O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil está, possivelmente, crescendo abaixo do seu potencial, diz Leonardo Porto, economista-chefe do Citi Brasil.
Ele observa que, em termos dessazonalizados, a taxa de desemprego está parada entre 5,6% e 5,7%, mas porque a força de trabalho não cresce há quatro ou cinco meses. “Nos últimos dois a três meses, não houve crescimento do emprego”, disse Porto durante encontro com a imprensa, nesta terça-feira (9), em São Paulo. “A taxa de desemprego só não subiu porque a força de trabalho caiu”, afirmou. “A taxa de desemprego com a força de trabalho constante já estaria subindo.”
Segundo Porto, uma taxa de desemprego em alta é um indício de uma economia que cresce abaixo do seu potencial. “[O PIB] está crescendo abaixo do potencial e, possivelmente, nos últimos dois trimestres”, disse, em referência às altas de 0,3% no segundo trimestre e de 0,1% no terceiro de 2025, em relação aos três meses imediatamente anteriores.
“Olhando o ‘big picture’, é inequívoco que a economia está em processo de desaceleração“, afirmou.
E, olhando à frente, Porto disse que os primeiros sinais do quarto trimestre continuam sendo de crescimento abaixo do potencial. Ele mencionou o comportamento da produção industrial e do crédito nos dados de outubro. “Não estou vendo recuperação da economia no curtíssimo prazo“, afirmou.
A safra, sobretudo de soja, que este ano deve crescer, em volume, a dois dígitos, pode registrar um crescimento entre 1% e 2% em toneladas em 2026, segundo Porto. “Esse efeito que geralmente cai no PIB do primeiro trimestre parece que vai ser bem limitado“, disse.
Porto ponderou que isso não significa dizer que a economia brasileira não vá acelerar. “A economia, aos poucos, vai entrar em processo de reaceleração. Mas esse processo não deve ser muito robusto“, disse. “A gente tem cenário de uma economia em processo de desaceleração agora, potencialmente se estabilizando abaixo do potencial. Isso vai abrir o hiato do produto, como diz o Banco Central, para depois entrar no processo de reaceleração. Isso se reflete no mercado de trabalho que, neste momento, já está enfraquecendo”, resumiu.
Porto projeta uma taxa média de desemprego de 6% em 2026, ante 5,8% em 2025. “Não estou falando de recessão, mas de crescimento [do PIB] abaixo do potencial no segundo semestre [de 2025] e passando por um processo de reaceleração gradual ao longo de 2026“, afirmou.