Resumo da notícia:
Stablecoins, tokenização de ativos reais e a interseção entre cripto e IA são as três tendências apontadas pela Hashdex.
A gestora afirma que a fase experimental do mercado cripto acabou, com adoção institucional e casos de uso consistentes.
“Criptodólares”, tokenização de ativos do mundo real (RWA) e a interseção com inteligência artificial (IA) serão as três tendências dominantes no mercado de criptomoedas em 2026, segundo a Hashdex.
No relatório anual “Crypto Investment Outlook 2026”, a gestora brasileira destaca que os criptoativos consolidaram sua maturação institucional e tecnológica em 2025, projetando um futuro em que o setor estará plenamente integrado ao sistema financeiro global.
Samir Kerbage, CIO da Hashdex, argumenta que a fase experimental do mercado cripto acabou. Com a redução dos riscos regulatórios e tecnológicos, a exposição a cripto deve deixar de ser uma aposta marginal. Os ativos digitais se tornaram diversificadores indispensáveis e o “novo normal” se caracteriza por uma convicção mais sólida por parte dos investidores.
Diante dessa mudança de paradigma, a tendência é que os investidores busquem uma exposição maior aos ativos digitais em seus portfólios, afirma Kerbage:
“Uma alocação de 5% é o novo 1%. Cripto já ultrapassa US$ 3,3 trilhões, representando cerca de 1% do total de ativos investíveis no mundo – incluindo ações, renda fixa e ativos privados. Isso significa que um portfólio com menos de 1% de exposição está, na prática, assumindo uma posição ativa de sub-exposição nessa classe de ativos.”
3 tendências dominantes para 2026
A primeira tendência apontada no relatório é a aceleração da escalada das stablecoins. Segundo a Hashdex, os “criptodólares” substituirão o petrodólar no comércio global.
A Hashdex projeta que a capitalização de mercado das stablecoins deve atingir US$ 500 bilhões em 2026, US$ 2 trilhões até 2028 e US$ 4 trilhões até 2030, impulsionada pela demanda por trilhos comerciais mais eficientes e proteção contra depreciação patrimonial em países em desenvolvimento. Atualmente, há US$ 295 bilhões em stablecoins em circulação.
O crescimento da demanda por stablecoins também pode contribuir para reafirmar o status do dólar como moeda de referência do sistema financeiro internacional, apesar das iniciativas do Brics lideradas pela China para diminuir a dependência da moeda americana no comércio global.
O relatório aponta que a emissão de stablecoins cria uma demanda estrutural por títulos do Tesouro americano, ajudando a financiar a dívida pública dos EUA e, ao mesmo tempo, criando uma alternativa moderna ao sistema bancário tradicional.
Estima-se que a emissão de US$ 4 trilhões em stablecoins poderia encurtar a duração média da dívida do governo dos EUA em quatro meses.
Além de beneficiar diretamente plataformas de contratos inteligentes como Ethereum (ETH) e Solana (SOL) – usadas para emitir e transacionar as stablecoins – a ascensão dos “criptodólares” também favorece indiretamente o Bitcoin (BTC), aponta o relatório:
“O Bitcoin, com características superiores de reserva de valor – incluindo sua escassez absoluta, imutabilidade e ausência de risco de contraparte – está bem posicionado para se beneficiar dessa transição, especialmente à medida que se torna mais aceito nos níveis corporativos e soberanos. Seus custos praticamente nulos de armazenamento e transferência o colocam à frente do ouro como um ativo neutro de liquidação internacional em um mundo multipolar.”
Mercado de ativos tokenizados deve crescer 10 vezes em 2026
A tokenização de ativos do mundo real deve ganhar tração exponencial à medida que grandes instituições financeiras – como a gestora BlackRock e bancos como o Citi e o JP Morgan – adotam a tecnologia blockchain, prevê a Hashdex:
“À medida que o dinheiro é tokenizado via stablecoins, é natural esperar que esses dólares busquem ativos de investimento, criando uma ponte poderosa entre o dinheiro digital e os mercados de capitais.”
A Hashdex projeta que setores inteiros, do mercado imobiliário a títulos de dívida, passem a ser negociados ‘on-chain’, com ganhos de eficiência e transparência tanto para os emissores quanto para os investidores.
O relatório estima um crescimento do mercado de ativos tokenizados (excluindo stablecoins) dos atuais US$ 36 bilhões para cerca de US$ 400 bilhões até o final de 2026. O potencial de longo prazo é ainda maior, “uma vez que há cerca de US$ 664 trilhões em ativos do mundo real que podem migrar para uma forma tokenizada”, afirma a Hashdex.
Interseção entre IA e cripto: a próxima fronteira
Os avanços em inteligência artificial representam o terceiro vetor de oportunidade para os investidores de criptoativos. O relatório prevê que o mercado de “IA Cripto” atingirá US$ 10 bilhões em 2026, devido à necessidade de uma camada de liquidação financeira descentralizada para sistemas autônomos.
Em um cenário futurista não tão distante, agentes de IA se tornarão entidades ativas, integradas à economia digital, segundo a Hashdex. Como as IAs não têm acesso a serviços financeiros tradicionais, a infraestrutura cripto se apresenta como a mais apropriada para que esses agentes movimentem valores on-line.
Novos casos de uso devem surgir a partir desta convergência, como “micropagamento, pagamentos contínuos (streaming) e serviços financeiros de IA para IA.”
“A convergência de IA e cripto se traduzirá diretamente em atividade de rede e na captura de valor pelas plataformas que impulsionam essa nova economia digital”, conclui o relatório.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a Hashdex projeta que a volatilidade que abalou o mercado no quarto trimestre deste ano sinaliza uma “explosão positiva” para o mercado em 2026.
Os analistas da gestora brasileira apontam que a adoção institucional e os fundamentos sólidos superam o ruído de curto prazo, criando uma janela de oportunidade para investidores focados no longo prazo.