Reino Unido, Alemanha e França apresentaram uma proposta alternativa ao plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a longa guerra entre Ucrânia e Rússia, segundo informou a agência Reuters nesta segunda-feira (24).
O projeto americano de 28 pontos gerou críticas na semana passada e foi visto como pró-Rússia por autoridades europeias e ucranianas. Diante disso, foram apresentadas algumas mudanças nas condições do texto promovido pelo governo Trump durante negociações em Genebra, no final de semana.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, afirmou que, no decorrer das negociações realizadas no domingo em Genebra entre representantes europeus e dos Estados Unidos, todos os pontos do plano de Washington para a paz na Ucrânia relativos à União Europeia (UE) e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foram eliminados.
O documento obtido pela Reuters diz que “a entrada da Ucrânia na Otan depende do consenso de seus membros”. Além disso, a proposta europeia defende que a Otan “não estacionará tropas permanentemente na Ucrânia em tempos de paz, mas os caças da aliança transatlântica ficarão estacionados na vizinha Polônia”.
O texto preliminar também afirma: “Após a assinatura de um acordo de paz, um diálogo entre a Rússia e a Otan será realizado para abordar todas as preocupações de segurança e criar um ambiente de desescalada para garantir a segurança global e aumentar as oportunidades de conectividade e de desenvolvimento econômico futuro”.
Outro ponto central que a União Europeia pediu para ser removido é o que estipulava que a Ucrânia retirasse suas tropas da parte que ainda controla na região leste de Donbass. Os países propuseram a atual linha de contato como referência para a divisão de territórios e sugere que a Ucrânia se comprometa a não tentar recuperar nenhum território por meios militares.
O projeto defende ainda que Ucrânia possa construir um Exército de até 800 mil soldados, superior aos 600 mil propostos pelos Estados Unidos.
O plano europeu também não aceita que US$ 100 bilhões em ativos russos congelados no Ocidente sejam investidos em esforços de reconstrução liderados pelos Estados Unidos na Ucrânia, que, de acordo com um ponto do plano inicial que os europeus querem alterar, se beneficiariam de metade da receita gerada por esse investimento.
A UE também rejeita a reintegração imediata da Rússia no sistema de comércio internacional e opta, em vez disso, por um levantamento gradual das sanções. Segundo a publicação britânica Financial Times, o documento resultante das reuniões de Genebra foi reduzido a 19 tópicos.
Após as reuniões de domingo, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que nenhum dos pontos pendentes de revisão é “insuperável” e disse estar confiante de que se chegará a um acordo, embora tenha reiterado que a última palavra caberá aos governos de Ucrânia e Rússia.
Nesta segunda-feira, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que o principal obstáculo para chegar ao acordo de paz com a Rússia promovido pelos Estados Unidos é que o ditador Vladimir Putin quer que tanto Kiev quanto a comunidade internacional reconheçam como parte da Federação Russa territórios que seu Exército conquistou.
“Putin quer reconhecimento legal para o que roubou”, afirmou Zelensky, acrescentando que essa exigência russa é “o principal problema para avançar em direção à paz”.
“Ele quer isso não só da Ucrânia, mas do mundo inteiro”, acrescentou em uma mensagem por videoconferência.
A Rússia, por sua vez, rejeitou categoricamente as modificações, e o ditador Putin manteve a primeira versão do plano. “Em relação aos planos que estão circulando, tomamos conhecimento esta manhã do plano europeu que, à primeira vista, é absolutamente contraproducente e não atende aos nossos interesses”, disse Yuri Ushakov, conselheiro internacional do Kremlin.