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O segmento de picapes médias vive um dos momentos mais acirrados de sua história recente, impulsionado por novos lançamentos e pela disputa tecnológica entre diferentes motorizações. Para a Ford, a aposta para chegar ao topo é a Ranger híbrida plug-in flex. Do outro lado, a líder Toyota Hilux prepara sua primeira versão eletrificada para o mercado brasileiro — um híbrido leve, sem recarga externa — que, segundo especulações de mercado, deve chegar apenas no segundo semestre de 2026.
Enquanto isso, a Ford acelera para tentar assumir o topo com a estratégia: oferecer a primeira picape híbrida plug-in flex da categoria, combinando performance, eficiência e um motor que pode rodar a etanol criado especialmente para o consumidor brasileiro. É prevista para chegar ao Brasil em 2027. É um movimento ambicioso, apoiado por investimentos robustos e por um ecossistema técnico que ganha novos espaços no país.
“A Ranger é um sucesso no Brasil e por isso estamos investindo em várias versões. Já andei na picape de teste e fiquei muito impressionado”, afirma Martin Galdeano, presidente da Ford na América do Sul. Para o executivo, há espaço para um crescimento ainda maior. “Tivemos 25% de crescimento no ano passado. Em outubro deste ano, o avanço foi de 23%. O cliente de picape busca performance e eficiência, e é isso que vamos oferecer.”
O executivo não deu detalhes sobre a motorização, mas fontes ligadas ao setor dizem que ela deve ser a mais potente da marca em todo o mundo. No acumulado do ano, 28.117 unidades da Ranger foram emplacadas no Brasil, segundo a Fenabrave, atingindo a segunda colocação no segmento.
A nova Ranger híbrida plug-in será produzida na planta de Pacheco, na Argentina, que recebeu US$ 170 milhões para viabilizar o modelo — incluindo motores flex movidos a etanol. Metade de tudo que sai da fábrica é destinado ao mercado brasileiro, reforçando o peso estratégico do país para a operação.
O papel do Brasil no desenvolvimento global da Ford
O desenvolvimento do motor flex da nova Ranger híbrida é conduzido pela engenharia brasileira, com parte significativa dos trabalhos no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia de Tatuí, no interior de São Paulo. A unidade acaba de inaugurar dois novos prédios como parte do novo ciclo de investimentos da Ford na região.
O primeiro é o Ford Academy, centro de treinamento de 800 m² com capacidade para 150 pessoas, projetado para disseminar conhecimento sobre produtos, tecnologias e inovações. O segundo é o Centro de Diagnóstico Avançado de Engenharia, uma instalação conectada diretamente à pista de testes e equipada para processar e compartilhar, em tempo real, os dados coletados com engenheiros de outros centros globais.
“Essa modernização é o primeiro passo de um novo ciclo importante. Nosso time é responsável por três das oito famílias de motores da Ford no mundo”, explica André Oliveira, diretor de programas veiculares da Ford América do Sul. “A Ranger híbrida plug-in é um projeto crucial, e Tatuí tem papel central nisso.”
Além de Tatuí, a Ford expande seu hub de engenharia também na Bahia, no Cimatec Park, que ganhará um novo prédio dedicado ao desenvolvimento veicular até o primeiro semestre de 2025.
Hoje, o Brasil é um dos nove centros globais de desenvolvimento da Ford, com mais de 1.500 profissionais responsáveis por cerca de um terço das funcionalidades presentes nos carros da marca em todo o mundo.
Com Hilux e Ranger avançando por caminhos eletrificados distintos — a Toyota apostando em híbridos leves e a Ford em tecnologia plug-in com motor flex — a disputa pela liderança promete ser ainda mais intensa. E, no centro dessa batalha, está o consumidor brasileiro: um mercado estratégico e cada vez mais determinante para o futuro das picapes na América do Sul.