O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez comentários sobre os principais assuntos que envolvem o país no cenário internacional durante uma entrevista ao programa 60 Minutes, da emissora CBS, na noite deste domingo (2), incluindo os acordos firmados nos últimos dias com a China e as operações militares perto da costa venezuelana.
O republicano elogiou o ditador da China, Xi Jinping, com que mantém um ótimo relacionamento, segundo o líder da Casa Branca. Trump ainda comentou sobre os acordos firmados no encontro entre os dois na Coreia do Sul, na semana passada.
“Bem, eu consegui praticamente tudo o que queríamos. Retiramos as ameaças sobre terras raras. Isso acabou, completamente. Temos enormes quantidades de dólares entrando, porque temos tarifas muito altas, quase 50%. Nunca tivemos nada em termos de tarifas, embora eu tenha imposto tarifas à China, Biden deixou isso expirar pelo fato de ter concedido isenções em quase tudo, o que foi simplesmente ridículo”, afirmou à CBS.
Trump voltou a elogiar sua política tarifária, dizendo que ela levou Pequim à mesa de negociação. “Quando nos impuseram a restrição de terras raras, a nós e ao resto do mundo, eu imediatamente instituí uma tarifa de 100%, além do que eles já pagavam. E quando fiz isso, eles imediatamente se dispuseram a negociar. Sem tarifas, não teríamos tido esse privilégio”, disse.
Apesar do tom inicialmente amigável, Trump ressaltou que “é melhor se dar bem com a China do que não se dar bem. Se não conseguirmos fechar um bom acordo, é melhor não fecharmos, porque, você sabe, a China, junto a muitos outros países (não são os únicos), nos explorou desde o primeiro dia”.
Na entrevista, o presidente americano também falou sobre um dos principais pontos de atrito com a China, que não foi tema do encontro entre os dois na semana passada: Taiwan.
Trump disse à CBS neste domingo que o ditador Xi Jinping afirmou em determinado momento que a China não interferiria em Taiwan enquanto ele estivesse na Casa Branca, embora não tenham discutido o assunto durante o recente encontro na Coreia do Sul.
“Xi disse abertamente e sua equipe disse abertamente nas reuniões: não faremos nada enquanto o presidente Trump for presidente, porque eles sabem as consequências”, declarou o americano ao programa 60 Minutes.
A jornalista Norah O’Donnell perguntou a Trump sobre os planos dos Estados Unidos em caso de uma invasão chinesa à Taiwan, ao que o presidente respondeu que “eles saberão quando acontecer” e afirmou que Xi “entende” o que pode acontecer, mas se recusou a dar mais detalhes.
“Não posso revelar meus segredos. Não quero ser um daqueles que diz exatamente o que acontecerá se algo acontecer. O outro lado sabe… Eles entendem o que vai acontecer”, comentou. Washington é o principal fornecedor de armas de Taiwan, o que irrita profundamente a China, e, embora não mantenha relações diplomáticas com a ilha, poderia defendê-la em caso de conflito com Pequim.
Trump volta a defender testes nucleares
O presidente Trump voltou a ser questionado durante a entrevista sobre o anúncio de que os Estados Unidos voltarão a realizar testes nucleares.
O americano acusou China, Rússia e Coreia do Norte de estarem fazendo esse tipo de testes, apesar dessas informações não chegarem ao público. Por isso, insistiu que os Estados Unidos devem testar suas armas nucleares para “saber se funcionam”.
“Temos mais armas nucleares que qualquer outro país. A Rússia é o segundo. A China é um terceiro distante, mas estaremos igualados em cinco anos”, disse Trump, acrescentando que mantém conversas com a Rússia e China sobre a necessidade de desnuclearização.
“Na verdade, falei isso tanto com o presidente [ditador Vladimir] Putin quanto com o presidente [ditador] Xi [Jinping]. A desnuclearização é uma coisa muito importante. Temos armas nucleares suficientes para destruir o mundo 150 vezes”, afirmou, sem entrar em detalhes sobre essas conversas.
Trump descarta guerra com a Venezuela, mas diz que “Maduro está com os dias contados”
Trump também fez comentários sobre a relação com a Venezuela e os recentes ataques militares perto do país sul-americano. Ele afirmou neste domingo que “não acredita” que os Estados Unidos vão travar uma guerra com a Venezuela, mas evitou confirmar ou descartar os planos de ataques noticiados na semana passada pela imprensa americana.
Durante a entrevista, a jornalista Norah O’Donnell questionou o presidente sobre esses ataques. Em resposta, Trump disse que “não revelaria esse tipo de informação a um repórter”.
Ainda, o americano foi questionado sobre as operações no Caribe, se eram de fato ações contra o narcotráfico ou se tinham como finalidade “se livrar” do ditador Nicolás Maduro. Trump respondeu que se tratava de “muitas coisas”.
O’Donnell então perguntou se Maduro estava com “os dias contados”. O republicano respondeu que “diria que sim”.