A baixa visibilidade sobre a corrida eleitoral voltou a provocar uma forte oscilação de preços no Ibovespa nesta quinta-feira. No começo do pregão, os resultados da pesquisa Bloomberg/AtlasIntel, que apontou ampla vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação a candidatos da direita em um eventual segundo turno, além de uma elevada taxa de rejeição do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), geraram mau humor no mercado.
No entanto, no início da tarde, declarações do senador Ciro Nogueira (PP-PI) ao Valor, indicando menor disposição de Jair Bolsonaro (PL) em arriscar uma candidatura de Flávio Bolsonaro, caso o filho não melhore nas pesquisas, voltaram a dar fôlego aos ativos de risco. Na máxima intradiária, o Ibovespa chegou a tocar os 158.495 pontos.
Já perto do fim do dia, o índice voltou a devolver parte da alta diante da notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dará uma entrevista amanhã ao portal Metrópoles. A expectativa do mercado é que ex-mandatário do país aproveite o momento para reforçar a candidatura do filho. Com isso, o índice encerrou com ganho de 0,38%, aos 157.923 pontos, distante da mínima de 157.124 pontos.
Após dois pregões de perdas, as blue chips de bancos passaram por um dia de correção. No fim, as units do BTG Pactual foram destaque de alta, com ganho de 1,95%. Outros papéis subiram em bloco: Santander Units (+ 1,52%), Itaú Unibanco PN (+ 0,51%), Bradesco PN (+ 0,44%), e Banco do Brasil (+ 0,19%).
O movimento ocorreu após dois pregões de perdas mais intensas em papéis de bancos, em meio à turbulência eleitoral. Para o sócio e CIO de ações da Ibiuna Investimentos, André Lion, a explicação para o recuo dos papéis é técnica. “Muito fundo local tinha [ação de] banco. Apareceu um ruído que ninguém estava esperando e os investidores reduziram um pouco do risco, vendendo o que tinham”, diz. “Só que se um investidor quer vender e ninguém quer comprar, o funil fica pequeno. Com todo mundo tentando vender, a ação cai como um ‘tijolo’”, acrescenta o executivo, que detém posição em Bradesco e BTG Pactual atualmente.
Apesar do alívio visto hoje na bolsa local, o sócio da Ibiuna afirma que o pessimismo com o cenário eleitoral dentro da Faria Lima permanece grande. O executivo, porém, diz que prefere fazer uma análise dos fatos eleitorais “no relativo” e que não fez alterações expressivas na carteira em virtude da distância das eleições.
“Diferentemente dos ciclos anteriores, a discussão começou antes do que seria razoável esperar e as informações ainda são muito volúveis. São pré-candidaturas ainda. A própria pré-candidatura do Flávio possui posicionamentos contrários”, pondera Lion.
Enquanto os bancos passaram por um dia de recuperação, blue chips de commodities fecharam mistas: as PN da Petrobras cederam 0,58%; já as ON da Vale ganharam 0,26%, diante de avaliações positivas por parte de bancos de investimentos.
Para o J.P. Morgan, a Vale permanece como a mineradora global com múltiplos mais atrativos, com um desconto significativo em relação à média das mineradoras australianas. O banco tem recomendação de compra para o papel, com preço-alvo em R$ 86.
Já o Jefferies aponta a Vale como uma de suas ações preferidas para a América Latina, além de Itaúsa, RD Saúde, Totvs e WEG.
No cenário macroeconômico, embora Relatório de Política Monetária (RPM) do Banco Central tenha afastado as chances de um corte de juros na reunião de janeiro do Copom, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que não há nenhuma “seta dada” nem “porta fechada” para as próximas reuniões do colegiado. Ele reiterou que não haverá um único indicador ou evento determinante para as decisões da autoridade monetária.
Hoje, o volume negociado pelo Ibovespa foi de R$ 16,6 bilhões e de R$ 26,2 bilhões na B3. Enquanto isso, em Wall Street, os principais índices fecharam em alta: o Nasdaq subiu 1,38%; o S&P 500 avançou 0,79%; e o Dow Jones ganhou 0,14%.