A Petrobras voltou a negociar com o fundo de investimento Mubadala (Acelen) a recompra da Refinaria na Região Metropolitana de Salvador. As tratativas ganharam novo fôlego neste mês de dezembro e já chegaram ao conhecimento dos governos do Brasil e dos Emirados Árabes, que analisaram um primeiro esboço da operação.
A refinaria em questão é de Mataripe (antiga RLAM), localizada em São Francisco do Conde. De acordo com informações publicadas pelo jornal Estadão, a proposta formal ainda não saiu do papel e só deve avançar a partir de 2026. Mesmo assim, as conversas indicam um possível redesenho do negócio.
Ainda conforme a coluna, o Mubadala (Acelen) avalia manter apenas os ativos ligados ao Acelen Renováveis, enquanto o modelo de gestão da refinaria segue em discussão, sem definição sobre administração exclusiva ou compartilhada com a estatal brasileira.
O Banco Santander ficará responsável por analisar o valor que a Petrobras poderá oferecer na transação, segundo a mesma publicação. Essa etapa técnica deve pesar na decisão final e ajudar a definir os próximos movimentos das partes envolvidas.
A expectativa nos bastidores é que a operação seja concluída antes do período eleitoral presidencial. O pacote inclui não apenas a refinaria, mas também terminais terrestres em Jequié, Candeias e Itabuna, além do terminal marítimo de Madre de Deus. Em 2021, o Mubadala adquiriu a então Refinaria Landulfo Alves por cerca de US$ 1,6 bilhão.
Pressão por reestatização
A retomada da refinaria se tornou uma das principais bandeiras da Federação Única dos Petroleiros, FUP, e do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, Sindipetro. As entidades afirmam que a privatização trouxe perdas econômicas diretas para São Francisco do Conde.
Entre os pontos levantados estão o aumento dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha, alinhados ao mercado internacional, além da redução de postos de trabalho na região após a venda do ativo ao fundo árabe.
Posição da Petrobras
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, comentou o tema durante agenda no município de Maragogipe e evitou descartar a recompra da antiga refinaria. “Vamos ver o que o futuro traz pra gente”, afirmou.
Internamente, a Petrobras trata o assunto com cautela, mas reconhece o peso estratégico de Mataripe no abastecimento do Nordeste e no debate sobre o papel da estatal no refino nacional.