Uma nova e cruel modalidade de fraude está se espalhando pelo Brasil, mirando um público específico e muitas vezes vulnerável: os aposentados do INSS. O nome é quase poético, “Golpe do Amor”, mas suas consequências são financeiramente devastadoras.
O alvo é claro. São aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social, pessoas que, em muitos casos, dependem daquele dinheiro para sobreviver.
Mas como essa armadilha funciona na prática?
Criminosos exploram a solidão e a boa-fé de idosos para limpar suas contas bancárias, usando uma tática perversa que mistura falsas promessas românticas.
O golpe sempre começa de forma sutil. O criminoso, geralmente se passando por alguém mais jovem e extremamente atencioso, aborda a vítima. Isso pode acontecer nas redes sociais Instagram, TikTok, Whatsapp, em aplicativos de relacionamento ou até mesmo em locais físicos, como bailes ou praças.
A conversa evolui rápido. O golpista demonstra um interesse romântico intenso, cobre a vítima de elogios, envia mensagens carinhosas e faz promessas de um futuro a dois.
É um teatro muito bem ensaiado. O objetivo é criar um laço de confiança profundo e, principalmente, uma dependência emocional. Quando o golpista sente que a vítima está envolvida, o golpe entra em sua segunda fase. A financeira.
De repente, surge uma “emergência”.
]Pode ser um problema de saúde grave, uma dívida inesperada ou até a oportunidade de comprarem uma casa juntos. O criminoso, então, pede ajuda. O que ele realmente quer, no entanto, são os dados sensíveis da vítima. Com o número do benefício do INSS e a senha do portal Meu INSS em mãos, o estrago é feito em minutos.
A estratégia mais comum é a contratação de empréstimos consignados. O criminoso solicita o valor máximo permitido, que cai diretamente na conta do aposentado. Iludida e confiando no parceiro, a vítima saca o dinheiro ou faz a transferência imediata para a conta indicada pelo golpista.
Assim que o dinheiro é enviado, o “amor” desaparece. O golpista bloqueia a vítima e some sem deixar rastros.
O aposentado fica com o prejuízo. Fica com uma dívida que será descontada mensalmente, direto da sua aposentadoria, por anos a fio. Muitas vezes, a vítima sequer entende o que aconteceu até notar o desconto no benefício seguinte. O impacto emocional é brutal, misturando a vergonha com a sensação dolorosa da traição.
Mas qual o impacto real para os aposentados? Para quem depende exclusivamente do benefício do INSS, perder uma quantia significativa pode representar um golpe devastador na sua economia cotidiana. Muitos acabam calados, com medo de constrangimentos ou por não saberem onde buscar ajuda especializada.
Então, como se proteger de algo tão covarde?
A regra de ouro é a desconfiança. As autoridades têm alertado que a prevenção é o melhor caminho. Manter a atenção em conversas virtuais e desconfiar quando pedidos de dinheiro aparecerem, mesmo que o interlocutor demonstre muita simpatia, é fundamental.
Também é recomendável que familiares e cuidadores acompanhem de perto as interações dos idosos para evitar que caiam nessa armadilha. Nunca, em hipótese alguma, compartilhe senhas de banco, números de benefício ou códigos de acesso com terceiros, por mais simpática ou convincente que a pessoa pareça ser. O amor verdadeiro, afinal, não pede sua senha do INSS.