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O Ibovespa avançou nesta quarta-feira (26) e fechou acima dos 158 mil pontos pela primeira vez na história. O movimento aconteceu em meio a crescentes expectativas de mais um corte de juros nos Estados Unidos em 2025, o que tende a favorecer o fluxo de capital externo para as ações brasileiras.
O indicador brasileiro subiu 1,7%, a 158.554,94 pontos, nova máxima de fechamento. No melhor momento, chegou a 158.713,52 pontos, recorde intradia, superando o topo de 11 de novembro. Na mínima, marcou 155.914,29 pontos. O volume financeiro somou R$ 26,05 bilhões.
Dados sugerindo que a economia dos EUA está fraca o suficiente para o Federal Reserve reduzir os juros no país, mas não a caminho de uma recessão, combinados com declarações recentes de autoridades do banco central norte-americano, reavivaram as apostas para novo alívio monetário em dezembro.
De acordo com a ferramenta FedWatch, da CME, os futuros de juros nos EUA agora precificam uma chance de 85,2% de redução de 0,25 ponto percentual no próximo mês, quase o dobro da probabilidade embutida nas apostas na semana passada.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed anunciará sua decisão de política monetária no próximo dia 10 de dezembro.
Estrategistas do grupo financeiro Macquarie afirmaram que, até o momento, têm sido céticos quanto à possibilidade de um corte nos juros — ou, pelo menos, quanto à adoção de um tom “dovish” junto com uma eventual redução.
“Mas um corte é plausível, na medida em que não seria um grande desvio da posição do votante mediano do Fomc. Afinal, o Fomc está quase perfeitamente dividido entre ‘hawks’ e ‘doves’, com base em comentários recentes de dirigentes do Fed que têm direito a voto”, escreveram Thierry Wizman e Gareth Berry.
Em relatório enviado a clientes nesta quarta-feira, eles afirmaram que se o Fomc não estivesse, de antemão, quase igualmente dividido entre ‘hawks’ e ‘doves’, a grande virada na probabilidade implícita de um corte em dezembro não teria sido possível.
“Mas essa configuração ‘no fio da navalha’ também significa que as próximas duas semanas podem facilmente trazer uma reversão para a perspectiva de não haver corte, caso os dados que saírem sejam ‘bons’ em vez de ‘ruins’”, ponderaram.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 0,69%, também apoiado nas perspectivas envolvendo os próximos passos dos Fed, além de mais um dia positivo no setor de tecnologia, com Dell entre os destaques após previsões acima das expectativas de analistas.
A nova máxima do Ibovespa tem como pano de fundo um posicionamento mais positivo de estrangeiros na bolsa paulista.
Após um começo de mês com saída líquida de estrangeiros da bolsa paulista, os últimos pregões têm registrado entradas que ajudaram a virar o saldo no mês, que agora está positivo em cerca de R$ 4,2 bilhões no mercado secundário de ações até o dia 21. No ano, o superávit alcança quase R$ 29,5 bilhões.
Em meio a expectativas de que o Banco Central comece a reduzir a Selic no começo do próximo ano, nem o IPCA-15 de novembro um pouco acima das previsões, com alta de 0,20%, minou o viés comprador na bolsa paulista, uma vez que o avanço em 12 meses arrefeceu a 4,50%, de 4,94% em outubro.
O noticiário local ainda mostrou que o governo central registrou superávit de R$ 36,527 bilhões em outubro, resultado que, na visão da equipe da Warren Rena, corrobora o cenário de cumprimento da meta fiscal no ano, ao menos em seu limite inferior, após as deduções legais.
Câmbio
O dólar emplacou o terceiro dia consecutivo de queda ante o real nesta quarta-feira (26), em uma sessão no geral positiva para os ativos brasileiros e de baixa para a moeda norte-americana ante a maior parte das divisas no exterior.
A expectativa de corte de juros pelo Federal Reserve em dezembro seguiu favorecendo moedas de países emergentes, como o real.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,79%, aos R$ 5,3336 na venda. No ano, a divisa acumula perdas de 13,68%. Às 17h02, o contrato de dólar futuro para dezembro — atualmente o mais negociado no Brasil — cedia 0,91% na B3, aos R$ 5,3360.
O dólar demonstrou maior acomodação no início da quarta-feira, mantendo-se próximo da estabilidade após a divulgação do IPCA-15 de novembro. O indicador, considerado uma prévia da inflação oficial, subiu 0,20% em novembro, ante 0,18% em outubro. Economistas ouvidos em pesquisa da Reuters projetavam taxa de 0,18% em novembro.
Durante a tarde, porém, o dólar passou a registrar perdas mais intensas ante o real, em paralelo à forte alta do Ibovespa, para acima dos 158 mil pontos, e em sintonia com o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior.
A continuidade das apostas de que o Federal Reserve cortará juros em dezembro serviu como pano de fundo para o movimento. O mercado de títulos norte-americano precificava no fim da tarde cerca de 85% de probabilidade de corte de 25 pontos-base da taxa de juros, contra perto de 15% de chance de manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%, conforme a Ferramenta CME FedWatch. Na semana passada, a probabilidade de corte era inferior a 50%.
Assim, após registrar no Brasil a maior cotação da sessão, de R$ 5,3917 (+0,29%), às 9h41, o dólar à vista cedeu à mínima de R$ 5,3321 (-0,82%) às 16h57, pouco antes do fechamento.
No exterior, o dólar seguia em baixa ante a maior parte das divisas no fim da tarde. Às 17h19, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,28%, a 99,572.