Os juros futuros encerraram o pregão de hoje com movimentos distintos ao longo da estrutura a termo da curva, com as taxas de curto prazo pressionadas por dados que indicaram robustez do mercado de trabalho, ao passo em que a ponta longa encontrou espaço para um recuo firme na reta final do último dia de negociações de 2025. A melhora coincidiu com a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), mas a ausência de uma reação mais forte dos Treasuries americanos sugere que o documento não deve ter sido o motivo para o recuo mais forte dos juros futuros de longo prazo.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2027 subiu de 13,78%, do ajuste anterior, para 13,795%; a do DI de janeiro de 2028 teve alta de 13,15% a 13,165%; a do DI de janeiro de 2029 recuou de 13,20% para 13,18%; e a do DI de janeiro de 2031 registrou queda de 13,505% a 13,445%.
O dia no mercado de renda fixa começou negativo após a Pnad Contínua do trimestre encerrado em novembro mostrar um novo recuo da taxa de desemprego do país, de 5,4% para 5,2%, nova mínima da série histórica iniciada em 2012. A percepção de um mercado de trabalho robusto foi reforçada pela criação líquida de 85.864 empregos formais no mês passado, acima do que a maior parte do mercado projetava.
O mercado de trabalho aquecido aponta para uma atividade econômica ainda robusta, o que tende a diminuir a urgência para que o Banco Central inicie o seu ciclo de cortes da taxa Selic. Com isso, os investidores passaram a precificar uma chance ainda menor de que a flexibilização da política monetária comece já em janeiro.
A curva de juros futuros chegou a embutir apenas 7 pontos-base (ou 0,07 ponto percentual) de corte para a reunião de janeiro do Copom – o que, na prática, indica uma expectativa bastante baixa de que isso ocorra. Movimento similar foi observado no mercado de opções digitais de Copom, onde a probabilidade de que a Selic se mantenha em 15% no mês que vem passou de 65% a 72%, conforme as apostas dos investidores.
A dinâmica mais negativa do mercado de renda fixa por conta dos dados do mercado de trabalho se arrastou até as duas últimas horas do último pregão de 2025. Perto de encerrar as negociações, os investidores passaram a aumentar a exposição às taxas prefixadas, com o volume de aplicações concentrado nas taxas de longo prazo, no que pode ter sido um ajuste de carteiras antes do começo de 2026.
Assim, os juros futuros de longo prazo encerram 2025 com um forte fechamento de taxas, após um fim de 2024 de bastante estresse por conta da questão fiscal e o ciclo de aperto monetário que foi conduzido pelo BC até junho deste ano.
A taxa do DI de janeiro de 2035, um dos vértices de longo prazo mais negociados pelo mercado, passou do nível de 15,42% no fechamento do ano passado para os 13,445% do fim da sessão de hoje – uma queda acumulada, portanto, de quase 200 pontos-base, ou 2 pontos percentuais.
Os juros futuros de curto prazo tiveram uma queda tão ou mais intensa em relação aos vértices longos da curva a termo, ainda que o seu desempenho tenha sido contido recentemente pela postura conservadora do BC e dados que fizeram os investidores postergarem a expectativa para o início de cortes da Selic. A taxa do DI de janeiro de 2027, por exemplo, cedeu do nível de 15,89%, ao passo em que a do DI de janeiro de 2028 terminou o ano passado no patamar de 15,85%.