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segunda-feira, novembro 3, 2025

Educação e plano de saúde deixam o top 3 de desejos dos brasileiros, dando lugar a carro e celular

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Ter um carro se tornou mais importante do que ter a casa própria. Na lista de desejos dos brasileiros, a preferência é de 62% e 47%, respectivamente. O desejo de ter acesso à educação e ao plano de saúde, que desde 2011 completavam a tríade de sonhos da população, junto com o do imóvel, foram desbancados pelo celular e o acesso à internet, terceiro e quarto colocados no ranking. Educação caiu da segunda para a quinta posição e planos de saúde, da terceira para a sétima. A lista de desejos foi ranqueada pela nova edição da pesquisa Vox Populi, encomendada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) para ter um quadro completo de como anda a visão dos brasileiros sobre os planos de saúde. O levantamento, ao qual o blog teve acesso em primeira mão, revela uma mudança nas prioridades da população após a pandemia, quando havia sido realizado pela última vez, em 2021. Vale ressaltar que o entrevistado pode indicar mais de um item e, por isso, a soma supera os 100%.

O novo ranking reflete o crescimento de 25,5% d número de trabalhadores em aplicativos, entre 2022 e 2024. A pandemia também amplificou a importância do celular e do acesso à internet. Em 2024, 88,9% da população de 10 anos ou mais possuía telefone móvel celular para uso pessoal — cerca de 167,5 milhões de pessoas. Em 2023, 88 % dos brasileiros de 10 anos ou mais utilizaram a internet no Brasil, em 2016 esse percentual era de 66,1%. Todos esses são dados do IBGE e confirmam relevantes mudanças na forma de trabalhar e viver que ganharam tração nos tempos de isolamento, mas que se perpetuam nos dias autuais.

Mas há outras razões fora das estatísticas do IBGE, apontam os especialistas. A queda dos planos de saúde no ranking, surpreendeu José Cechin, superintendente executivo do IESS. Para ele, no entanto, há uma razão clara para essa mudança: o aumento dos preços.

– O preço se tornou muito distante da realidade financeira da maioria das pessoas, considerando que o Brasil é um país muito desigual. E, diante disso, é admissível a hipótese de a pessoa deixar de desejar algo porque se tornou inatingível. A medida que o preço sobe, diminui o número de pessoas que podem sonhar em ter um plano de saúde. Além disso, hoje nos planos oferecido pelas empresas 66% têm participação do trabalhador e esse custo passou a pesar na conta das famílias. Isso não diminui a importância dos planos de saúde para a população, que ainda é muito valorizado e entendido como uma garantia de atendimento rápido e mantém um nível de satisfação entre seus usuários bastante alto – afirma Cechin, que aponta a acelerada adoção de novas tecnologias e a judicialização como fatores que levaram a escalada dos preços da saúde suplementar.

A mudança nas posições da listas não surpreendeu a professora Andrea Serpa, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Na avaliação da professora, várias questões articuladas contribuem para o desprestígio da educação.

– A educação no Brasil passou por um ataque discursivo – de autoridades – violento na última década. Professores e escolas são sistematicamente desqualificados, e até fisicamente atacados como vemos diariamente nos noticiários e isso é reflexo de como a sociedade nos vê. Nem as universidades escapam dessa desqualificação. Além disso, nas redes sociais houve uma explosão de “coachs” e influenciadores” e “jovens artistas” que vendem para os jovens a ideia de que o sucesso não passa pelo desempenho acadêmico, que a escola é perda de tempo, e que você precisa mudar é a “mentalidade” para atrair dinheiro. E como nesse viés ideológico existe uma redução de que sucesso é igual a dinheiro, estudar deixa de ser importante – afirma Andrea.

Outro ponto que reflete a mudança no ranking dos sonhos dos brasileiros, avalia a educadora, é o desinteresse dos jovens pelos empregos formais.

– Para alguns, CLT virou até ofensa: significa o pobre que vai trabalhar muito, ganhar pouco e nunca conseguir o carro e o celular dos sonhos. Então, não sonham em fazer faculdade, passar em um concurso, ter um emprego formal que os “prendam” por 8h em um sistema “opressor”, mas ter um vídeo no TikTok estourado e conseguir patrocinadores para poder “comprar” seus sonhos. Claro que não posso esconder: o sucateamento das escolas. As escolas têm currículos defasados, conteúdos que não dialogam com a realidade, professores exaustos, falta de infraestrutura acolhedora, sem projetos interessantes, um lugar adoecido e adoecedor – admite Andrea.

O Vox Populi ouviu 3,2 mil pessoas com 18 anos ou mais, entre beneficiários e não beneficiários de planos de saúde e odontológicos, em oito regiões metropolitanas — São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Manaus e Brasília. As entrevistas foram presenciais, realizadas entre 31 de julho e 17 de agosto de 2025, com nível de confiança de 95%.

Confira a lista dos dez maiores desejos dos brasileiros:

  1. Carro próprio, foi apontado como desejo por 62% dos entrevistados
  2. Casa própria: 47%
  3. Celular: 37%
  4. Serviço de internet/Wi-fi: 31%
  5. Educação: 26%
  6. Computador/Notebook: 24%
  7. Plano de saúde: 19%
  8. Previdência privada: 16%
  9. Seguros (casa, residência…): 14%
  10. Serviços de streaming TV/música: 13%

(O entrevistado pode indicar mais de um item e, por isso, a soma dos itens supera 100%)

[Fonte Original]

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