Ronaldo Rosa/Embrapa
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Belém (PA) terá, a partir de 2026, um laboratório vivo de sistemas agroflorestais (SAFs) que servirá como vitrine e hub de experimentação para toda a Amazônia. Chamado AgForest Lab, o projeto de fazenda produtiva foi lançado na AgriZone, a Casa da Agricultura Sustentável na COP30, e deve dar visibilidade aos SAFs, cuja área de impacto na Amazônia brasileira pode chegar a 37 milhões de hectares.
O espaço de 213 hectares, localizado na Embrapa Amazônia Oriental, é o segundo “farm lab” da Empresa. O modelo, que começou com o AgNest (em Jaguariúna, SP), foca na experimentação integrada em campo para fomentar soluções para a agricultura do futuro.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, explicou que o AgForest Lab aproveita a oportunidade da COP30 para fortalecer a bioeconomia na Amazônia, um movimento que agiliza o compartilhamento de tecnologias.
A diretora de Inovação da Embrapa, Ana Euler, enfatizou que o projeto atrairá investidores que queiram assumir riscos para transformar a Amazônia, beneficiando pequenos, médios e grandes produtores.
O projeto nasce com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Amy Duchelle, líder do setor de florestas e clima da FAO, comparou a energia do laboratório vivo à da AgriZone: “Você vê na prática o que significam conceitos abstratos como bioeconomia e inovação.”
O pesquisador Vitor Mondo ressaltou que a iniciativa supre uma lacuna, oferecendo um espaço para agentes locais e internacionais verificarem como se produz de forma sustentável na Amazônia.
Riqueza da área e adaptação climática
A localização do AgForest Lab em Belém é estratégica. O local, que funcionava como unidade de pesquisa animal, possui tanto terras altas quanto de várzea, além de pastagens degradadas.
“Teremos a oportunidade de acompanhar a transformação de uma propriedade real… com um tamanho entre um pequeno campo experimental e uma grande propriedade agrícola,” disse Mondo.
Cultivos potenciais na fazenda produtiva incluem açaí, cacau e dendê, entre outros.
Rodrigo Freire, da The Nature Conservancy (TNC) na Amazônia, reforçou a importância do SAF: ele citou que os arranjos agroflorestais amazônicos são os mais ricos e bem-consolidados do mundo. Os SAFs são cruciais para a adaptação climática, pois cadeias com menor biodiversidade sofrem mais os impactos.
O cacau no Pará, maior produtor da commodity no Brasil, já vem de sistemas agroflorestais, o que significa um alto valor social da atividade, além dos benefícios para a pecuária de corte familiar.