O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou nesta quinta-feira (20) as tarifas de 40% sobre carnes, café e outros produtos agrícolas do Brasil. A medida é retroativa e vale para produtos que entraram no teritório americano a partir de 13 de novembro. O governo Lula (PT) disse ter recebido o anúncio “com satisfação” e destacou que diversos produtos “estarão isentos”.
“O Brasil seguirá mantendo negociações com os EUA com vistas à retirada das tarifas adicionais sobre o restante da pauta de comércio bilateral”, disse o Palácio do Planalto, em nota. Os EUA retiraram, no último dia 14, as tarifas comerciais recíprocas de 10%, impostas a todos seus parceiros comerciais em abril. A ordem executiva da semana passada não mencionava diretamente o Brasil e foi motivada pela forte pressão dos eleitores.
Além dos 10%, o país enfrentava uma sobretaxa de 40% desde o início de agosto. Ao estabelecer o tarifaço de 50%, Trump criticou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) e às decisões do ministro Alexandre de Moraes contra big techs.
Agora, o comunicado da Casa Branca menciona a conversa entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Em 6 de outubro de 2025, participei de uma conversa telefônica com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas no Decreto Executivo 14323. Essas negociações estão em andamento”, diz o documento.
O líder americano disse ter considerado as recomendações de oficiais e entendeu que era “necessário e apropriado modificar o escopo de produtos sujeitos à taxa de direito adicional”.
Produtos do Brasil afetados pela redução de tarifas
A ordem executiva desta quinta abrange os mesmo produtos da decisão anunciada na semana passada.
- Produtos vegetais, frutas e especiarias: tomates, abacaxis, abacates, mangas, laranjas, kiwis, café, chá, mate, pimenta, baunilha, canela, cravos, noz-moscada, cardamomos e açafrão;
- Cereais, amidos e óleos: cevada, sementes de alpiste, amido de mandioca (tapioca), óleos de coco e cera de abelha;
- Cacau e derivados: grãos de cacau (crus ou torrados), cascas de cacau, pasta de cacau, manteiga de cacau e cacau em pó;
- Produtos preparados: pastas e purês de goiaba e manga, abacaxi e coco preparados ou conservados;
- Sucos: suco de laranja (congelado ou não), suco de limão e suco de abacaxi.
- Fertilizantes: ureia, sulfato de amônio, nitratos, superfosfatos e outros fertilizantes minerais ou químicos;
- Produtos de origem bovina: carcaças e meias-carcaças, frescas, resfriadas ou congeladas, além de cortes de carne bovina de alta qualidade, com ou sem osso, processadas ou não;
- Frutas tropicais e nozes: castanha do Pará, castanhas de caju, nozes, macadâmia.
Veja a íntegra da nota do governo sobre redução das tarifas
“O governo brasileiro recebeu hoje (20/11), com satisfação, a decisão do governo dos Estados Unidos de revogar a tarifa adicional de 40% para uma série de produtos agropecuários importados do Brasil. Estarão isentos de tarifa vários tipos de carne, café e várias frutas (como, por exemplo, manga, coco, açaí, abacaxi).
O enunciado da Ordem Executiva que implementa a medida faz menção à conversa telefônica do Presidente Lula com o Presidente Trump em 6 de outubro, quando decidiram iniciar as negociações sobre as tarifas.
Acrescenta que o Presidente Trump recebeu recomendações de altos funcionários do seu governo de que certas importações agrícolas do Brasil não deveriam estar mais sujeitas à tarifa de 40% em função do “avanço inicial das negociações” com o governo brasileiro.
A medida é retroativa a 13 de novembro, data que coincide com o dia da última reunião entre o Ministro Mauro Vieira e o Secretário de Estado Marco Rubio em Washington, na qual se discutiram meios de avançar nas tratativas bilaterais para a redução das tarifas sobre os produtos brasileiros.
O governo brasileiro reitera sua disposição para continuar o diálogo como meio de solucionar questões entre os dois países, em linha com a tradição de 201 anos de excelentes relações diplomáticas.
O Brasil seguirá mantendo negociações com os EUA com vistas à retirada das tarifas adicionais sobre o restante da pauta de comércio bilateral.”