados, os cenários projetam que mais de 1,2 milhão de casos de câncer poderiam ser prevenidos até 2050 apenas nos Estados Unidos.
— Essas drogas não foram desenvolvidas para prevenir câncer, e sim para emagrecer e controlar a glicose. Mas como promovem uma perda de peso consistente, acima de 10% do peso corporal, em muitos estudos clínicos acabam trazendo também essa consequência benéfica na prevenção oncológica — explica Musse.
O estudo também mostrou que, sem intervenção, a incidência de cânceres associados à obesidade deve crescer quase 30% até 2050. Hoje, a obesidade já é reconhecida como fator de risco para ao menos 13 tipos de tumor, incluindo fígado, pâncreas, esôfago e tireoide.