Quem investiu na Petrobras (PETR4) e teve fôlego para atravessar uma década marcada por crises políticas, colapsos no preço do petróleo e mudanças profundas na estratégia da estatal foi amplamente recompensado.
Um aporte feito em 2015 teria multiplicado o capital de forma expressiva até 2025 — um contraste forte com o desempenho mais recente da ação, que ajuda a ilustrar o peso do horizonte de investimento na renda variável.
Levantamento de Norberto Sangalli, assessor de investimentos da Nippur Finance, mostra que um aporte realizado no começo do mês de dezembro de 2015 teria acumulado uma rentabilidade de 1.487%, dez anos depois.
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Na prática, isso significa que:
- Um investimento inicial de R$ 10 mil teria se transformado em R$ 158.700;
- R$ 20 mil virariam R$ 317.400;
- R$ 30 mil alcançariam R$ 476.100.
Segundo Sangalli, os números reforçam a importância da visão de longo prazo na renda variável. “O investidor que atravessou ciclos, mudanças políticas e oscilações do petróleo colheu um retorno extraordinário. O longo prazo é um filtro poderoso”, afirma.
Saiba mais: Quanto você teria hoje se tivesse investido na Vale (VALE3) há dez anos?
Mas e quem investiu há apenas um ano?
O cenário recente, no entanto, foi menos favorável. Quem aplicou recursos em Petrobras há 12 meses enfrentou maior volatilidade e um ciclo de queda, acumulando uma desvalorização próxima de 5,5% no período.
Na prática:
- R$ 10 mil investidos valeriam hoje cerca de R$ 9.450;
- R$ 20 mil, aproximadamente R$ 18.900;
- R$ 30 mil, algo em torno de R$ 28.350.
Os valores consideram apenas a variação da ação e os proventos distribuídos, sem incluir impostos ou custos operacionais.
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Sangalli ressalta que retornos negativos em janelas curtas fazem parte da dinâmica da renda variável.
“É fundamental que o investidor não observe a ação apenas pelo retrovisor de 12 meses. A Petrobras vive ciclos intensos. Quem investe com foco no curto prazo precisa entender que volatilidade faz parte do jogo”, afirma.
Inflação agrava a perda real
Além da queda nominal, o impacto da inflação deteriora ainda mais o desempenho real do investimento no curto prazo.
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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de 2024 foi de 4,83%, enquanto as projeções para 2025 giram em torno de 5%.
“Mesmo que a ação tivesse ficado lateralizada, o investidor perderia poder de compra. No curto prazo, inflação e volatilidade são dois inimigos importantes”, explica o assessor.
A Petrobras permanece como uma das gigantes do mercado brasileiro, com atuação integrada em exploração, produção e refino.
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A força do pré-sal sustenta margens operacionais robustas, geração consistente de caixa e uma política relevante de distribuição de dividendos.
Ainda assim, a companhia não está imune a riscos. Suas ações são impactadas por fatores como:
- preço internacional do petróleo;
- variação cambial;
- decisões regulatórias;
- mudanças estratégicas no plano de investimentos;
- política de dividendos.
Segundo Sangalli, a estatal tende a atrair investidores com foco em retorno recorrente.
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“PETR4 tem um perfil mais voltado à geração de caixa e à distribuição de dividendos. Não é uma ação de crescimento acelerado. Por isso, exige uma análise cuidadosa do horizonte de cada investidor”, afirma.
Longo prazo continua sendo o diferencial
Mesmo após um ano desafiador, a Petrobras segue entre as ações mais buscadas por investidores de médio e longo prazo no país. A elevada liquidez, a relevância no setor e a capacidade comprovada de atravessar ciclos sustentam o interesse do mercado.
“Para quem pensa em décadas, e não em meses, a Petrobras continua sendo uma peça relevante de carteira. Mas é preciso respeitar seu perfil: volatilidade no curto prazo e consistência no longo prazo”, conclui Sangalli.