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terça-feira, dezembro 23, 2025

CEO de empresa de 1º foguete comercial do Brasil pede desculpas por explosão; vídeo

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O CEO da Innospace, responsável pelo lançamento do primeiro foguete comercial da História do Brasil, pediu “profundas” desculpas pela empresa privada sul-coreana não ter conseguido concluir a tarefa com sucesso. Numa carta aos acionistas divulgada nesta terça-feira, Kim Soo-jong lamentou a explosão e o fato de não ter correspondido plenamente às expectativas dos acionistas, que confiaram e apoiaram o projeto. Ele também anunciou uma investigação “minuciosa” sobre a operação.

Segundo Soo-jong, o HANBIT-Nano decolou normalmente da base de lançamento e iniciou, conforme o planejado, a manobra de inclinação para inserção orbital. O motor do primeiro estágio operou normalmente, mas, na sequência, houve uma “anomalia”.

“No entanto, aproximadamente 30 segundos após o lançamento, uma anomalia foi detectada na aeronave. Seguindo os protocolos de segurança, foi tomada a medida de queda do veículo dentro da zona de segurança terrestre. Consequentemente, a missão foi encerrada e houve a ocorrência de chamas devido ao impacto com o solo após a queda”, disse o CEO, na carta.

A missão deste dia, segundo ele, tinha como objetivo colocar em órbita terrestre baixa (LEO), a uma altitude de 300 km, cinco satélites de clientes e três cargas úteis experimentais não separáveis. Devido à falha técnica, o alcance da órbita não foi concretizado. Felizmente, ele ponderou, “os sistemas de segurança funcionaram conforme o projetado, e não houve vítimas nem danos adicionais aos arredores”.

O CEO afirmou que a empresa trabalha em conjunto com as autoridades brasileiras para conduzir uma investigação detalhada sobre a causa da falha.

“Embora este voo não tenha alcançado o resultado esperado, obtivemos uma grande quantidade de dados valiosos (…) Esses dados serão amplamente utilizados para melhorias técnicas, aumento da confiabilidade e aperfeiçoamento do design, servindo como base essencial para os próximos lançamentos”, ressaltou Soo-jong.

Apesar da explosão, o CEO agradeceu a confiança e o apoio mesmo diante dos desafios e pediu que os acionistas sigam parceiros da empreitada.

“Do ponto de vista da empresa, lamentamos profundamente e nos desculpamos por não termos alcançado o resultado esperado nesta primeira lançamento comercial, apesar de diversas variáveis. O desenvolvimento e operação de veículos de lançamento envolvem inúmeras tecnologias de alta complexidade operando simultaneamente, e com base nessa experiência, realizaremos uma análise minuciosa das causas”, destacou. “Pedimos que continuem nos acompanhando e apoiando”.

O Brasil lançou nesta segunda-feira, às 22h13, o foguete, em Alcântara, no Maranhão. Segundos após o lançamento, porém, a Innospace cortou o sinal da transmissão ao vivo no Youtube e exibiu um aviso em inglês: “We experienced an anomaly during the flight” (“Nós experimentamos uma anomalia durante o voo”, em tradução livre).

Em nota, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o foguete teve uma “anomalia” que o fez “colidir com o solo”. Este foi o primeiro lançamento comercial do Brasil, em Alcântara, no Maranhão.

“Uma equipe da FAB e do Corpo de Bombeiros do CLA já foi enviada ao local para análise dos destroços e da área de colisão. Todas as ações sob responsabilidade da FAB para coordenação da operação, que envolvem segurança, rastreio e coleta de dados foram cumpridas exatamente conforme planejado, garantindo um lançamento controlado e dentro dos parâmetros internacionais do setor espacial”, diz a nota.

A FAB também afirma que as equipes técnicas da Innospace seguem atuando na análise dos dados e na apuração das causas do ocorrido, em conjunto com a FAB e com os demais órgãos e instituições envolvidos na operação.

Antes do sinal ser cortado, foi possível observar uma aparente explosão nas imagens. Páginas especializadas e veículos de imprensa da Coreia do Sul também mencionam um suposto problema no lançamento. Até o momento, porém, nem a Innospace nem a Força Aérea Brasileira (FAB), que atua em parceria com a empresa na Base de Alcântara, se manifestaram oficialmente.

A Operação Spaceward é o primeiro lançamento comercial do país — um mercado dominado por EUA, Europa e China. Ela teve a participação de 400 profissionais, sendo 300 militares. O foguete não é tripulado.

A operação estava marcada inicialmente para novembro. No entanto, foi adiada cinco vezes — quatro desde a terça-feira da semana passada. De acordo com a a Força Aérea Brasileira (FAB), a janela de lançamento — intervalo de tempo para o foguete subir e entrar em órbita com o caminho livre de radares orbitando no caminho, sem lixo espacial ou outros obstáculos — se encerraria nesta segunda-feira.

O HANBIT-Nano leva a bordo oito dispositivos — sete brasileiros e um indiano — definidos como “experimentos”. Entre eles estão dois nanossatélites desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que permitirão o estudo de um sistema de comunicação de baixo consumo energético utilizado na aplicação da Internet das Coisas, rede integrada de objetos eletrônicos inteligentes.

Logo da Operação Spaceward 2025 em frente ao foguete HANBIT-Nano — Foto: Divulgação: FAB

O foguete também transporta um satélite educacional equipado com versões teste de tecnologias como placas solares e instrumentos de navegação, além de mensagens de alunos da rede pública local, de comunidades quilombolas.

Especificações do foguete — Foto: Arte/O GLOBO
Especificações do foguete — Foto: Arte/O GLOBO

 — Foto: Editoria de Arte
— Foto: Editoria de Arte

De acordo com Marco Antônio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), que representa a parcela civil do Programa Espacial Brasileiro, os experimentos que serão lançados na órbita brasileira ainda não pertencem à elite da tecnologia do ramo, mas já representam um avanço da exploração nacional e proporcionam novos métodos de pesquisa, mesmo sendo considerados dispositivos de pequeno porte.

— Não estamos falando de satélites capazes de transmitir programas de televisão em cadeia nacional, mas sim da possibilidade de se transmitir um sinal para o espaço que será repetido e captado por uma estação em terra, geralmente na própria universidade — esclarece. — Estamos falando de cubos de até 10cm de altura, largura e profundidade e que pesam de um a três quilos.

Imagem dos satélites FloripaSat (esquerda); do sistema SNI-GNSS (centro); e do satélite PION-BR2 (direita) — Foto: Reprodução: FAB / Innospace / UFMA
Imagem dos satélites FloripaSat (esquerda); do sistema SNI-GNSS (centro); e do satélite PION-BR2 (direita) — Foto: Reprodução: FAB / Innospace / UFMA

Foguete HANBIT-Nano, que será lançado do Centro de Lançamentos de Alcântara no sábado (22) — Foto: Divulgação / FAB
Foguete HANBIT-Nano, que será lançado do Centro de Lançamentos de Alcântara no sábado (22) — Foto: Divulgação / FAB

A dinâmica da Operação Spaceward em Alcântara envolve uma cooperação do setor público com a iniciativa privada. A base é militar e todos os seus sistemas, dos portões às antenas e painéis de controle, são operados por oficiais brasileiros da FAB. A empresa sul-coreana ficou responsável por trazer o foguete desmontado até o país com uma equipe de engenheiros para a montagem e seus próprios sistemas de verificação.

Já a AEB atua como entidade reguladora responsável pelo licenciamento, que é dado antes da empresa sequer firmar contrato para a decolagem, e pela fiscalização do foguete e da estrutura montada, realizada às vésperas da operação.

Centro de Lançamentos de Alcântara, principal base aeroespacial do Brasil — Foto: Divulgação: FAB
Centro de Lançamentos de Alcântara, principal base aeroespacial do Brasil — Foto: Divulgação: FAB

A operação ocorre 20 anos após o acidente de 2003 que vitimou 21 técnicos e engenheiros civis em Alcântara. Na ocasião, o foguete brasileiro VLS-1 passava por ajustes finais para decolar quando uma ignição prematura de um dos motores resultou em um incêndio e na explosão da estrutura.

Imagens da explosão do foguete VLS-1 em Alcântara no ano de 2003 — Foto: Reprodução / TV Globo
Imagens da explosão do foguete VLS-1 em Alcântara no ano de 2003 — Foto: Reprodução / TV Globo

Nos últimos dois anos, o governo federal atualizou publicações que guiam a exploração espacial brasileira: o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE), que regulamenta o desenvolvimento militar de tecnologia aeroespacial, e o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), que guia o planejamento da exploração civil do setor. Ambos contam com aumento de verbas para desenvolvimento de tecnologias próprias em relação às edições anteriores.

De acordo com Chamon, apesar de o Brasil estar defasado em relação ao desenvolvimento de tecnologias aeroespaciais próprias, o país precisa buscar mais autonomia e independência no setor:

— A fabricação de foguetes ainda não dominamos completamente e não temos nossos próprios satélites de meteorologia, o que seria bom ter.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que, nesta segunda-feira (22/12), no contexto da Operação Spaceward, o foguete HANBIT-Nano, da empresa sul-coreana Innospace, foi lançado às 22h13 (horário de Brasília) a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão (MA).

Na ocasião, após a saída da plataforma, o veículo iniciou sua trajetória vertical conforme previsto. No entanto, houve uma anomalia no veículo que o fez colidir com o solo.

Uma equipe da FAB e do Corpo de Bombeiros do CLA já foi enviada ao local para análise dos destroços e da área de colisão. Todas as ações sob responsabilidade da FAB para coordenação da operação, que envolvem segurança, rastreio e coleta de dados foram cumpridas exatamente conforme planejado, garantindo um lançamento controlado e dentro dos parâmetros internacionais do setor espacial.

As equipes técnicas da Innospace seguem atuando na análise dos dados e na apuração das causas do ocorrido, em conjunto com a FAB e com os demais órgãos e instituições envolvidos na operação.

Demais informações serão divulgadas oportunamente, à medida que as avaliações avancem.

[Fonte Original]

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