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Uma falha na maior operadora de bolsas de valores do mundo, o CME Group, interrompeu as negociações em sua plataforma de câmbio e em contratos futuros que abrangem câmbio, commodities, títulos do tesouro e ações, congelando alguns índices de referência à medida que corretoras retiravam produtos.
A interrupção, iniciada no começo do pregão asiático e ainda em curso às 11h20 GMT (8h20 desta sexta, pelo horário de Brasília), é uma das mais longas dos últimos anos, segundo participantes do mercado.
O problema foi causado por uma falha no sistema de refrigeração dos data centers da CyrusOne, informou o CME em comunicado. A empresa disse estar trabalhando para resolver a situação “em curto prazo”.
As plataformas Brokertec US Actives e Brokertec EU, ambas voltadas para renda fixa, permaneciam abertas de acordo com o último comunicado divulgado por volta das 11h GMT (8h pelo horário de Brasília). No entanto, a negociação nos demais mercados seguia interrompida.
Corretoras europeias relataram não conseguir oferecer certos produtos em contratos futuros específicos.
A CyrusOne informou que o problema ocorreu em seu centro de dados CHI1, na região de Chicago, afetando o serviço de clientes como o CME. “Nossas equipes de engenharia, juntamente com empreiteiras mecânicas especializadas, estão no local trabalhando para restabelecer a capacidade total de refrigeração”, disse um porta-voz. Segundo ele, alguns chillers já foram reiniciados com capacidade limitada e equipamentos temporários de refrigeração foram instalados para reforçar o sistema permanente.
Dificuldade em negociar sem preços em tempo real
A CME é a maior operadora de bolsas de valores em valor de mercado e oferece a gama mais ampla de produtos de referência, incluindo taxas de juros, ações, metais, energia, criptomoedas e agricultura.
A primeira comunicação oficial sobre a interrupção foi publicada às 02h40 GMT (23h40 da quinta-feira em Brasília).
Os preços futuros do petróleo bruto WTI, dos Treasuries de 10 anos, do S&P 500, Nasdaq 100, Nikkei, óleo de palma e ouro estavam entre os que não haviam sido atualizados até 11h GMT (08h em Brasília), segundo dados da LSEG.
Os preços também não estavam sendo atualizados na plataforma de câmbio EBS, que movimentou média de quase 60 bilhões de dólares por dia em outubro, incluindo pares importantes como euro/dólar e dólar/iene.
Apesar de operadores de câmbio à vista terem encontrado alternativas para executar operações, muitas corretoras permaneceram no escuro e evitaram negociar contratos sem preços em tempo real. “Para ser honesto, é uma baita dor de cabeça”, afirmou Christopher Forbes, chefe da CMC Markets para a Ásia e o Oriente Médio, que disse nunca ter visto uma interrupção tão ampla em 20 anos.
A CMC havia suspendido negociações de diversos contratos de commodities. Em outros casos, passou a usar fontes alternativas de dados ou até cálculos internos para definir preços tanto para clientes quanto para outras corretoras. “Estamos assumindo muitos riscos desnecessários para continuar precificando”, afirmou Forbes. “O mercado provavelmente não vai gostar disso e deve haver alguma volatilidade na abertura.”
As ações da CME caíram 0,7% no pré-mercado.
Os contratos futuros são essenciais para os mercados financeiros e usados por corretoras, especuladores e empresas que buscam proteção ou manutenção de posições. O volume médio diário de derivativos foi de 26,3 milhões de contratos em outubro, segundo a CME.
“Não é algo inédito, mas certamente não é normal que a plataforma em que todos negociamos simplesmente pare”, comentou Michael Brown, pesquisador sênior da Pepperstone. Ele acrescentou que, se tivesse que acontecer, “hoje é provavelmente o melhor dia”, já que os volumes tendem a ser menores por causa do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos.
Saxo Bank, XTB e eToro informaram em seus sites ou comunicados que a negociação de diversos índices americanos, Treasuries e contratos futuros de commodities havia sido suspensa.
A interrupção atual ocorre mais de uma década depois de o CME suspender a negociação eletrônica de alguns contratos agrícolas em 2014 devido a problemas técnicos, o que na época levou operadores de volta ao pregão físico. Em 2024, falhas na LSEG e na bolsa de valores da Suíça também provocaram breves interrupções nos mercados.