“A obra de Roberto Schwarz foi decisiva em minha formação intelectual, inspirando-me a pensar o conceito de ‘modo de representação capitalista’ em Marx. No seu marxismo essencialmente dialético, são as formas da sociabilidade, e não tanto seus conteúdos ou contextos, que fornecem a chave para decifrar a relação complexa e contraditória entre as representações práticas e as representações mentais, sejam elas literárias, científicas ou políticas. A obra de Roberto Schwarz constitui para mim e, tenho certeza, para todos que a leem com olhos abertos um paradigma de método e uma revelação de novos horizontes.” Jorge Grespan, historiador
“Eu era assistente de pesquisa da professora Alba Zaluar no projeto Crime e Criminalidade nas Classes Populares. Ao término do trabalho, era preciso apresentar um relatório, mas eu não tinha conhecimento para elaborar um texto antropológico, já que era estudante de letras. Então propus à minha orientadora escrever um romance. A princípio, ela não aprovou a ideia, mas pediu que eu escrevesse um texto para apresentar a Roberto Schwarz para que ele avaliasse. Fiz um poema que ele aprovou e encaminhou para ser publicado na revista Novos Estudos do Cebrap. Roberto disse para minha orientadora que quem tinha habilidade para produzir um poema daquele nível tinha condições de escrever qualquer coisa. Assim que ele terminou de ler as primeiras duzentas páginas do romance Cidade de Deus, me convidou para ir à casa dele conversar sobre o projeto. Eu contei como pretendia conduzir a narrativa. Ele ficou um tempo calado, segurou as minhas duas mãos e disse: você é um escritor pronto, põe sentimento na sua prosa. Roberto me indicou para a bolsa Vitae de Artes, apresentou o romance à editora Companhia das Letras e escreveu um artigo que foi essencial para o reconhecimento do livro no Brasil e no exterior.” Paulo Lins, romancista
“Ao articular literatura, política, história e crítica marxista, Roberto Schwarz mostrou como formas estéticas refletem, e até mesmo produzem, as contradições sociais mais básicas do país, sobretudo no contexto da passagem da monarquia à república, e da escravidão ao período do pós-emancipação. A partir de sua interpretação da obra de Machado de Assis, o autor introduz uma nova metodologia, que permite pensar as formas estéticas dentro da singularidade da formação cultural brasileira. Nesse sentido, seu conceito de ‘ideias fora do lugar’ se tornou chave para analisar o descompasso entre estruturas sociais e pensamento liberal no Brasil. Tema absolutamente atual na nossa contemporaneidade.” Lilia Schwarcz, antropóloga
“O trabalho de Roberto Schwarz é central na minha formação e minha referência em caráter permanente. O ensaio ‘Cultura e política, 1964-1969’ determinou minha pesquisa de mestrado no início dos anos 1980 e, junto com os demais, em especial ‘Nacional por subtração’ e ‘As ideias fora do lugar’, até hoje continua pautando o meu modo de pensar a experiência brasileira com o teatro. Em suma: sem essa referência, meu trabalho não seria o mesmo.” Iná Camargo Costa, crítica literária
“O Machado de Assis de Roberto Schwarz foi a demonstração de que, vista desde o Brasil ou em qualquer ponto da expansão da modernidade em que surgisse, a invenção da crítica era crítica dos vínculos existentes entre civilização e terror, sujeito e violência. Era invenção local, sem registro prévio, de dialética do esclarecimento, inscrita na forma. Se a psicanálise for ‘autocrítica genética partilhada’, como me parece, em situação contraditória com as formas históricas do poder, alguma espécie de solução machadiana – no sentido de Schwarz – é um horizonte para a graça e a miséria de cada um.” Tales Ab’Sáber, psicanalista
“O mestre revolucionou meu entendimento do mundo. Tantos ensaios, e tamanhos, que não há como nomear um só, sob pena de perjúrio. Lembro, de passagem, que a obra que sempre invejei de babar, Dom Casmurro, sofreu por parte do crítico reinterpretação genial, tornando-a quase que impossivelmente maior e mais admirável. Tudo que toca ele, autor, livro, tema, resplandece sob nova luz. Eis como o rematado asno renasceu, depois de conhecê-lo, irreconhecivelmente inteligente.” Airton Paschoa, poeta
“Roberto Schwarz é expoente da tradição mais fecunda de reflexão crítica sobre o país. Focado sobremodo nas manifestações culturais, faz avançar o legado de grandes pensadores, Sérgio Buarque, Caio Prado, Antonio Candido. Para mim, que sempre andei na contramão do discurso econômico convencional, reproduzido irresponsavelmente pela grande mídia como se natural fosse, tal tradição é decisiva, e a contribuição de Schwarz, insubstituível. Consigo lembrar de cabeça quatro ou cinco trabalhos em que o cito expressamente, mas sua presença é visível em toda parte. Impossível ‘ler’ o Brasil e seu entorno capitalista sem levar em conta seus achados formidáveis. Se quisermos saber que horas são, é preciso ler e reler o mestre.” Leda Paulani, economista