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sábado, novembro 22, 2025

70,7ºC e o Que Disse na COP30 o País com Recorde de Temperatura na Terra

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Alireza Firouzi_Getty

Deserto de Lut, no Irã, onde a NASA registrou a temperatura mais quente do planeta

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Seca, enchentes, ondas de calor, incêndios florestais e tempestades de areia e poeira. Enquanto a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima em Belém se encerrava nesta sexta-feira (22), o Irã é um caso a parte e enfrenta uma série de problemas ambientais agravados pela mudança do clima.

Na COP3O, a vizinha Turquia foi escolhida para sediar a próxima conferência da ONU sobre mudança do clima (COP31), enquanto os problemas ambientais do Irã seguem em expansão, e a resposta do país à mudança do clima permanece em suspenso. A vice-presidente do Irã, Shina Ansari, se reuniu com a delegação turca ainda em Belém.

Em várias províncias iranianas, a escassez severa de água levou a cortes periódicos e ao racionamento, com reservatórios que abastecem grandes cidades, como Teerã e Mashhad, quase vazios. Anos consecutivos de seca e níveis de precipitação em mínima histórica levaram as autoridades a recorrer ao semeamento de nuvens para tentar aumentar a chuva.

Mas estudos indicam que, quando se extrai água demais do subsolo, o solo colapsa e se torna mais compacto. Isso faz com que ele deixe de absorver a chuva, que passa a escoar em vez de reabastecer os aquíferos, o que eleva o risco de enchentes, situação registrada em diversas províncias ocidentais nos últimos dias.

Na província de Mazandaran, no norte, incêndios florestais queimam há mais de duas semanas nas florestas de Hircan, uma faixa verde entre o mar Cáspio e as montanhas de Alborz, impulsionados por calor, ventos e vegetação seca.

Ao longo do verão, nas partes meridionais do país, em Khuzestão, Sistão e Baluchistão e Bushehr, as temperaturas ultrapassaram 50 graus Celsius, o que transformou essas áreas em alguns dos lugares mais quentes do planeta.

O recalque do solo, isto é, o afundamento da terra, virou um problema sério em locais como Teerã, Isfahan e Shiraz. Essas áreas estão entre as que afundam mais rápido no mundo e já registram danos em estradas, edifícios e escolas.

No Deserto de Lut, em persa Dasht-e Lut, no leste do Irã, que se estende por cerca de 320 km de noroeste a sudeste e tem cerca de 160 km de largura, foi registrada a temperatura mais alta do planeta, capturada em pela NASA:  70,7º. Nesse região, acredita-se que o calor do verão e a baixa umidade sejam incomparáveis ​​em qualquer lugar do mundo.

Os principais motores dos desafios ambientais do Irã são décadas de má gestão, um setor agrícola ineficiente e um modelo de desenvolvimento insustentável. A mudança do clima agrava esse quadro, e a resposta iraniana terá efeitos que extrapolam suas fronteiras e se espalham pelo Oriente Médio mais amplo.

A delegação iraniana chegou a Belém neste mês, liderada por Shina Ansari, que também é chefe do Departamento de Meio Ambiente. Em seu discurso aos participantes da cúpula da ONU, Ansari reconheceu os riscos que o país enfrenta com a mudança do clima.

Relatórios apontam que o Irã está aquecendo cerca de duas vezes mais rápido que a média global, com previsão de aumento de aproximadamente 2,6 graus Celsius até 2030, tendência que já amplia a intensidade e a severidade de secas e ondas de calor.

Em sua fala na COP30, Ansari afirmou que o Irã está tomando “algumas medidas” para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, incluindo planos de expansão da energia solar e de outras fontes renováveis, numa tentativa de diminuir a dependência de combustíveis fósseis, dos quais o país depende fortemente.

Mas grande parte de suas declarações ficou concentrada nas sanções dos Estados Unidos e da Europa contra o Irã, que, segundo ela, “limitam o acesso à tecnologia moderna” e “ao investimento estrangeiro” de que o país precisa para melhorar seu ambiente.

Entre as razões para o isolamento do Irã em relação ao Ocidente e à comunidade internacional estão seus programas nuclear e de mísseis, além de suas atividades na região.

Ansari também mencionou a guerra de 12 dias com Israel, em junho, dizendo que os ataques às instalações nucleares iranianas causaram danos ambientais e aumentaram de forma significativa as emissões de carbono, especialmente na capital Teerã, alvo dos bombardeios.

No país, a viagem da autoridade ambiental à COP30 foi questionada quanto a custos e despesas, com parlamentares linha-dura acusando Ansari de estourar o orçamento. Em declarações e postagens em redes sociais, porém, a dirigente publicou explicações detalhadas dos gastos, rejeitando as acusações.

Mas o histórico do Irã nas conferências da ONU sobre mudança do clima repete um padrão parecido. No ano passado, na COP29, no Azerbaijão, os delegados voltaram a apontar as sanções e a guerra em Gaza como razões para o fracasso do país em enfrentar a mudança do clima.

Na COP28, realizada em 2023 nos Emirados Árabes Unidos, representantes iranianos se retiraram das negociações da ONU sobre o clima em “protesto” pela presença de autoridades israelenses. Na época, o Ministério de Energia, que liderava a delegação, afirmou que deixou o local porque “a participação de Israel” era “contrária às metas e diretrizes da conferência”.

Alguns anos antes, na COP27, no Egito, e na COP26, no Reino Unido, limitações “tecnológicas e financeiras” impostas pelas sanções também foram citadas como explicação para a falta de ação do Irã em relação à mitigação da mudança do clima.

O caminho adiante

De acordo com o Climate Change Performance Index, que classifica os países pelo compromisso em combater o aquecimento global, o Irã aparece entre as três nações de pior desempenho, depois dos Estados Unidos e logo à frente da Arábia Saudita.

O Irã é considerado um dos dez maiores emissores de carbono e é o único país, além do Iêmen e da Líbia, que assinou, mas não ratificou o Acordo de Paris, marco global que busca manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de um determinado limite.

A última vez em que a República Islâmica se comprometeu a reduzir emissões foi em 2015, e até hoje o país não apresentou um roteiro concreto de como pretende contribuir para o esforço global contra a mudança do clima.



[Fonte Original]

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