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quarta-feira, novembro 26, 2025

Pela 1ª vez, rendimentos de títulos de longo prazo da China perdem para os do Japão

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Os rendimentos dos títulos de longo prazo na China caíram recentemente abaixo dos do Japão pela primeira vez, pressionados a mínimas históricas pela persistente pressão deflacionária e pelas expectativas de uma política monetária frouxa.

O rendimento dos títulos do governo japonês de 10 anos chegou a ultrapassar 1,84% no final da semana passada, segundo o London Stock Exchange Group, superando o rendimento dos títulos chineses de 10 anos, que se mantiveram na faixa de 1,83%. Essa inversão — que seguiu tendências semelhantes em títulos de longo prazo de 20 e 30 anos — foi a primeira registrada em dados que remontam a setembro de 2000.

A mudança ressalta como as duas maiores economias da Ásia estão seguindo rumos diferentes.

O crescimento do índice de preços ao consumidor (IPC) do Japão se mantém estável em torno de 3%, superior ao da Europa. A China, por sua vez, enfrenta a deflação que assolou o Japão por anos, com o crescimento do IPC próximo de zero. O índice da China caiu em relação ao ano anterior em seis dos dez meses até outubro deste ano.

Os títulos tendem a ser vendidos quando a inflação está alta, enquanto a deflação estimula a compra. Os rendimentos de longo prazo são moldados pelo crescimento econômico, pelos níveis de inflação e pela saúde fiscal de um país.

A China ainda luta para se recuperar do estouro da bolha imobiliária e dos efeitos da política de tolerância zero com a covid-19, criada por Pequim.

Em julho, os novos empréstimos bancários caíram abaixo dos pagamentos dos tomadores pela primeira vez em 20 anos. Isso se assemelha a uma “recessão de balanço patrimonial”, na qual empresas e consumidores priorizam o pagamento de dívidas em detrimento do investimento e do consumo. O Japão enfrentou uma recessão semelhante no final da década de 1990 e início dos anos 2000, e levou tempo para que a economia do país se ajustasse.

PBoC, o banco central da China — Foto: Nelson Ching/Bloomberg

O Banco do Povo da China (PBoC, o banco central) baixou os juros ainda mais em maio, reduzindo a taxa de recompra reversa de sete dias de 1,5% para 1,4%. A expectativa de que a política monetária permaneça acomodatícia pressionou para baixo os rendimentos dos títulos de longo prazo, que oscilaram entre 1,5% e 1,9% neste ano. A Capital Economics, sediada no Reino Unido, prevê um novo corte de 0,3 ponto percentual nas taxas de juros até o fim de 2026.

Os rendimentos dos títulos de longo prazo estavam em torno de 2,8% em setembro de 2000. Ultrapassaram os 5% em julho de 2007, ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) real da China cresceu 14% na preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim.

O PIB nominal da China superou o do Japão em 2010, tornando o país a segunda maior economia do mundo. Esse foi o último ano em que o crescimento do PIB real da China ultrapassou os 10%. As metas de crescimento foram gradualmente reduzidas, de cerca de 7,5% entre 2012 e 2014 para os atuais 5%. O Fundo Monetário Internacional prevê um crescimento de 4,8% este ano e de 4,2% em 2026.

Para quem busca prever as tendências futuras das taxas de juros, os pontos-chave no Japão serão a política fiscal da primeira-ministra Sanae Takaichi e a política monetária do Banco do Japão. Para a China, a maior questão é se o país conseguirá evitar uma espiral deflacionária estimulando a demanda interna.

O Partido Comunista Chinês elaborou uma minuta de um novo plano econômico quinquenal durante o quarto plenário do Comitê Central, concluído no fim de outubro. O plano, com início previsto para 2026, prevê a expansão do consumo para alcançar um crescimento impulsionado pela demanda interna.

“Mas não há grandes ideias para resolver o problema”, afirmou Naoki Tsukioka, economista-chefe da Mizuho Research & Technologies.

O índice de preços ao produtor (IPP) da China caiu 2,1% em outubro, registrando queda pelo 37º mês consecutivo. Com a redução do consumo, a competição de preços entre as empresas está se intensificando. Muitos consumidores esperam que os produtos entrem em promoção antes de comprá-los. Se essa tendência continuar, uma espiral deflacionária se aproxima.

Outros países também podem sofrer consequências se a China não conseguir sustentar o crescimento da demanda interna, já que os produtos não vendidos são exportados a preços baixos. A preocupação com o impacto nas indústrias nacionais está crescendo não apenas nos Estados Unidos e na Europa, mas também em economias emergentes.

[Fonte Original]

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