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terça-feira, novembro 4, 2025

Como Transformar a Crise de Meia-Idade em um Novo Recomeço

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Getty Images

Colocar-se em primeiro lugar também é um ato de renovação

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É curioso pensar por que decidi falar desse assunto quando chego aos 71 anos, e não antes. Por mais de 40 anos, desde que terminei a faculdade, tive a sorte de viver cercado de gente mais jovem do que eu. Esses jovens, penso, sempre foram para mim o tanque de combustível reserva, injetando vigor quando a ‘gasolina’ parecia acabar. Era como se, até então, eu me sentisse subindo uma montanha infinita, com o horizonte sempre à vista, mas bem distante.

Até que este ano fui ao médico. Foi ali que constatei que meu corpo, ao contrário da minha cabeça, já havia se dado conta de que eu tinha envelhecido. De repente, percebo que talvez tenha alcançado o cume da montanha.

Tenho notado que a resposta à tão falada crise da meia-idade é muito pessoal: ou seja, cada um viverá essa experiência em diferentes idades e sairá dela mais ou menos em paz com os anos que ainda estão por vir.

O que eu tenho feito é redirecionar a minha energia – e olha que eu tenho bastante – mais para as atividades intelectuais e menos para as atividades que exigem do corpo. Isso tem me permitido encontrar novas formas de satisfação. Se quando jovens somos movidos pela ideia de construção de um futuro, a partir dos 50, 60 anos (como vivemos mais, é isso o que hoje é considerado meia-idade) talvez queiramos dar um novo significado à vida, nos envolver em coisas e projetos realmente significativos.

Não foi à toa que decidi escrever um livro com Nizan Guanaes. “Você Aguenta Ser Feliz?” talvez tenha sido uma primeira tentativa de coroar uma vida que, penso, foi muito boa e produtiva.

A meia-idade é, talvez, um excelente momento da vida para reavaliar a própria trajetória e redimensionar objetivos e projetos. Será que eles precisam ser grandiosos? Ou serão as pequenas coisas da vida, como brincar com os netos e passear com os cachorros, que nos trazem tanto entusiasmo quanto investir esforços em algo que, provavelmente, nos demandaria mais tempo e energia?

Focar em si mesmo é outro ponto essencial. É incrível como, para muitas pessoas, a família, a correria do dia a dia, as demandas de trabalho se tornaram empecilhos para o olhar para si mesmo. Que tal colocar você em primeiro lugar? É possível que se surpreenda ao constatar que eventualmente vinha fazendo coisas de que nem gostava tanto.

A verdade é que pouco importa se esse reenquadramento e essa busca por uma nova perspectiva ocorrem aos 50, 60 ou 70 anos, como tem acontecido comigo. O essencial é compreender que as mudanças físicas, as novas necessidades e a redefinição de papéis não representam um declínio. Pelo contrário, podem ser o empurrão que faltava para construirmos algo novo em nossas vidas, descobrindo novas formas de satisfação que só essa fase pode nos oferecer.

*Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da Forbes Brasil e de seus editores.



[Fonte Original]

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