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- Author, Luiz Fernando Toledo
- Role, Da BBC News Brasil em Londres
Uma pesquisa de opinião da AtlasIntel, divulgada na semana da operação, apontou que Castro era aprovado por 47% dos moradores da capital fluminense, índice de popularidade maior que o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do prefeito Eduardo Paes.
Ele também foi mais bem avaliado no quesito desempenho na área de segurança pública: 36% o consideraram bom ou ótimo, ante 27% de Lula e 13% de Paes.
No Datafolha, divulgado no dia 1 de novembro, Castro atingiu o maior nível de aprovação desde 2022, com 40% dos moradores da capital e região avaliando seu trabalho como bom ou ótimo. Entre os que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro, a popularidade é maior: 67% o aprovam. Entre os eleitores de Lula, são 17%.
Uma nova pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira (12/11) sugere que, para 24% dos entrevistados, Castro foi o político que se saiu melhor até agora entre os governadores que formaram o “Consórcio da Paz” — grupo para coordenar políticas de combate ao crime organizado. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), aparece em segundo, com 13%.
Essa nova pesquisa sugere também que a avaliação positiva do governo Lula oscilou para baixo dentro da margem de erro — de 33% para 31%.
Na semana passada, impulsionado pela popularidade, o governo Castro anunciou que já planeja novas operações semelhantes contra o crime organizado.
A operação foi além do Rio e mobilizou a direita brasileira.
Diversos governadores demonstraram apoio público a Castro com a criação do Consórcio da Paz, projeto de integração para trocar informações de inteligência no combate ao crime organizado. Estão no grupo governadores como Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.
O deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) se afastou de seu cargo como secretário de Segurança Pública do governo Tarcísio para relatar um projeto contra facções criminosas na Câmara dos Deputados.
Já Castro considera a operação um sucesso e tem rebatido acusações de uso político do episódio.
Ele disse que a ação foi “um duro golpe contra a criminalidade” e também prova que o Estado “tem condições de vencer batalhas”.
Afirmou ainda que “governador deste Estado e nenhum secretário vai ficar respondendo nem ministro, nem autoridade, nem ninguém que queria transformar esse momento numa batalha política”.
Mas será que a aprovação de políticos puxada por ações na guerra às drogas, como neste caso, tem efeito duradouro?
Pesquisas recentes de outros países e especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que, com a escalada da violência, estas ações podem até resultar em um efeito contrário no médio e longo prazo, além de causar danos às instituições.
‘Eleitores recompensam controle do crime, mas retiram apoio quando Estado ultrapassa limites’

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Antes de ser presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte foi prefeito de Davao, metrópole do sul do país, por 22 anos. Em sua gestão, tornou a cidade uma das mais seguras do país em relação a crimes de rua.
Com a reputação lá conquistada e um discurso duro, fez uma campanha presidencial bem-sucedida em 2016 e venceu com vitória esmagadora.
Ele governou o país até 2022, período em que milhares de pessoas, principalmente usuários e pequenos traficantes, foram mortas sem julgamento.
A popularidade de Duterte veio acompanhada de acusações internacionais de violações de direitos humanos. A guerra às drogas de seu governo foi amplamente criticada por organizações civis e por órgãos internacionais.
Em 2025, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra ele por crimes contra a humanidade. Duterte, então com 79 anos, foi detido em Manila e enviado para Haia, na Holanda, onde o tribunal está sediado.
Uma pesquisa recente, publicada em agosto de 2025 pelo professor de Ciência Política da universidade americana UC San Diego Nico Ravanilla e pelo pesquisador Enrico La Vinã, do grupo de pesquisa americano Institute on Global Conflict and Cooperation, analisou resultados eleitorais de candidatos que apoiavam as políticas de linha-dura (chamada originalmente de “mão dura” no artigo) e identificaram que a forte repressão policial, quando evidente, enfraqueceu o apoio a esses políticos.
Ao mesmo tempo, um aumento da criminalidade levou a um maior apoio aos políticos.
“Os eleitores endossaram a abordagem de Duterte, como evidenciado pelo sucesso de seus aliados nas eleições para o Senado de 2019 e pela subsequente eleição de sua filha como vice-presidente em 2022”, avaliam os autores no artigo.
“No entanto, como em muitas campanhas de ‘mão dura’, o apoio à política tem flutuado ao longo do tempo, com sua intensidade diminuindo nos últimos anos de Duterte e seu sucessor, Ferdinand Marcos Jr., sinalizando uma mudança nas prioridades.”
Os autores analisaram os resultados eleitorais das eleições para o Senado nas Filipinas em 2019, amplamente vistas como um “plebiscito” sobre a guerra às drogas de Rodrigo Duterte, para medir o apoio público às políticas linha-dura.
Eles cruzaram os votos obtidos por candidatos alinhados ou contrários a Duterte em cada município com dados locais sobre criminalidade e violência, obtidos de registros policiais e outros bancos de dados.
A dupla concluiu que, quando os crimes alvo da guerra às drogas (como homicídios e tráfico) aumentaram, os candidatos pró-Duterte receberam mais votos; já onde houve mais mortes causadas pela polícia, o apoio a eles caiu.
“Constatamos que os eleitores são a favor de medidas enérgicas contra o crime, mas reagem negativamente a abusos visíveis por parte das forças estatais. Áreas com mais mortes de suspeitos de tráfico de drogas, perpetradas pela polícia, registraram quedas significativas nos votos a favor da linha-dura”, dizem.
“Esses resultados sugerem que os eleitores recompensam o controle rigoroso do crime quando ele aborda ameaças específicas, mas retiram seu apoio quando o Estado ultrapassa os limites legais.”
Para que esse efeito aconteça, no entanto, a pesquisa aponta que é necessário que as mortes tenham visibilidade e que esteja claro para o público que tais abusos aconteceram, de fato.
“Embora os eleitores possam inicialmente tolerar a violência perpetrada pelo Estado, especialmente pela polícia, incidentes repetidos de brutalidade corroem a confiança pública”, diz o estudo.
“Essa erosão do apoio ocorre quando os cidadãos se deparam com a natureza visível e muitas vezes indiscriminada da violência, o que pode desencadear um mal-estar moral e desilusão, mesmo entre aqueles que inicialmente apoiavam medidas severas como necessárias para a segurança pública.”
Por que cidadãos aceitam, e apoiam, ações policiais violentas?
“Existem razões claras para que parte da população apoie essas políticas, sobretudo sob líderes populistas”, disse Nico Ravanilla, um dos autores do estudo, à BBC News Brasil.
Segundo ele, o primeiro motivo é que esse tipo de política rapidamente se transforma em símbolo.
“Líderes populistas costumam identificar um outro — usuários de drogas, gangues ou criminosos — e apresentá-los como ameaças existenciais. A política passa então a ser a arma contra essa ameaça. Poderia muito bem ter sido um muro na fronteira, uma proibição à imigração ou uma guerra contra a corrupção.”
Para Ravanilla, parte do público se engaja nessas agendas porque enxerga nelas uma resposta direta “a um inimigo concreto/inércia ou falha do Estado, mesmo que a escala desse inimigo/inércia seja exagerada ou não seja respaldada por evidências.”
No caso específico do crime e da violência, acrescenta, medo e frustração são “motivadores poderosos.”
“Quando as pessoas percebem que o crime é galopante e acreditam que o Estado falhou em protegê-las, elas se tornam dispostas a trocar o devido processo legal por ações visíveis. Elas preferem ver uma resposta enérgica, mesmo que extrajudicial, do que a inércia contínua.”
Ravanilla afirma que o apoio tende a enfraquecer com o passar do tempo.
“Em nossa pesquisa, observamos que esse padrão segue um ritmo familiar. Quando a campanha começa, o espetáculo da ação produz entusiasmo imediato. Cada operação policial ou morte visível é transmitida como prova de que o governo está finalmente fazendo algo.”
Esse entusiasmo, porém, pode cair após episódios traumáticos, como o assassinato de uma criança nas Filipinas.
“O governo deliberadamente desacelerou as operações para acalmar a ira pública. Quando a atenção da mídia diminuiu, os assassinatos foram retomados. Esses ciclos criam flutuações de curto prazo na aprovação, mas a tendência de longo prazo é um declínio constante.”
Com o tempo, diz o pesquisador, cresce a percepção de que a política não entrega o que promete: “O crime não desaparece e a sensação de insegurança permanece”.
À medida que a violência se torna mais visível e atinge bairros comuns, seu custo se torna palpável.
“O que antes parecia proteção começa a parecer uma ameaça. Essas políticas geram dividendos políticos rápidos, mas poucos benefícios duradouros em termos de segurança.”
Isso não significa que a repressão simplesmente se dissipe.
“Uma vez que o Estado constrói uma burocracia em torno da repressão — unidades policiais especiais, incentivos e alianças locais —, ela adquire seu próprio impulso. A política pode desaparecer da agenda do líder, mas suas instituições e apoiadores leais a mantêm viva. O resultado é um declínio lento e desigual no entusiasmo do público, em vez de um colapso abrupto.”
Ao discutir o que o Brasil pode aprender com o caso Duterte, ele acredita que políticas de linha-dura se sustentam não apenas como medidas de segurança, mas porque “funcionam como performance.”
“Os líderes populistas entendem essa dinâmica. Eles usam a violência como espetáculo para projetar determinação, sabendo que isso lhes dá legitimidade imediata, mesmo que enfraqueça as instituições a longo prazo”, diz.
Nas Filipinas, cada assassinato ou operação era exibido como prova de controle, mesmo sem redução estrutural da criminalidade.
Ravanilla enfatiza ainda que políticas desse tipo criam uma engrenagem difícil de desmontar.
“Nas Filipinas, prefeitos e chefes de polícia locais ganharam incentivos para demonstrar lealdade a Duterte, mostrando que estavam ‘obtendo resultados’.”
A mesma dinâmica pode surgir no Brasil ou em outros lugares, diz ele, quando outros políticos veem benefício político em espelhar a postura linha-dura do governo central, “mesmo muito tempo depois que esse governo ou líder deixou o cargo.”
O caso Bukele — e o receio de cidadãos serem presos por criticar o governo

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Reeleito em 2024 com grande vantagem em El Salvador, com 83% do votos, o presidente Nayib Bukele ficou conhecido por uma política linha-dura de segurança pública. É também uma celebridade nas redes sociais, com milhões de seguidores.
Sua popularidade disparou após uma repressão ao crime que reduziu a taxa de homicídios no país.
Sob sua presidência, El Salvador passou de um dos países mais violentos do mundo para um dos mais seguros da América Latina.
A Anistia Internacional criticou a “substituição gradual da violência das gangues pela violência estatal” em relatório publicado no ano passado.
Neste ano, El Salvador se ofereceu para receber criminosos deportados dos EUA, incluindo aqueles com cidadania americana, e alojá-los em sua mega prisão.
Em agosto, o Congresso do país aprovou reformas constitucionais para abolir os limites do mandato presidencial, permitindo que Nayib Bukele concorra um número ilimitado de vezes.
Pesquisas de opinião mostram que Bukele segue com alta popularidade no país, mas os índices vêm caindo e há questionamentos sobre outros setores, como a economia e pautas sociais.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Universitário de Opinión Pública e publicada em junho deste ano indicou ainda que a população começa a questionar, de forma explícita, “prisões, encarceramentos e violações de direitos humanos no país.” A pesquisa teve 1,2 mil entrevistados em seus domicílios.
“A segurança continua sendo o aspecto mais valorizado, enquanto questões como a economia, o acesso à moradia, o trabalho dos governos locais e as prisões arbitrárias surgem como pontos críticos na percepção pública”, diz a introdução do levantamento.
Ainda assim, Bukele recebeu uma avaliação de 8,15, em uma escala de 0 a 10 (em 2021, era de 8,71 e em 2024, de 8,46).
Outro indicador que chama a atenção é o de aprovação do governo, que é mais baixo do que o do próprio Bukele, com nota 7,85, a menor desde 2021.
Quando questionados sobre “a probabilidade de uma pessoa ou instituição sofrer consequências negativas por expressar opiniões críticas sobre o presidente ou o governo”, mais da metade (57,9%) dos entrevistados responderam que é um pouco ou muito provável.
Outra pergunta questiona o que os respondentes acham que pode acontecer a quem questiona o governo, e 48% disseram que poderiam ser presos. Outros 10% falam em “avisos, advertências ou multas” e 7,4% citam “problemas no trabalho/poderiam ser demitidos”.
“A crescente preocupação com detenções arbitrárias e restrições percebidas à liberdade de expressão indicam que a população está mais atenta e crítica em relação aos abusos de poder”, diz o instituto na conclusão do relatório.
“Isso representa um desafio significativo para a sustentabilidade do apoio social a médio prazo. Nesse cenário, o governo enfrenta o desafio de manter sua legitimidade não apenas por meio da segurança, mas também por meio de respostas eficazes às demandas sociais, econômicas e institucionais da população.”
Como Bukele implementou sua política ‘linha-dura’?

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Pesquisadores sugerem que o modelo de El Salvador pode ser de “curta duração” ao avaliar se este poderia ser reproduzido em outros países latinos. Admitem, no entanto, que a popularidade de políticas desse tipo provavelmente persistirão enquanto houver insegurança.
Em artigo publicado no Journal of Democracy, o doutorando em governo na Universidade de Harvard Manuel Meléndez-Sánchez e o professor de Ciência Política Alberto Vergara, da Universidade del Pacífico (em Lima, no Peru), afirmam que as políticas de linha-dura “geralmente envolvem uma séria restrição dos direitos individuais e das proteções contra abusos do Estado.”
Para os autores, essas políticas “raramente funcionam, muitas vezes saem pela culatra e quase sempre acarretam altos custos para a democracia.”
E por que, então, continuam sendo adotadas por políticos e dão popularidade a quem as aplica?
Em resumo, os pesquisadores dizem que essa é uma saída que dá resultados políticos no curto prazo, enquanto que investir em políticas que tenham mais chance de fornecer soluções sustentáveis para a insegurança “são compromissos de longo prazo que podem produzir resultados significativos apenas meses ou anos após sua implementação.”
Em outras palavras: seguir o caminho do longo prazo costuma ser uma boa política pública, mas uma má estratégia eleitoral, explicam.
Essa compensação contribuiu para um ciclo perverso em muitas democracias latino-americanas, dizem os pesquisadores.
“Governos adotam políticas populares de combate ao crime, que quase inevitavelmente fracassam ou têm o efeito contrário.”
Mas o que explicaria, então, o sucesso de Bukele nas urnas e pesquisas de popularidade?
Além dos rápidos resultados na redução da criminalidade no país, a avaliação do artigo é que houve condições excepcionais, que dificilmente se repetiriam em outros países.
Os autores explicam que ao chegar ao poder, Bukele optou por negociar com as facções.
“Em troca de benefícios para membros de gangues encarcerados, proteção contra extradição, policiamento mais brando e outras concessões, os grupos criminosos dominantes do país — a Mara Salvatrucha (MS-13), Barrio 18 Revolucionarios e Barrio 18 Sureños — concordaram em manter a violência homicida ao mínimo”, dizem.
O modelo de Bukele adotou também o que os autores chamaram de regime de exceção, um estado de emergência que suspenderia vários direitos individuais e garantias do devido processo legal.
“O estado de emergência permitiu que as forças de segurança realizassem prisões, interceptassem comunicações privadas e restringissem a liberdade de movimento à vontade. Também suspendeu o direito a um advogado de defesa e permitiu que as autoridades ocultassem informações básicas dos detidos e de seus advogados.”
Citam também prisões em massa, incluindo familiares e conhecidos de membros das gangues.
“As prisões arbitrárias e injustas eram comuns e, à medida que a população carcerária de El Salvador aumentava, o país logo acumulou a maior taxa de encarceramento do mundo.”
O número de presos, destacam, é sem precedentes: no México, por exemplo, quando foi deflagrada a chamada guerra contra as drogas no governo de Felipe Calderón, em 2006, autoridades prenderam 120 mil pessoas em 43 meses, 107 para cada 100 mil mexicanos, ou 0,1% da população.
Já Bukele, em 24 meses, prendeu 1,2 mil a cada 100 mil habitantes, equivalente a cerca de 1,22% da população.
“A repressão de Bukele é provavelmente a mais extrema já vista na América Latina.”
Os pesquisadores avaliam que o tamanho do país e relativa fraqueza das gangues (em comparação, por exemplo, com os cartéis mexicanos) ajudam a explicar o sucesso da ofensiva do governo.
E dizem que esse tipo de repressão tende a fracassar justamente porque os grupos criminosos têm fortes incentivos para revidar com ainda mais violência, o que não aconteceu em El Salvador, em parte, pelo pacto estabelecido antes da ofensiva.
“A menos que os que aspiram copiar Bukele formulem estratégias alternativas para evitar reações violentas do crime organizado, seus esforços provavelmente resultarão em mais — e não menos — violência.”
‘Caso do Rio pode inspirar governadores de outros Estados, diz especialista’

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Para o professor da EAESP-FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) Rafael Alcadipani, a postura de ser “duro contra o crime” é antiga na política brasileira e tende a ganhar força após episódios como o do Rio.
“Outros governadores, em outros Estados, podem aprofundar esse tipo de política porque estão vendo que os benefícios eleitorais são altos”, afirma.
“O Castro pode dobrar a aposta no Rio de Janeiro, podem fazer algo parecido em São Paulo. No próprio Ceará já aconteceu uma ação, em que sete pessoas foram mortas.”
Ele diz que o padrão adotado na megaoperação não se enquadra no conceito de sucesso previsto pela doutrina internacional.
“Tipicamente, operação policial quando tem mortes tende a não ser considerada bem-sucedida. No caso específico, seria preciso avaliar a quantidade de mandados expedidos e quantas pessoas foram de fato presas, que é o principal objetivo. Até onde eu sei, tanto entre os mortos quanto entre os presos, muitas pessoas não tinham mandado de busca nem de prisão.”
Para o professor, se o objetivo era capturar determinados alvos e isso não ocorreu de forma significativa, “a operação deixou a desejar”. Ele também destaca que a morte de policiais indica falhas operacionais.
“Claro que é difícil operar no Rio de Janeiro, porque há facções entrincheiradas, como o Comando Vermelho, num cenário de guerrilha urbana. Mas isso mostra o quanto qualquer operação ali não é trivial.”
Alcadipani ressalta que o problema principal não é apenas o resultado imediato, mas a ausência de planejamento estratégico.
“A questão não é nem sucesso ou fracasso da operação. A grande questão é o que vem antes e depois. O Comando Vermelho se enfraqueceu? Lideranças foram neutralizadas? Houve recuperação de território? Me parece que nenhum desses objetivos foi atingido, porque nada foi organizado para o depois da operação. Qual é a estratégia de segurança pública do Rio de Janeiro? A gente não tem isso.”
O especialista acrescenta que ações desse tipo tendem a afetar a confiança pública nas instituições policiais.
“Toda vez que existe morte, isso abala a confiança na polícia. E num contexto polarizado como o atual, esse tipo de operação reforça percepções positivas entre quem apoia a linha dura, e negativas entre os críticos. O ponto central deveria ser o profissionalismo da polícia, e ele não está se mostrando. É preciso observar as consequências dessa operação e como isso vai se desdobrar.”