Por Giulio Piovaccari e Elvira Pollina
MILÃO, 13 Dez (Reuters) – A família Agnelli não tem intenção de vender a Juventus para a Tether ou qualquer outra pessoa ou empresa, afirmou neste sábado o CEO da holding da família, rejeitando a oferta do grupo de criptoativos pelo clube de futebol mais vitorioso da Itália.
‘A Juventus, nossa história e nossos valores não estão à venda’, disse o presidente-executivo da Exor, John Elkann, que vestia um moletom com capuz do time em um raro pronunciamento em vídeo publicado no site do clube da Série A, sediado em Turim.
A Tether, com sede em El Salvador e comandada pelo italiano Paolo Ardoino, torcedor da Juventus, afirmou na sexta-feira que apresentou uma proposta em dinheiro para comprar a participação da Exor no clube de Turim.
A Tether afirmou que fará uma oferta pública de aquisição pelas ações restantes da Juventus pelo mesmo preço oferecido à Exor e planeja investir 1 bilhão de euros para apoiar o clube conhecido na Itália como Juve se o negócio for concretizado.
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A empresa de criptoativos está oferecendo 2,66 euros por ação à Exor, segundo uma fonte familiarizada com o assunto, avaliando a Juventus em pouco mais de 1 bilhão de euros. O preço oferecido representa um prêmio de 21% sobre o preço de fechamento das ações da Juventus na sexta-feira, de 2,19 euros.
A Exor, listada na bolsa de Amsterdã, afirmou em comunicado que seu conselho de administração rejeitou unanimemente a oferta e que ‘não tem intenção de vender nenhuma de suas ações na Juventus a terceiros’.
A Juventus não registra lucro líquido anual há quase uma década, e suas ações caíram 27% até agora neste ano.
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A Tether, emissora da stablecoin USDT, que tem o dólar norte-americano como referência, já adquiriu uma participação de mais de 10% na Juventus este ano, tornando-se sua segunda maior acionista, depois da Exor.
Ao comprar um clube de futebol europeu de grande história, a Tether – cujo negócio enfrenta um escrutínio regulatório crescente na União Europeia – poderia obter uma ferramenta poderosa para construir laços com os parlamentares daquele continente, ao mesmo tempo que aumenta sua popularidade junto ao público em geral.
A Tether afirmou que propôs adquirir a totalidade das ações da Exor no clube, representando 65,4% do capital social da Juventus, sem revelar oficialmente o preço pelo qual pretende comprar as ações.
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A Exor, maior acionista da montadora Stellantis e que controla a fabricante de carros esportivos Ferrari, vem simplificando seu portfólio italiano.
Este ano, a empresa concordou com a venda da fabricante de caminhões Iveco para a Tata Motors, da Índia, e anunciou na segunda-feira que estava em negociações com a empresa de mídia grega Antenna para vender suas operações de notícias, incluindo dois grandes jornais e três estações de rádio populares.
A venda da Juventus — clube que pertence à família Agnelli há quase um século — provavelmente seria vista como o sinal mais claro até agora do gradual afastamento da família de seu país de origem. Os laços da família com o clube remontam a 1923, quando Edoardo Agnelli se tornou presidente.
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Nos últimos sete anos, investidores, liderados pela Exor, injetaram cerca de 1 bilhão de euros em capital novo na Juventus por meio de uma série de aumentos de capital.
(Reportagem de Devika Nair em Bengaluru, Giulio Piovaccari e Elvira Pollina em Milão)