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O dólar à vista chegou a recuar pela manhã, acompanhando o movimento global da moeda americana de maior fraqueza. Ao longo do dia, a moeda teve dificuldade em estabelecer uma direção, mas no fim do pregão o dólar registrou leve valorização frente ao real, em um movimento em linha com o observado em outros mercados pares. Não houve um motivo específico para essa reversão do movimento global, segundo operadores. Na sessão, os agentes financeiros seguiram atentos ao cenário eleitoral, ainda que não tenha ocorrido um evento forte o suficiente para dar um direcionamento mais expressivo ao câmbio. O fluxo de capital foi outro ponto de atenção, já que é esperado que na semana que vem se inicie a saída mais forte de dólares do país.
Encerradas as negociações de hoje, o dólar à vista fechou negociado em alta de 0,11%, cotado a R$ 5,4105, depois de ter encostado na mínima de R$ 5,3794 mais cedo e batido na máxima de R$ 5,4254. Na semana, o dólar teve queda de 0,41% frente ao real, em um movimento de alívio na percepção de risco eleitoral. Já o euro comercial apreciou hoje 0,14%, encerrando a R$ 6,3534, enquanto na semana valorizou 0,45%.
No começo da sessão de hoje, o dólar operava estável, mas ainda nas primeiras horas a moeda americana passou a cair frente ao real, chegando a operar abaixo de R$ 5,40. Operadores não enxergaram um motivo específico para essa queda, apontando apenas que o movimento estava em linha com o cenário externo e a apreciação de outras moedas de mercados emergentes e moedas ligadas a commodities.
Os agentes do mercado também seguiram monitorando as pesquisas eleitorais e, com alguns levantamentos apontando para uma disputa mais competitiva entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e candidatos da direita, pode ter ocorrido um alívio em parte dos prêmios de risco pela manhã, mas que depois se desfez. No fim da semana passada e começo desta semana, o risco havia sido embutido nos ativos domésticos, diante do lançamento da pré-candidatura à Presidência do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Para José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, ainda há uma percepção no mercado de que até o Carnaval, Flávio deve desistir de sua candidatura. “Há um espaço de voltar a tomar risco nessa crença. Se isso vai se confirmar ou não, só vamos descobrir em dois meses. Mas, há uma vertente forte no mercado financeiro de que o Flávio não vai manter a candidatura. As consultorias se dividem, mas o fato é que os preços estão reagindo como se ele não fosse continuar”, diz.
O executivo da Wagner Investimentos também chama atenção para o movimento do câmbio na semana que vem. Normalmente, a pressão de saída de dólares em dezembro ocorre em meados de dezembro e nos últimos dias do mês, daí o mercado estar bastante ansioso para os próximos dias. “Sabemos que tem cliente que tem que comprar dólar porque faz a antecipação das compras. Então, essa região de R$ 5,35 tem um suporte para compra de curto prazo. Perto de R$ 5,35 e R$ 5,40, para quem está precisando comprar, é para comprar, mas é algo de curto prazo. Pode demorar um pouco para isso mudar [dólar cair mais]”, diz.
Já o time de pesquisa para mercados emergentes do Société Générale diz, em nota, que no curtíssimo prazo, a realização de lucros de fim de ano pode dificultar a recuperação do real. “Dito isso, consideramos as avaliações atuais do real como atrativas, apesar de nossa expectativa de um aumento moderado na volatilidade da moeda e de uma compressão do carry em 2026”, afirmam, em nota. “Os preços atuais de mercado sugerem possíveis pressões de apreciação sobre o real caso haja surpresas positivas nas evoluções políticas ou nos resultados das pesquisas eleitorais”, ainda segundo o banco, cuja posição defendida é de venda em euro contra o real, além da posição comprada em real em uma cesta de moedas da América Latina contra o dólar.