O dólar à vista exibiu valorização nesta quarta-feira (19), véspera do feriado da Consciência Negra no Brasil e um dia antes da divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos (“payroll”). Se o dia já indicava ser propício para mais cautela por parte dos investidores, a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed) apenas reforçou esse viés.
No exterior, o índice DXY, referência do movimento global do dólar, superou a marca de 100 pontos, com a divisa americana também fortalecida contra moedas de mercados emergentes.
Encerrado o pregão desta quarta-feira, o dólar comercial registrou alta de 0,38%, cotado a R$ 5,3380, depois de ter tocado a mínima de R$ 5,3214 e a máxima de R$ 5,3470. Já o euro comercial recuou 0,18%, a R$ 6,1499. No exterior, a moeda americana seguia mais forte frente a moedas de mercados desenvolvidos, com o índice DXY em alta de 0,67%, aos 100,212 pontos.
Hoje, o câmbio iniciou as negociações levemente depreciado. Ao longo da manhã, o real chegou a listar entre as piores moedas frente ao dólar, ao lado de outras divisas ligadas a preços de commodities. Ao longo do dia, o real chegou a se recuperar, mas após a divulgação da ata da última reunião do Fed, o câmbio voltou a ficar pressionado.
Com o mercado ainda bastante dividido na sua precificação acerca de um corte ou não de juros na reunião de dezembro, os últimos dias foram marcados por uma posição mais defensiva dos investidores, em meio à incerteza em relação aos próximos passos do Federal Reserve (Fed). Isso se consolidou após a ata nesta quarta. Na visão da economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, o mercado está em compasso de cautela e fundamentalmente reagindo ao cenário externo durante esta semana, o que explica o movimento de oscilação do dólar.
“Para as próximas semanas, vai depender do que o mercado vai começar a precificar de corte de juros nos EUA, porque ainda tem uma incerteza em relação a isso. Ainda há dúvidas porque o próprio BC americano tem tido um tom mais duro”, afirma Quartaroli.
Segundo a economista-chefe do Ouribank, se o mercado de trabalho continuar desaquecendo nos EUA, “há grandes chances de o Fed cortar juros, o que deve favorecer o câmbio no Brasil”.
Além da questão da política monetária dos Estados Unidos, vale destacar que nesta quarta-feira os preços do petróleo e de algumas commodities agrícolas apresentaram queda, o que também pode ter servido como pressão ao câmbio de países emergentes.
Em nota sobre o desempenho do câmbio brasileiro em 2025, o Citi aponta que os fatores externos continuam sendo os principais impulsionadores do real. O banco aponta que enquanto o real valorizou 11,4% ao longo de 2025, a média das moedas da América Latina valorizou 9,7%. “De acordo com a elasticidade, o real deveria ter valorizado em torno de 10% – portanto, mais do que a média da América Latina e em linha com o beta [grau de volatilidade] do real”, dizem os economistas Thais Ortega, Leonardo Porto e Paulo Lopes.
Segundo os economistas do banco americano, os riscos globais e locais apontam para uma depreciação moderada em 2026. “A atual tendência de queda nos preços das commodities está prestes a se tornar uma pressão de alta sobre a taxa de câmbio. Além disso, um possível fortalecimento adicional do dólar americano e/ou um aumento na percepção de risco (global ou doméstico) podem se traduzir em impactos adicionais sobre o real. Portanto, prevemos que o câmbio brasileiro fechará 2026 cotado a R$ 5,50 por dólar.”