O Ethereum passará por uma nova atualização nesta quarta-feira (3), a Fusaka, inaugurando mais um capítulo no processo contínuo de evolução da segunda maior blockchain do mundo. Desde sua criação, a rede passou por transformações profundas, como a migração para Proof-of-Stake na Merge, a introdução dos “blobs” em Dencun e diversas otimizações de desempenho, e cada etapa reflete o compromisso de longo prazo com escalabilidade, segurança e eficiência.
Essa atualização mais recente segue essa tradição ao combinar ajustes técnicos de grande impacto com mudanças estruturais que devem beneficiar tanto usuários quanto desenvolvedores.
A Fusaka é considerada um dos maiores esforços de escalabilidade da Ethereum até agora, especialmente porque mira diretamente o gargalo que surge com o crescimento das soluções de segunda camada. À medida que mais transações migram para rollups, aumenta a necessidade de espaço, velocidade e eficiência para processar grandes volumes de dados na primeira camada, e a Fusaka tenta resolver exatamente isso.
A proposta introduz um novo sistema de verificação de dados, amplia limites operacionais e reforça a resiliência contra ataques, tudo sem comprometer a descentralização da rede.
Leia também: O que é a atualização Fusaka? A maior aposta de escalabilidade do Ethereum até hoje
Outro aspecto importante desta atualização é a melhoria nas condições de operação dos nós da Ethereum. A rede se torna mais leve para sincronizar, mais previsível para validar blocos e mais robusta contra comportamentos maliciosos.
Parte dessas mudanças envolve novas estruturas de dados, ajustes de precificação, limites mais rígidos para transações específicas e a inclusão de recursos que facilitam a interoperabilidade com dispositivos modernos. O objetivo final é criar uma rede capaz de sustentar um ecossistema explosivamente crescente de aplicações descentralizadas, transações de alto volume e experiências de usuário mais intuitivas.
Atualização Fusaka do Ethereum em 13 pontos
A atualização reúne um conjunto de 13 EIPs (propostas de melhoria) que interferem em diferentes camadas do protocolo. Para explicar a dimensão desse pacote técnico, o pesquisador Jarrod Watts publicou um fio no X detalhando cada um desses pontos e como eles impactam o funcionamento do Ethereum.
A seguir, estão os 13 tópicos mencionados pelo usuário, cada um representando uma mudança específica introduzida pela Fusaka.
1/ EIP-7594 — PeerDAS
O PeerDAS escala os blobs, o tipo de dado usado por segundas camadas para enviar lotes de transações ao Ethereum. A novidade é o método de “amostragem”: cada nó armazena apenas parte dos dados dos blobs, e não mais o conjunto completo. Isso permite aumentar a capacidade de blobs por bloco sem exigir nós significativamente maiores.
2/ EIP-7892 — Blob-Parameter-Only (BPO) forks
Os forks BPO possibilitam aumentar a quantidade de blobs por bloco ao longo do tempo sem a necessidade de um hard fork. A capacidade deve dobrar após um mês e continuar crescendo gradualmente de 6 blobs por bloco para até 128.
3/ EIP-7918 — Blob base-fee tuning
O preço dos blobs atualmente é muito baixo — geralmente 1 wei — porque as L2 param de postar blobs quando o gás do L1 está alto. Esse comportamento leva o protocolo a diminuir o preço além do necessário. O EIP cria um preço mínimo de reserva vinculado ao custo de gás do L1 para corrigir essa distorção.
4/ EIP-7935 — Gas limit padrão de 60M
O limite de gás padrão passa a ser 60 milhões, ampliando o espaço para transações dentro de cada bloco. Um throughput maior reduz congestionamento e tende a baratear taxas. Essa mudança, segundo Jarrod, já está ativa na rede.
5/ EIP-7642 — Aviso de expiração de histórico
Nós da Ethereum agora informam o intervalo de blocos que conseguem servir, atualizam esse intervalo quando necessário e deixam de armazenar determinados elementos pesados, como o bloom das receipts — o que reduz mais de 500 GB por sincronização.
6/ EIP-7951 — Precompile secp256r1 (P-256)
A atualização adiciona suporte nativo ao sistema de assinatura usado por iPhones, Androids e a maioria dos dispositivos modernos. Isso abre caminho para experiências de carteira mais simples, como wallets com Face ID semelhantes ao Apple Pay.
7/ EIP-7917 — Deterministic proposer lookahead
O Ethereum passa a determinar previamente quem será o próximo propositor de bloco, permitindo pré-confirmações confiáveis no L1. Usuários podem receber confirmações praticamente instantâneas com garantias do futuro propositor.
8/ EIP-7825 — Limite de gás por transação
Atualmente, uma única transação pode consumir todo o gás de um bloco. Esse EIP impõe um limite de aproximadamente 16,7 milhões de gás por transação, reduzindo a vulnerabilidade a ataques de spam e atividades congestionantes.
9/ EIP-7934 — Limite de tamanho dos blocos (10 MB)
O EIP coloca um limite rígido de 10 MB no tamanho dos blocos em nível de protocolo. A medida impede que agentes maliciosos criem blocos excessivamente grandes, fortalecendo a rede contra ataques de negação de serviço.
10/ EIP-7910 — Método JSON-RPC eth_config
Um novo método RPC permite que os nós informem qual hard fork estão rodando. Isso evita falhas de consenso decorrentes de configurações incorretas antes das atualizações.
11/ EIP-7939 — Opcode CLZ (count leading zeros)
A adição do opcode CLZ permite contar bits zero iniciais em valores de 256 bits. Isso resulta em contratos mais baratos de executar, bytecodes menores e menor custo de provas em sistemas de ZK.
12/ EIP-7823 — Limite superior para o precompile MODEXP
A função MODEXP, usada para verificações criptográficas, era sujeita a bugs por aceitar entradas de tamanho ilimitado. O EIP define um limite de 8.192 bits para cada campo, tornando o uso da função mais seguro.
13/ EIP-7883 — Aumento do custo de gás do MODEXP
Além do limite de tamanho, o MODEXP também era subprecificado — podendo consumir enormes recursos com pouco custo. O EIP ajusta o preço de gás para refletir melhor o trabalho computacional exigido e impedir abusos.
Com esse conjunto amplo e abrangente de mudanças, a atualização Fusaka consolida mais um passo importante na trajetória de evolução da Ethereum, reforçando sua posição como a principal infraestrutura para aplicações descentralizadas em escala global. A expectativa é que, após a atualização, a Ethereum se torne mais robusta, eficiente e preparada para suportar a próxima onda de crescimento do setor.
Invista em Ethereum, a criptomoeda gigante que impulsiona a tecnologia do futuro. Clique aqui e comece no MB com a segurança de uma plataforma líder no Brasil. O seu futuro começa agora!