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quinta-feira, dezembro 11, 2025

Países lusófonos sofrem impactos crescentes da degradação ambiental, diz estudo

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O avanço da degradação ambiental está causando milhões de mortes todos os anos e prejuízos de trilhões dólares.

A 7ª edição do relatório Visão Global do Meio Ambiente, produzida por 287 cientistas, de 82 países, revela que o modelo de desenvolvimento atual está sobrecarregando o planeta, as pessoas e as economias.

Desmatamento e poluição na Amazônia

O estudo lançado nesta terça-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, revela que o custo dos eventos extremos atribuídos às mudanças climáticas nos últimos 20 anos é estimado em US$ 143 bilhões por ano. Já os danos à saúde causados pela poluição do ar criaram um prejuízo de US$ 8,1 trilhões em 2019, cerca de 6,1% do Produto Interno Bruto, PIB, global.

O relatório mostra que esses impactos são evidentes em países lusófonos. No Brasil, por exemplo, o crescimento do desmatamento foi associado a um aumento de 39% no número de incêndios florestais entre 2012 e 2019 na Amazônia, afetando negativamente a qualidade do ar na América do Sul.

A região também sofre com a poluição por plásticos. De acordo com o estudo, foram identificadas até 74,5 mil partículas de microplástico por litro na Amazônia brasileira e seus afluentes.

No nordeste e sudeste do Brasil, mais de 30% do habitat de espécies de aves e anfíbios são direta ou indiretamente afetados pela mineração, que coloca em risco a rica biodiversidade da região.

Já na zona costeira do país, uma preocupação crescente é o descarte de produtos farmacêuticos. Estudos revelaram que medicamentos como o ibuprofeno podem ser encontrados em águas costeiras e em certas espécies de frutos do mar.

ONU News/Felipe de Carvalho

Pará, Brasil. Na região onde o rio Amazonas encontra o Oceano Atlântico.

Risco para a pesca em Portugal

Outra grande ameaça nos mares é a sobrepesca, que se intensificou nas últimas décadas, com mais de 37% dos estoques pesqueiros classificados como sobreexplorados.

Até 2100, a produção global de peixes deverá diminuir, afetando principalmente países com alta dependência de proteínas de origem aquática, como Portugal.

O relatório lembra que nos incêndios florestais de 2024, o país europeu perdeu 50 km² da floresta de Laurisilva da Madeira, que faz parte das áreas protegidas da União Europeia.

Aumento da frequência de ciclones em Moçambique

O levantamento também aponta que o aumento da temperatura dos oceanos, de +0,3 a +1,5°C em torno da África nos últimos 30 anos levou à duplicação do número de ciclones que atingem o continente desde a década de 1970.

Essa mudança faz com que a frequência de ciclones tropicais que atingem a região central e norte de Moçambique esteja aumentando.

As alterações climáticas também estão agravando os problemas de disponibilidade de água na África, ameaçando a produção de alimentos e a geração de energia hidrelétrica.

A produção das principais usinas hidrelétricas do rio Zambeze, na África, poderá diminuir entre 10% e 20% em condições climáticas mais secas, o que levaria a um aumento de 20% a 30% nos custos da eletricidade a curto prazo nos países de Moçambique e Zâmbia, que dependem fortemente dessa fonte de energia.

Crianças na cidade de Pemba, Moçambique, que foi devastada pelo ciclone Chido em dezembro de 2024

Crianças na cidade de Pemba, Moçambique, que foi devastada pelo ciclone Chido em dezembro de 2024

Caminho para gerar ganhos anuais de US$ 20 trilhões

Os países costeiros da África Ocidental e Austral, incluindo Senegal, Nigéria e Angola, enfrentam erosão e aumento do nível do mar devido às suas costas baixas e lagunares. A situação é preocupante, pois muitos desses países possuem cidades costeiras em rápida expansão.

O relatório constata que investir em um clima estável, natureza e terra saudáveis, e um planeta livre de poluição é o caminho para evitar esses impactos.

O levantamento estima que a transformação para uma modelo mais sustentável traria benefícios macroeconômicos a partir de 2050, que poderiam chegar a US$ 20 trilhões por ano até 2070 e continuar crescendo.

Os autores propõem mudanças profundas em cinco áreas-chave: finanças, materiais e resíduos, energia, sistemas alimentares e meio ambiente.

*Felipe de Carvalho é redator da ONU News português

[Fonte Original]

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