Lucro da B3 cresce 3,5% no 3° tri, para R$ 1,2 bilhão

A exceção foi a divisão “mercados”, que inclui as receitas de derivativos, renda fixa e crédito, renda variável e empréstimo de ativos. No segmento, que é o mais representativo nos resultados, o faturamento caiu quase 3%, para R$ 1,8 bilhão.

Renda fixa e crédito tiveram mais um trimestre de crescimento, mas o volume médio diário de negociação (ADTV) do mercado de ações caiu 6,5%.

• Confira os resultados e indicadores da B3 e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360

“Foi um trimestre em que ainda vimos uma tendência mais difícil para mercados de renda variável, mas novamente demonstramos que a diversificação tem se mostrado uma estratégia acertada”, disse André Milanez, diretor financeiro e de relações com investidores da B3, ao Valor.

Em derivativos, o volume médio diário negociado caiu pouco mais de 18%, para 9,3 milhões de contratos. No futuro de bitcoin, o volume caiu 47%. Apesar dessa queda, o produto contribuiu com R$ 19,7 milhões no trimestre, destacou a empresa em comentário sobre o desempenho.

Do lado da renda fixa, os ventos são mais favoráveis. Os juros elevados e o desenvolvimento do mercado de dívida local influenciaram no aumento de 12,5% em emissões e de 17,3% no estoque de instrumentos de renda fixa, em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo R$ 8,4 trilhões em custódia. “Empresas que antes não acessavam o mercado local, por falta de profundidade, hoje emitem altos volumes, com prazos esticados e custo competitivo. Esse mercado tem atraído não só mais companhias, como também mais investidores”, afirma Milanez.

O volume de novas emissões de instrumentos de captação bancária cresceu 11,1% e o estoque médio de instrumentos de captação bancária avançou 15,2%. Já o Tesouro Direto teve aumento de 18,4% no número de investidores e de 30,2% no estoque médio.

Em derivativos, o volume médio diário negociado (ADV) somou 9,3 milhões de contratos, queda de 18,3% em relação ao mesmo período do ano passado, parcialmente compensada pelo aumento de 10,9% na receita por contrato (RPC) média.

No período de julho a setembro, as despesas da B3 somaram R$ 841 milhões, alta de 1,2% em relação as mesmos meses de 2024 e abaixo da inflação do período. “A disciplina de despesas continua no foco, o que ajudou no resultado”, disse o diretor. Como a companhia continua investindo em novos produtos, há “uma adição de camadas de custo em cima do que já está instalado”. Isso tem sido um desafio, mas no terceiro trimestre especificamente houve uma desaceleração da taxa de crescimento das despesas, porque os gastos deste ano estão melhor divididos ao longo dos meses, explicou.

Na agenda de produtos, a B3 lançou o Índice Tesouro Selic e o Índice Futuro de Ouro no trimestre, além de um programa de Formador de Mercado de Títulos Públicos Federais para o mercado secundário de renda fixa.

Do lado das aquisições, a empresa anunciou a compra de 62% do capital social da Shipay, integradora de pagamentos digitais, e de 60% do capital social da Central de Registro de Direitos Creditórios (CRDC), especializada em serviços de tecnologia para agentes do setor de concessão de crédito e que atua também em infraestrutura de mercado.

As duplicatas escriturais estão entre as prioridades estratégicas da companhia, segundo Milanez. “O player que vai ter mais condições de liderar será quem conseguir se diferenciar pela sua oferta de valor e serviços”, disse. “Continuamos nessa estratégia e podemos buscar complementos na nossa oferta, seja através de outras aquisições ou com o desenvolvimento interno.”