O bitcoin (BTC) desaba nesta sexta-feira (21) e chegou a bater sua mínima desde 11 de abril, recuando aos US$ 80 mil. No radar, a preocupação com o cenário macroeconômico se somou à onda de vendas de criptomoedas por parte de grandes investidores de longo prazo para criar um ambiente de pânico no mercado.
Na véspera, um investidor que começou a comprar bitcoin em 2011 terminou de vender todos os seus criptoativos, despejando US$ 1,3 bilhão no mundo cripto. As vendas de BTCs por baleias (carteiras com grandes quantidades de criptomoeda) ocorrem desde julho, injetando oferta de moeda digital no mercado e preocupando os compradores.
Às 10h36 (horário de Brasília) o bitcoin cai 8,9% em 24 horas, cotado a US$ 83.645, conforme dados do CoinGecko. Em reais, a moeda digital recua 8,1% a R$ 451.009, segundo cotação do Cointrader Monitor.
Entre as altcoins, o ether, moeda digital da rede Ethereum, cai 8,9% a US$ 2.744. Enquanto isso, o XRP, token de pagamentos internacionais da Ripple, despenca 9,6% a US$ 1,92; a solana (SOL) derrete 10,5% a US$ 126,85; e o BNB (token da Binance Smart Chain) recua 8,9% a US$ 821,09.
O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo atualmente é de US$ 2,95 trilhões.
Segundo Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, o fracasso do corte de juros do Federal Reserve em aliviar o mercado de risco e a persistência de um cenário de liquidez global apertada forçaram a capitulação dos investidores comprados. “A expectativa de juros altos nos Estados Unidos por mais tempo (aumentando o custo do capital) penaliza ativos voláteis como o BTC”, destaca.
Ontem, o Relatório de Emprego dos EUA relativo a setembro mostrou uma criação de vagas maior do que a esperada, apesar do surpreendente aumento na taxa de desemprego. Sem a visibilidade dos dados de outubro, que não devem ser divulgados por conta da paralisação do governo americano, que durou mais de 40 dias, a incerteza é muito grande em relação à próxima reunião para definir a taxa de juros nos EUA em dezembro.
Diante disso, o que sobrou foi uma corrida por segurança, com os traders abandonando o risco das criptomoedas. “Uma vez que o suporte psicológico de US$ 90 mil no bitcoin foi quebrado, a corrida para fechar posições acelerou a queda. O mercado está caindo porque os traders estão em pânico e os grandes players estão defendendo o capital”, resume Prado.
André Franco, CEO da Boost Research, diz que a expectativa de curto prazo é moderadamente negativa. “O cenário de fuga do risco e o fortalecimento relativo de moedas mais seguras reduzem o apetite por ativos alternativos como o bitcoin”, avalia.
Nos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista que operam nas bolsas americanas, foi registrado ontem um saldo líquido negativo de US$ 903,2 milhões.
Os principais responsáveis pelo fluxo vendedor foram o IBIT, da BlackRock, com US$ 355,5 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras; o GBTC, da Grayscale, com US$ 199,4 milhões; e o FBTC, da Fidelity, com US$ 190,4 milhões.
Já nos ETFs de ether, o fluxo foi negativo em US$ 261,6 milhões. Os maiores alvos da saída de recursos foram o ETHA, da BlackRock, com US$ 122,6 milhões; e o FETH, da Fidelity, com US$ 90,5 milhões.
Por fim, nos ETFs de solana, o saldo foi positivo em US$ 23,6 milhões.