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segunda-feira, dezembro 29, 2025

A ciência da ressaca

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Entre o Natal que acabou de passar e o réveillon que se aproxima existe uma faixa do calendário em que todos parecem estar no modo pausa. É como se o ano diminuísse o ritmo por alguns dias. Os compromissos ficam mais frouxos, os dias parecem mais longos, as conversas seguem principalmente pelo WhatsApp e a geladeira ainda guarda sobras da ceia, agora já sem tanto glamour. Nesse intervalo curioso, muita gente nota um visitante indesejado: a ressaca. Ela chega de forma discreta, mas persistente, como uma notificação silenciosa do corpo, lembrando que o organismo também precisa se reorganizar depois das festas.

Embora muitas vezes seja tratada como algo banal, a ressaca vai além de uma simples soma de dor de cabeça, sede e cansaço. Trata-se de um fenômeno fisiológico mais complexo. Tudo começa quando o fígado tenta processar o álcool ingerido. Para eliminá-lo, o organismo transforma o etanol em outras substâncias, um processo que leva tempo. Quanto mais lentamente isso ocorre, mais tempo o álcool permanece circulando e interferindo no funcionamento do cérebro, influenciando diretamente o dia seguinte.

Enquanto isso acontece, o álcool interfere nos circuitos cerebrais que regulam atenção, humor, coordenação e equilíbrio. É daí que surgem a dificuldade de concentração, a sensação de lentidão mental e até pequenos lapsos de memória. Além disso, os subprodutos dessa quebra do álcool também contribuem para o mal-estar geral, ampliando a sensação de fadiga, indisposição e confusão que tantas pessoas descrevem como “cabeça pesada” ou “mente nublada”.

O álcool também provoca um desequilíbrio interno que vai além do cérebro. Ele aumenta o estresse celular, favorece a produção de radicais livres e ativa processos inflamatórios. Essa inflamação, que começa de forma microscópica, horas depois se traduz em dor de cabeça, maior sensibilidade à luz e ao barulho e uma moleza difícil de explicar, como se o organismo estivesse tentando se reorganizar.

Alguns estudos mostram ainda que, após uma noite de excessos, o intestino se torna mais permeável. Pequenas partículas acabam entrando na circulação e provocam uma resposta inflamatória do organismo, algo que contribui para aquela sensação de corpo pesado, energia baixa e pensamento lento, típica da ressaca.

O cérebro também participa desse ajuste. O álcool altera substâncias ligadas ao alerta e ao relaxamento. Durante o consumo há sensação de bem-estar. Quando o efeito passa, o sistema nervoso tenta se reequilibrar, o que pode gerar irritabilidade, ansiedade, sono ruim e aquela sensação de mente acelerada, mesmo com o corpo claramente cansado.

Diante de tudo isso, é natural que a ciência busque formas de amenizar os sintomas da ressaca. Pesquisadores têm testado antioxidantes, extratos vegetais e substâncias que atuam na microbiota intestinal. L-cisteína, ginseng vermelho, Hovenia dulcis e até suco de pera coreana aparecem em estudos pequenos com alguma melhora de náusea, dor de cabeça ou cansaço. Probióticos também estão em investigação, mas ainda não há consenso. As evidências são iniciais, heterogêneas, e nenhuma dessas estratégias faz parte de recomendações médicas formais.

Por enquanto, o que se mostra mais eficaz continua sendo simples. Hidratar-se bem, respeitar intervalos entre as doses, comer antes de beber e dormir adequadamente. O corpo lida melhor com o álcool quando recebe água, energia e tempo para se recuperar. Anti-inflamatórios podem aliviar sintomas pontuais, desde que usados com cautela. Vitamina B6 e outras suplementações aparecem na literatura, mas ainda sem respaldo científico para indicação.

A mensagem para este pós-Natal é clara. A ressaca não é acaso nem exagero, é resposta. É o corpo tentando recuperar o equilíbrio e lembrando que cada escolha feita à noite reaparece no dia seguinte.

Por enquanto, o que se mostra eficaz é simples. Hidratar-se bem, respeitar intervalos, comer antes de beber e dormir direitoQuando o corpo cobra a conta: a ciência da ressaca

Entre o Natal que acabou de passar e o Réveillon que se aproxima existe uma faixa do calendário em que todos parecem estar no modo pausa. É como se o ano diminuísse o ritmo por alguns dias. Os compromissos ficam mais frouxos, os dias parecem mais longos, as conversas seguem principalmente pelo WhatsApp e a geladeira ainda guarda sobras da ceia, agora já sem tanto glamour. Nesse intervalo curioso, muita gente nota um visitante indesejado: a ressaca. Ela chega de forma discreta, mas persistente, como uma notificação silenciosa do corpo, lembrando que o organismo também precisa se reorganizar depois das festas.

Embora muitas vezes seja tratada como algo banal, a ressaca vai além de uma simples soma de dor de cabeça, sede e cansaço. Trata-se de um fenômeno fisiológico mais complexo. Tudo começa quando o fígado tenta processar o álcool ingerido. Para eliminá-lo, o organismo transforma o etanol em outras substâncias, um processo que leva tempo. Quanto mais lentamente isso ocorre, mais tempo o álcool permanece circulando e interferindo no funcionamento do cérebro, influenciando diretamente o dia seguinte.

Enquanto isso acontece, o álcool interfere nos circuitos cerebrais que regulam atenção, humor, coordenação e equilíbrio. É daí que surgem a dificuldade de concentração, a sensação de lentidão mental e até pequenos lapsos de memória. Além disso, os subprodutos dessa quebra do álcool também contribuem para o mal-estar geral, ampliando a sensação de fadiga, indisposição e confusão mental que tantas pessoas descrevem como “cabeça pesada” ou “mente nublada”.

O álcool também provoca um desequilíbrio interno que vai além do cérebro. Ele aumenta o estresse celular, favorece a produção de radicais livres e ativa processos inflamatórios. Essa inflamação, que começa de forma microscópica, horas depois se traduz em dor de cabeça, maior sensibilidade à luz e ao barulho e uma moleza difícil de explicar, como se o organismo estivesse tentando se reorganizar.

Alguns estudos mostram ainda que, após uma noite de excessos, o intestino se torna mais permeável. Pequenas partículas acabam entrando na circulação e provocam uma resposta inflamatória do organismo, algo que contribui para aquela sensação de corpo pesado, energia baixa e pensamento lento, típica da ressaca.

O cérebro também participa desse ajuste. O álcool altera substâncias ligadas ao alerta e ao relaxamento. Durante o consumo há sensação de bem-estar. Quando o efeito passa, o sistema nervoso tenta se reequilibrar, o que pode gerar irritabilidade, ansiedade, sono ruim e aquela sensação de mente acelerada, mesmo com o corpo claramente cansado.

Diante de tudo isso, é natural que a ciência busque formas de amenizar os sintomas da ressaca. Pesquisadores têm testado antioxidantes, extratos vegetais e substâncias que atuam na microbiota intestinal. L-cisteína, ginseng vermelho, Hovenia dulcis e até suco de pera coreana aparecem em estudos pequenos com alguma melhora de náusea, dor de cabeça ou cansaço. Probióticos também estão em investigação, mas ainda não há consenso. As evidências são iniciais, heterogêneas, e nenhuma dessas estratégias faz parte de recomendações médicas formais.

Por enquanto, o que se mostra mais eficaz continua sendo simples. Hidratar-se bem, respeitar intervalos entre as doses, comer antes de beber e dormir adequadamente. O corpo lida melhor com o álcool quando recebe água, energia e tempo para se recuperar. Anti-inflamatórios podem aliviar sintomas pontuais, desde que usados com cautela. Vitamina B6 e outras suplementações aparecem na literatura, mas ainda sem respaldo científico para indicação rotineira.

A mensagem para este pós-Natal é clara. A ressaca não é acaso nem exagero, é resposta. É o corpo tentando recuperar o equilíbrio e lembrando que cada escolha feita à noite reaparece no dia seguinte. Estamos entrando no último capítulo do ano, e talvez celebrar bem também signifique respeitar os próprios limites. O corpo sempre participa da comemoração e merece o mesmo cuidado que dedicamos aos brindes, à mesa posta e aos abraços da virada.

[Fonte Original]

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