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domingo, novembro 9, 2025

Bíblia, Fernanda Montenegro e Rita Lee: saiba o que caiu no Enem 2025

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O primeiro dia do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) de 2025 apresentou opiniões da cantora Rita Lee e da atriz Fernanda Montenegro sobre envelhecimento para a prova de redação. Também caíram questões sobre meio ambiente, religião e povos indígenas. Além disso, uma das principais novidades da prova foi um texto grande que serviu para cinco questões diferentes. Nos últimos anos, a prova dava preferência para textos curtos que serviam apenas um item cada.

— As primeiras cinco questões todas elas eram referentes a um único texto. Fazia muito tempo que não acontecia isso. Um único texto para mais de uma questão. Um texto longo, todos referentes a esse texto, com enunciados bem diretos — afirmou o coordenador de redação do Colégio Unificado, Ávila Oliveira.

De acordo com ele, os textos de apoio da proposta de redação apresentava, dados dos dois últimos censos do IBGE, diferentes imagens de representação de pessoas com mais de 60 anos e opiniões da cantora Rita Lee e da atriz Fernanda Montenegro sobre evelhecimento.

— Eram opiniões dela sobre envelhecer ser momento de novos caminhos e não como fim da vida — diz.

Vinicius Tessari, professor de história do Curso Anglo, afirma que uma questão usou duas passagens da Bíblia e uma do Alcorão para debater o papel dos conhecimentos externos e do avanço científico, de um modo geral, dentro da religião.

— A questão em si pedia para você trazer essa relação ou o que esses três textos estavam falando a respeito do homem que conhecia a ciência, do que eles consideravam dentro disso.

Além dessas, a prova teve pelo menos outras três questões sobre religiões. Uma sobre língua de santo nos terreiros, outra a respeito de dança gospel e mais uma que tratava das religiões de orixás. O supervisor de avaliações Pedro Lopes também destacou uma questão que tratava da religiosidade medieval, discutindo como a ideia de salvação naquele período.

Segundo Lopes, ainda na área de história, o exame trouxe a roda dos expostos de Salvador, instituição criada no contexto colonial para acolher recém-nascidos abandonados.

— Tinham como preocupação central o cuidado com a “alma” dessas crianças. Realizavam batismos nelas, dado o alto cenário de mortalidade infantil.

Na avaliação de Juliana Przybysz, professora coordenadora de geografia no Elite Rede de Ensino, a prova não estava tão complexa.

— Ela abordou temas como geografia urbana e rural, impactos ambientais e sustentabilidade, fontes de energia, transporte, geologia e uma questão de geopolítica e conceito de “geo” — afirmou.

Segundo o professor Breno da Silva, professor de Filosofia da Escola SEB Lafaiete, a prova aindaabordou uma música do sambista Paulinho da Viola, na parte de Sociologia, chamada “Sinal Fechado”, que abordava a efemeridade dos vínculos afetivos no mundo contemporâneo.

— Também caiu na parte de Filosofia um texto da Clarice Lispector, “O que eu queria ter sido”, para uma discussão sobre doutrina ética, fundamentada num pensamento altruísta — lembra.

De acordo com Raphael Kapa, Orientador Pedagógico do Ensino Médio do Colégio Andrews, a prova de História exigiu mais do que interpretação de texto.

— Foi preciso ter realmente uma boa sala de aula para realizar a prova. Inclusive, havia algumas questões que os alunos podem achar “pegadinhas”, mas não são. Eu destaco uma sobre Getúlio Vargas e Carlos Lacerda, que apareceu.

O Enem 2025 teve 4,8 milhões de inscritos. Nesta edição, o Ministério da Educação (MEC) decidiu retomar a certificação do ensino médio. Com isso, o número de candidatos com mais de 18 anos que não terminaram a educação básica cresceu 200% — passando de 24 mil para 81 mil inscritos de 2024 para 2025. Outro grupo que teve crescimento expressivo foi o de pessoas com mais de 60 anos, que subiu 191% entre 2022 e 2025, passando de 5.900 candidatos nessa faixa etária para 17.192.

Outra mudança importante é a forma com que os alunos vão disputar as vagas no Sistema de Seleção Unificado (Sisu), que é realizado em janeiro de 2026. A partir deste ano, os candidatos poderão usar as notas dos três últimos anos, desde que não tenham feito a prova como treineiros. A novidade revoltou jovens do final do terceiro ano do ensino médio, que só terão uma nota para competir com aqueles que já fizeram o Enem mais vezes, e a tendência é de aumento na nota de corte de cursos mais competitivos.

Neste primeiro dia, são 90 questões divididas entre Ciências Humanas e Linguagens, além de Redação. Já no próximo domingo serão mais 90 itens de Matemática e Ciências da Natureza. É por meio dessa prova que se selecionam os calouros da maior parte das vagas das universidades federais e os beneficiados no programa do governo federal de bolsas nas instituições privadas, o Prouni.

Em 2025, os candidatos vão encarar uma série de novas regras. A prova de Redação, por exemplo, teve oficializada na Cartilha do Participante uma orientação contra as chamadas “citações coringa”. Essa é uma estratégia que se popularizou nos últimos anos e consiste em memorizar uma referência genérica para utilizar em qualquer tema proposto.

A utilização de repertório para argumentação é pontuada na competência 2 da redação do Enem. Ela mede a capacidade do candidato de compreender o tema e desenvolver um texto dissertativo-argumentativo coerente com a proposta, utilizando repertório sociocultural.

Para demonstrar repertório, os alunos são incentivados a fazer citações de livros, pensadores, filmes, músicas, séries etc. Caso façam de forma adequada, ganham mais pontos. Até 2024, professores de redação recomendavam a memorização de citações genéricas que poderiam ser usadas em qualquer texto.

Agora, em 2025, o MEC reforça na Cartilha do Participante que essa estratégia não deve ser utilizada por entender que ela descredibiliza o texto e não demonstra domínio de conteúdo. “A recomendação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC) responsável pela prova, é explorar mais o repertório autoral no texto”, diz o texto.

[Fonte Original]

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