21.5 C
Brasília
quinta-feira, dezembro 18, 2025

COP30 marca avanço do papel das empresas na agenda climática

- Advertisement -spot_imgspot_img
- Advertisement -spot_imgspot_img

Se é fato que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em novembro, em Belém (PA), ficou conhecida como a “COP da execução”, marcando a transição do discurso para a prática, também é correto afirmar que as empresas passaram a ocupar um papel central nesse processo.

O presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou publicamente, à época do evento, que o nível de engajamento do setor privado o impressionou. E a percepção não foi casual. A consultoria Beon, que acompanha o mercado e o engajamento empresarial em ESG, tem mostrado em suas pesquisas um crescimento na adoção da agenda. O mapeamento “A maturidade social, ambiental e de governança nas empresas brasileiras” indicou um aumento na existência de uma estratégia de sustentabilidade nas empresas. Em 2021, o percentual era de 37%, e em 2024 saltou para 51%.

“As empresas têm se engajado mais com a agenda, por constatar que não adianta ignorar o problema, porque ele não vai deixar de existir. E que, portanto, é melhor ter uma participação ativa, seja para reduzir impactos, seja, eventualmente, para construir valor”, avalia Danilo Maeda, CEO da Beon ESG.

Diretrizes globais e avanços no Brasil

As diretrizes previstas no texto final da COP30 e os acordos firmados entre os países dão a tônica do que cada nação pode fazer para ajudar a enfrentar a crise climática nos próximos anos.

Uma dessas iniciativas trata do mercado de carbono, que avançou com a criação de uma coalização, liderada pelo Brasil, reunindo 18 países – com a adesão de China, União Europeia e Reino Unido. “Essa agenda já existe há alguns anos e agora deu um importante passo, que é a implementação”, destaca Maeda.

O governo brasileiro também aproveitou o calendário da Conferência para apresentar a versão final da Taxonomia Sustentável Brasileira, documento que estabelece diretrizes para identificar atividades econômicas de acordo com seus impactos climáticos, e propor a chamada Super Taxonomia, mecanismo que permite a investidores, governos e empresas comparar níveis de sustentabilidade entre países a partir de parâmetros oficiais.

Todos esses instrumentos, do texto final às novas regulações, exigem adequação das empresas e mostram que a execução das ações ocorre também no cotidiano das organizações.

“O setor privado é o principal agente na implementação do combate às mudanças climáticas. No fim do dia, colocar o que foi discutido em prática depende grandemente das empresas, porque são elas que produzem os impactos, e terão que concretizar as medidas necessárias para mitigar esses efeitos. Essa COP reforçou esse entendimento de que não haverá uma solução única”, diz Maeda.

Ajinomoto e Banco do Brasil: um caso de integração

A companhia do ramo alimentício e a instituição financeira firmaram, durante a COP30, um memorando de entendimento para estruturar uma colaboração voltada ao financiamento verde e ao apoio à descarbonização da pecuária.

A parceria prevê que o Banco do Brasil ofereça condições específicas de crédito para produtores que adotarem tecnologias sustentáveis, desenvolvidas pela multinacional japonesa.

O primeiro foco da cooperação é a ampliação do AjiPro™ L, aditivo que otimiza o aproveitamento da proteína da dieta e reduz a necessidade de insumos proteicos na alimentação do gado. A inovação contribui para a diminuição de emissões associadas aos sistemas pecuários e permite ganhos de produtividade. A lógica do arranjo envolve a oferta de financiamento para que produtores incorporem a solução em seus sistemas, criando condições para que a adoção ocorra de maneira mais ampla.

“O caso Ajinomoto é um exemplo de como o contexto atual incentiva o setor privado a desenvolver soluções, pois à medida que a necessidade de reduzir emissões no setor pecuarista se impõe, tornam-se possíveis iniciativas como essas. Ou seja, eu posso ter um produto que ajuda a endereçar uma parte do problema e, nesse pacto, um agente financiador que cria uma linha de subsídio. Esse tipo de movimento vai se tornar mais comum, com soluções que aceleram o processo. O setor privado, geralmente, é o principal fornecedor desse tipo de medida. O poder público, por sua vez, terá que estruturar mecanismos para que isso se torne cada vez mais frequente, possibilitando uma intensificação da agenda sustentável”, completa Maeda.

Para acompanhar o ritmo das mudanças, as empresas precisam compreender como transformar as decisões da COP em ações concretas. A Beon esteve na Conferência, produzindo relatórios e análises sobre tendências, riscos e impactos regulatórios, com foco em apoiar empresas na interpretação das decisões do evento e na preparação de suas estratégias climáticas.

“Temos o papel de ser um guia do percurso. Aqui, oferecemos uma visão geral aplicável a todos. Mas, em cada negócio, a tradução e o entendimento de como essas decisões podem impactar a organização precisam ser feitos com o nível de detalhe adequado a cada realidade. Nosso trabalho é apoiar a definição de caminhos e a interpretação dos riscos e de oportunidades específicas de cada empresa”, afirma Maeda.

[Fonte Original]

- Advertisement -spot_imgspot_img

Destaques

- Advertisement -spot_img

Últimas Notícias

- Advertisement -spot_img