O noticiário internacional repercute a chegada de líderes de todo o mundo para a Cúpula dos Chefes de Estado em Belém, no Pará, nesta quinta-feira (06), para o início das atividades da COP30. Jornais estrangeiros destacam a falta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que não virá ao evento, e as discussões sobre financiamento climático esperadas para as próximas semanas.
“A era dos belos discursos e das boas intenções acabou. A COP30 no Brasil será sobre ação”, declarou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um artigo publicado hoje no jornal britânico The Guardian.
“Se não conseguirmos ir além dos discursos e partir para a ação concreta, nossas sociedades perderão a fé – não apenas nas COPs, mas no multilateralismo e na política internacional de forma mais ampla”, escreve o presidente brasileiro.
Lula pede para que os líderes mundiais façam desta COP uma “cúpula da verdade” e demonstrem “a seriedade do nosso compromisso compartilhado com o planeta.”
“A humanidade já demonstrou sua capacidade de superar grandes desafios quando age em conjunto e é guiada pela ciência. Protegemos a camada de ozônio. A resposta global à pandemia de Covid-19 provou que o mundo pode agir com decisão quando há coragem e vontade política.”
O The New York Times escreveu um guia para que seu público entenda o que é e quais são as expectativas para a COP30.
Além disso, o jornal americano destaca que o encontro mundial acontece em “mais um ano de calor recorde e eventos climáticos extremos em todo o mundo. Ao mesmo tempo, a demanda por energia está aumentando e algumas das maiores economias do mundo estão mudando rapidamente suas políticas climáticas”.
Ainda é feita uma comparação entre a postura do presidente Trump, que retirou os EUA do Acordo de Paris, e vem promovendo o uso de combustíveis fósseis, enquanto a China, por sua vez, está ampliando sua liderança em energia renovável.
O Financial Times publicou um artigo escrito pelo secretário de Energia e Clima do Reino Unido no qual argumenta que a COP é “um dos melhores exemplos de multilateralismo bem-sucedido que o mundo já conheceu.”
“Em três décadas de COPs, passamos de um mundo onde emissões zero eram inconcebíveis para um onde 80% do PIB global é abrangido por metas de emissões líquidas zero”
O artigo reconhece as dificuldades de uma negociação envolvendo 197 países, mas defende que a COP funciona como mecanismo de pressão global. “Se abandonássemos a cooperação global, estaríamos nos resignando à crise climática e a toda a instabilidade e insegurança que a acompanham. Mas os argumentos para a ação vão muito além de evitar um desastre – trata-se de proporcionar vidas melhores hoje”.
O Washington Post fala sobre como é simbólico realizar a COP30 em Belém, no Pará, já que “pela janela do avião” será possível ver os impactos do desmatamento na floresta Amazônica.
“É aqui, à beira da maior floresta tropical do mundo, que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva espera convencer as potências mundiais a mobilizar fundos suficientes para deter a destruição contínua das florestas tropicais, essenciais para a estabilização do clima, que estão ameaçadas em todo o mundo, e avançar em outras metas climáticas cruciais.”
Ainda assim, o jornal destaca que líderes da China, EUA e Índia não comparecerão à COP30, o que pode dificultar o avanço das conversas, já que esses são os três maiores poluidores do planeta. A Ausência de Trump, em especial, é vista como uma ameaça ainda maior para o retrocesso de políticas climáticas, que pode levar a mais desregulamentação e retrocesso na pauta.
Reportagem em atualização.