A operação de data centers da Amazon é muito maior do que se imaginava, totalizando mais de 900 instalações em mais de 50 países, de acordo com documentos analisados pela Bloomberg e pelo site investigativo SourceMaterial.
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A Amazon Web Services (AWS), divisão de computação em nuvem da Amazon, é mais conhecida por seus extensos polos de data centers na Virgínia e no Oregon. Mas esses tipos de complexos gigantescos, que a empresa possui ou opera por meio de contratos de arrendamento de longo prazo, não representam toda a sua presença.
A unidade de computação em nuvem também distribui estruturas para abrigar servidores (rack) dos chamados data centers de colocation, alugando espaços que, no ano passado, forneceram cerca de um quinto da capacidade de computação disponível para a Amazon, segundo os documentos.
Os data centers de colocation são espaços onde disponibilizado por um provedor especializado para que empresas instalem seus próprios equipamentos de TI.
Chamados de “colos” no setor, esses data centers alugados normalmente são subdivididos entre diferentes clientes. A presença da AWS nessas instalações varia de alguns racks de servidores em uma sala dedicada até a maior parte — ou mesmo a totalidade — de edifícios enormes em lugares como Frankfurt e Tóquio.
A AWS não divulga a localização de data centers individuais por razões de segurança e para manter detalhes operacionais fora do alcance de concorrentes. Os documentos lançam luz sobre as operações de computação em nuvem da Amazon em um momento em que investidores buscam entender se a AWS possui capacidade suficiente para atender à enorme demanda computacional para inteligência artificial.
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Eles também mostram que a AWS é uma das maiores locatárias de espaços de colocation do mundo, sugerindo que a empresa tem flexibilidade para oferecer aos clientes uma variedade de serviços ao redor do globo.
— Existem grandes data centers sobre os quais todos falam, mas a realidade é que também há esses recursos de nuvem menores que são invisíveis — disse Nic Benders, estrategista técnico-chefe da New Relic, que ajuda empresas a gerenciar sua infraestrutura tecnológica. — Os provedores de nuvem não gostam de dizer onde eles estão.
No início de 2024, a AWS dependia de mais de 440 data centers de colocation. A presença da empresa em alguns desses locais é projetada para oferecer aos clientes a capacidade de encaminhar rapidamente dados de seus próprios servidores — ou dos servidores de outros provedores de nuvem — para a infraestrutura da Amazon.
A porta-voz da AWS, Aisha Johnson, disse que a abordagem da Amazon para data centers “equilibra propriedade com flexibilidade” e é impulsionada pela crescente demanda pelos serviços da AWS.
“Embora possuamos e operemos a maior parte dos nossos data centers, aproveitamos estrategicamente opções de terceiros quando elas oferecem capacidade adicional ou alcance geográfico”, afirmou ela em comunicado por e-mail. “Essa abordagem de planejamento de longo prazo nos permite tomar decisões precisas que se alinham às necessidades em constante evolução de nossos clientes.”
A AWS é a maior vendedora de capacidade computacional alugada do mundo, embora essa liderança esteja sendo desafiada por rivais como a Microsoft e o Google, que viram suas vendas dispararem com a expansão dos serviços de IA. Ainda assim, a unidade de nuvem da Amazon gerou US$ 33 bilhões em receita no terceiro trimestre e continua sendo a divisão mais lucrativa da empresa, contribuindo com US$ 11,4 bilhões em lucro operacional no período.
Grupos ambientais e defensores do consumidor alertam que a rápida expansão de data centers pela Amazon e seus maiores concorrentes está sobrecarregando redes elétricas e prolongando a vida de usinas movidas a combustíveis fósseis.
A Amazon tem sido a maior apoiadora corporativa de projetos de energia renovável nos últimos anos, parte de seu objetivo de alcançar emissões líquidas zero até 2040. Ao mesmo tempo, seus megaprojetos em lugares como Indiana e Mississippi estão ajudando a impulsionar a construção de novas usinas a gás natural.