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domingo, dezembro 14, 2025

Como é a rotina de quem rastreia tubarões-brancos na Austrália

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Para a maioria das pessoas, a ideia é fugir o mais rápido possível de um grande tubarão-branco. Na Austrália, porém, há profissionais que fazem exatamente o contrário: correm em direção ao predador para instalar um dispositivo de rastreamento em sua nadadeira dorsal.

A atividade integra uma complexa rede de proteção que permite a nadadores, surfistas e pescadores verificar, em tempo real, a presença desses caçadores marinhos antes de entrar no mar. O sistema combina marcação de tubarões, estações de escuta, drones e tecnologia móvel.

Todos os dias, equipes lançam 305 bóias conectadas por satélite em áreas estratégicas da costa de Nova Gales do Sul, em profundidades de até 15 metros. Esses equipamentos, equipados com sensores, enviam um alerta quando são atingidos por um tubarão, acionando imediatamente as equipes de resposta.

“Essa é a parte mais delicada do trabalho, embora não seja o ‘rodeio’ que muitos imaginam”, afirma Paul Butcher, pesquisador-chefe do programa estadual de marcação e rastreamento de tubarões. “Os tubarões são, em geral, bastante tranquilos. O processo tem impacto mínimo sobre os animais”, disse à AFP.

Após o alerta, um barco chega ao local em até 16 minutos. Se o animal for de uma das três espécies consideradas mais perigosas — tubarão-branco, tubarão-touro ou tubarão-tigre — a equipe inicia o procedimento. Duas cordas são posicionadas com cuidado, uma próxima à cauda e outra à frente da nadadeira peitoral, para estabilizar o corpo do animal.

Quando o tubarão se aproxima da lateral da embarcação, os profissionais o viram suavemente de costas, garantindo que a água do mar continue passando pelas brânquias. Nessa posição, o animal entra em um estado semelhante a um transe, o que reduz riscos tanto para a equipe quanto para o tubarão.

Em cerca de 15 minutos, os pesquisadores medem o comprimento do animal, coletam amostras de tecido e instalam um marcador acústico na nadadeira dorsal. Em seguida, o tubarão é solto a pelo menos um quilômetro da costa e desaparece no oceano.

“Alguns animais têm personalidade própria”, comenta Butcher. “Os tubarões-brancos costumam ser fáceis de manejar perto do barco. Os tigres já não são tão colaborativos. E, curiosamente, o tubarão-touro costuma ser bastante dócil.”

Nos últimos dez anos, o programa marcou 1.547 tubarões-brancos, 756 tubarões-tigre e 240 tubarões-touro. Os animais são detectados ao passar por uma das 37 estações de escuta distribuídas ao longo da costa. Quando isso acontece, um alerta é enviado pelo aplicativo SharkSmart, que notifica frequentadores das praias por meio de celulares e relógios inteligentes.

A tecnologia faz parte de uma abordagem mais ampla de segurança adotada pelas autoridades australianas, que inclui também o uso de drones de vigilância e redes de proteção.

Charlie Kerr (E), Paul Butcher e Tom Pracy, do programa de monitoramento de tubarões, recolhendo linhas de pesca inteligentes equipadas com anzóis iscados — Foto: SAEED KHAN / AFP

Desde 1791, mais de 1.280 incidentes envolvendo tubarões foram registrados na Austrália, com 260 mortes confirmadas, segundo uma base de dados nacional. Embora raros, os ataques fatais aumentaram: foram 57 mortes nos 25 anos anteriores a 2025, ante 27 no quarto de século anterior.

Em novembro, um tubarão-tigre de cerca de três metros matou uma mulher em uma praia remota ao norte de Sydney, enquanto ela e o companheiro, turistas suíços, filmavam golfinhos.

Cientistas avaliam que o aumento das mortes pode estar relacionado ao maior número de pessoas no mar e às mudanças nos padrões migratórios dos tubarões, influenciadas pelo aquecimento dos oceanos.

Butcher ressalta que, apesar da percepção de risco, os tubarões precisam de proteção. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), 37% das espécies de tubarões e raias no mundo estão ameaçadas ou criticamente ameaçadas de extinção.

[Fonte Original]

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