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terça-feira, dezembro 9, 2025

Regulamentação do Banco Central faz primeira vítima: fintech cripto fecha as portas no Brasil

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Resumo da notícia

  • Novas regras exigem capital mínimo milionário.

  • Crypto Use não sustenta operação sob exigências.

  • Startup pede calibragem regulatória urgente.

A nova fase regulatória do mercado de criptomoedas no Brasil já provocou sua primeira baixa. A Crypto Use, uma fintech nacional que vinha ganhando espaço no setor e mantinha parcerias de peso, como com a Binance, anunciou o encerramento de suas atividades após concluir que não conseguiria atender às novas exigências impostas pelo Banco Central do Brasil.

A empresa se tornou o primeiro caso público de fechamento diretamente ligado às regras vinculadas à Lei 14.478/2022, que permitiu ao Banco Central definir as regras para o mercado de criptoativos.

As normas endurecem os critérios para atuação de empresas de criptoativos no país. Entre as exigências, está um capital mínimo milionário, considerado incompatível com a realidade financeira da maioria das startups brasileiras.

Além disso, o Bacen estabeleceu padrões rígidos de governança e estrutura operacional, afetando principalmente empresas em estágio inicial. O contraste entre a promessa inicial, de atrair players globais para o país, e o efeito imediato sobre fintechs locais reacendeu o debate sobre proporcionalidade regulatória no setor.

De acordo com o advogado Rafael Stanfield, as novas exigências elevam radicalmente o nível de capitalização necessário. Ele afirmou que o setor se preparava para regras duras, mas não para uma elevação tão expressiva.

“Com o novo valor, várias outras empresas simplesmente não terão condições de se adequar”, disse.

O fundador da Crypto Use, Davi Lopes, comunicou o encerramento na quarta-feira (3) e afirmou que as exigências inviabilizaram a continuidade da operação. Para ele, a regulação não considerou o porte das empresas e acabou penalizando startups que ainda buscavam tração e capitalização.

“Ao encerrar as operações da Crypto Use, considero importante compartilhar uma reflexão sobre um dos principais desafios que enfrentamos: as novas exigências regulatórias, especialmente relacionadas a capital mínimo e estrutura operacional, que acabaram tornando insustentável a continuidade do projeto no estágio em que estávamos“, explica o empresário.

Regulação ignorou startups

Lopes destacou que o Brasil avançou bastante na agenda de inovação financeira e reconheceu o papel positivo do Banco Central na construção de um ambiente mais seguro para os usuários.

Contudo, ressaltou que o impacto regulatório é desigual, principalmente para empresas com acesso limitado a investimento de risco. Em suas palavras, os requisitos de capital e governança se tornaram um obstáculo insuperável para negócios em crescimento, mesmo aqueles que já tinham conquistado parcerias e validação de mercado.

Enquanto comunica o encerramento a clientes e parceiros, o empresário defende que o país adote mecanismos de proporcionalidade, permitindo que empresas menores possam começar com obrigações reduzidas e avancem para graus maiores de exigência apenas conforme ganham escala.

Ele cita modelos internacionais que já adotam essa lógica, favorecendo a inovação sem comprometer a segurança do usuário. Segundo ele, essa calibragem pode estimular a competição e fortalecer o ecossistema brasileiro.

Mesmo com o fim anunciado, o fundador reforçou a importância do diálogo contínuo entre startups, empresas estabelecidas e órgãos reguladores. Ele espera que a experiência da Crypto Use ajude a aprimorar o debate sobre o equilíbrio entre segurança e inovação. Em postagem em suas redes sociais, agradeceu aos clientes e se despediu, marcando o encerramento de um dos primeiros negócios afetados diretamente pelas novas exigências do Bacen.

[Fonte Original]

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