O presidente do BC, Gabriel Galípolo, foi questionado nesta segunda-feira (1) sobre o peso das exportações na China para a queda de inflação no Brasil. Durante participação em evento da XP, Galípolo destacou que o crescimento no déficit das transações correntes é um indicativo de que a economia brasileira está resiliente.
“O ‘quantum’ que a gente importou da China cresceu muito, mas o preço também caiu muito. No final do dia, ele está ali amortecendo, vamos dizer assim, um impacto que seria ainda maior tanto para déficit em transações correntes, quanto para a inflação. Ela está exportando desinflação ou deflação para a gente efetivamente a depender do produto”, disse.
Questionado sobre o comportamento do mercado de trabalho e possíveis leituras de superaquecimento ou de desalento das pessoas, Galípolo disse, pessoalmente, tem “muita dúvida” sobre a tese do desalento e ressaltou que o cenário levanta muito mais questões do que respostas.
“Com o nível de desemprego que você está, com crescimento da renda, crescimento do salário de admissão, eu acho complexo”, ressaltou, também destacando que, por diversas métricas, “é difícil contestar que o mercado de trabalho que se mostra aquecido”.
Galípolo disse que fatores locais e globais têm afetado o comportamento do mercado de trabalho e que não tem sido simples fazer essa análise.
O presidente do BC ainda comentou sobre os impactos do tarifaço americano. Galípolo disse que, nos debates que tem participado no exterior, tem visto uma visão predominante do mercado de que o tarifaço vai levar a uma mudança de nível de preços e não a um processo inflacionário em si, considerando também ganhos de produtividade com inteligência artificial. No entanto, há mais cautela nas conversas com outros banqueiros centrais.
Galípolo afirmou que o tarifaço enquanto risco se materializou, mas ainda segue uma dúvida sobre os efeitos, se haverá um impacto defasado ou realmente é uma mudança mais no nível de preço.