Nada permite estabelecer um vínculo entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o desenvolvimento de transtorno do espectro autista (TEA) na criança, concluiu um amplo estudo publicado nesta segunda-feira na revista científica britânica BMJ.
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A publicação desmente a afirmação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que assegurou a existência de um vínculo entre o remédio e o diagnóstico, sem apresentar evidência científica, no fim de setembro.
“Os dados atualmente disponíveis são insuficientes para confirmar um vínculo entre a exposição ao paracetamol no útero e o autismo, assim como o transtorno por déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) durante a infância”, concluiu o estudo.
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A comunidade científica condenou as alegações de Trump, que instou mulheres grávidas a não tomarem paracetamol.
O medicamento, conhecido também pelo nome comercial Tylenol, é um analgésico muito usado por mulheres grávidas, especialmente porque outros, como aspirina e ibuprofeno, apresentam riscos comprovados para o feto.
Após as declarações de Trump, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também reafirmou a ausência de um vínculo comprovado entre o medicamento e o autismo. O novo estudo reforça esse consenso.
Vários especialistas elogiaram a publicação. Emm comentário ao Science Media Center britânico, Dimitrios Sassiakos, professor de obstetrícia na University College London, no Reino Unido, disse que ele se baseia “em uma metodologia de alta qualidade que confirma o que especialistas repetem em todo o mundo”.
O artigo da BMJ não se baseia em novas pesquisas, mas faz um panorama mais completo e preciso até agora sobre o que já foi publicado acerca do tema.
Trata-se de uma “revisão guarda-chuva”, um trabalho que reúne outros estudos que, por sua vez, também tentaram fazer uma síntese do conhecimento sobre esse assunto.
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Vários trabalhos sugeriram um possível vínculo entre o paracetamol e o autismo, mas a qualidade deles foi “baixa” ou “extremamente baixa”, segundo os autores do novo estudo. Além disso, na maioria das vezes, não tomaram precauções suficientes para excluir outros fatores que podem ter influenciado os resultados, como predisposições genéticas ou problemas de saúde da mãe.
Essas críticas se concentraram principalmente em um estudo publicado neste ano na revista científica Environmental Health, frequentemente citado pelo governo de Trump. Ele sugeria a possibilidade de um vínculo, embora sem chegar a confirmar sua existência por se tratar de um trabalho observacional.