Uma das dúvidas mais comuns de quem está começando a cuidar do dinheiro é saber se vale mais a pena poupança ou investir para a reserva de emergência.
Em situações como a perda do emprego, um problema de saúde na família, um carro que quebra ou qualquer outro fato que comprometa o orçamento, o impacto emocional chega junto. E muita gente só se dá conta que não tem um valor separado para lidar com esses imprevistos no exato momento em que acontecem.
Rogério Nakata, planejador financeiro CFP pela Planejar, explica que a reserva funciona como o estepe do carro. “Ela precisa estar lá, pronta e cheia de ar, porque um dia você vai precisar dela. Caso contrário, a alternativa costuma ser o cheque especial, e isso custa caro”, alerta.
Ele conta que muitas pessoas já vivem em um estado permanente de emergência, sempre apagando incêndios e lidando com insegurança financeira. Isso desgasta não só o bolso, mas também o emocional ao longo do tempo.
Além do papel da reserva de emergência, o especialista falou sobre as diferenças entre a poupança e outros investimentos conservadores, em quais situações cada um pode fazer sentido e deu dicas para quem está começando agora. Confira a seguir.
Rentabilidade não é prioridade na reserva de emergência
Na hora de escolher entre poupança ou investir para a reserva de emergência, muita gente começa olhando para o retorno, mas isso é uma lógica invertida.
Como explica Rogério, “a rentabilidade não deve ser o primeiro ponto, porque esse é um dinheiro que precisa ser disponibilizado em curtíssimo prazo”. Isso acontece porque investimentos mais rentáveis normalmente pedem prazo, têm oscilações ou exigem condições específicas para retirada, e a reserva precisa estar livre para ser utilizada a qualquer momento, exatamente quando o imprevisto chega
O especialista também lembra que o custo de não ter uma reserva é muito maior do que qualquer rendimento perdido. “Sem uma reserva de seis meses a um ano, você paga muito mais caro pelo cheque especial, que cobra 8% ao mês. A reserva existe para proteger, não para multiplicar”, reforça.
Poupança, Tesouro Selic, CDB e fundo DI: o que muda na prática
Na hora de escolher, a comparação entre as modalidades passa pela liquidez e simplicidade de cada uma.
Nesse sentido, a disponibilidade imediata da poupança é uma vantagem clara. É possível pedir o resgate a qualquer dia e horário, e imediatamente ele cai na conta. Por outro lado, ela tem o menor rendimento entre as opções conservadoras da renda fixa.
Já o Tesouro Selic, os CDBs de liquidez diária e os fundos DI oferecem retorno maior, mas o dinheiro pode levar de um a dois dias para ficar disponível, como explica Rogério Nakata:
- No Tesouro Selic, é preciso pedir o resgate até às 13h30 para ter os recursos na conta no mesmo dia.
- No caso do CDB, o pedido deve ser feito até as 15h. Mesmo assim, se a transferência não ocorrer até as 17h, o dinheiro também só chega no outro dia útil.
Na maioria das vezes, esperar um ou dois dias é totalmente razoável. Por isso, quem consegue lidar com esse intervalo consegue encontrar nos títulos conservadores um meio-termo entre segurança, retorno e liquidez.
Quando a poupança pode fazer sentido
Apesar do baixo rendimento, Rogério não demoniza a poupança. Para ele, já é o mínimo aceitável para quem está dando os primeiros passos. Mas passada a fase inicial, vale buscar outros produtos tão seguros quanto a poupança e que oferecem retorno melhor.
O especialista reforça que o objetivo da reserva de emergência não é a rentabilidade, “mas se dá para deixar os juros compostos jogarem a seu favor sem perder a segurança, faz sentido evoluir”.
Dicas finais para quem está começando agora
As orientações de Rogério funcionam como um check-list rápido para quem quer começar da forma certa, mesmo com pouco. Veja alguns pontos simples que esclarecem dúvidas e ajudam a criar consistência na hora de investir.
| Poupança ou investir? | Comece pela poupança se for mais fácil, mas evolua: Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária e fundos DI são tão seguros quanto e rendem mais. |
| Não espere o momento ideal | Ele nunca chega. Sempre vai existir algo mais interessante para fazer com o dinheiro. |
| Automatize seus aportes | Programe débitos logo que o salário entra na conta, para tirar a decisão do caminho. |
| Não subestime imprevistos | Coisas repentinas acontecem com todo mundo, e a reserva serve para isso. |
| Adapte o valor ao seu tipo de renda | Servidor: 3 meses; CLT: 6 meses ; profissional liberal: 12 meses. |
| Mesmo com dívidas, comece | Separar um valor pequeno já muda a mentalidade do endividamento para a de segurança. |