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quinta-feira, dezembro 25, 2025

Como usar controle parental nos smartphones dos filhos sem invadir sua privacidade?

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Dúvida da semana 🤷‍♀️🤷

“Qual tipo de controle parental podemos usar sem invadir a privacidade dos adolescentes? Não consigo mais ter acesso aos celulares. Antes, quando as minhas filhas eram mais novas, eu conseguia. Agora que elas têm 13 e 15 anos, não consigo mais”

Quando eu era adolescente, a internet ainda engatinhava. Eu não tinha redes sociais, nem celular no bolso. Troquei meus primeiros e-mails com amigos só depois dos 17 anos. Ainda assim, morria de medo que alguém abrisse aquela “correspondência”. Antes disso, o meu pavor era outro: que mexessem no meu caderno de anotações, na agenda, nos bilhetes guardados.

Só que os tempos são outros. Hoje, esse “caderno” cabe no bolso. E dentro dele cabem conversas com desconhecidos, algoritmos que disputam atenção, conteúdos inadequados, estímulos que afetam o sono e os sentimentos. Cabem também vínculos importantes e trocas legítimas. Tudo junto e misturado, o dia inteiro.

Os especialistas que ouvimos explicam que não é para vigiar tudo ou simplesmente “soltar” os adolescentes no mundo digital, mas sim mudar o tipo de cuidado. Menos invasão, mais acordos. Controles que funcionem como cinto de segurança e não como câmera escondida. A seguir, reunimos as reflexões dos especialistas e dicas práticas de controles parentais.

Como sempre, deixo o convite: se você tem dúvidas sobre a educação dos filhos (crianças ou adolescentes), envie sua pergunta ao final desta reportagem. Muitas vezes, a sua angústia é exatamente a de outras famílias também.

Segundo neuroeducador, adolescentes estão na terceira das três fases de introdução tecnológica, a chamada fase da Independência — Foto: Freepik

Palavra dos especialistas 👩‍🏫👨‍🏫

Ana d’Angelo, diretora de comunicação estratégica do Redes Cordiais

🧩 Primeiro, é importante dizer que você não está sozinha. Segundo a pesquisa Redes de Proteção, realizada pelo Redes Cordiais e ITS Rio, de julho de 2025, grande parte dos responsáveis acredita que a administração da vida digital tende a ficar mais difícil conforme os filhos crescem , especialmente na adolescência. Alguns sinalizaram a importância de conceder maior privacidade aos adolescentes, mesmo diante dos riscos do ambiente digital. Essa transição, contudo, gera uma tensão constante entre autonomia e necessidade de proteção, demonstrando a complexidade da mediação parental nesse estágio.

📊 Diante disso, os pais se dividem em relação a como conduzir a proteção digital, de forma a garantir a privacidade e autonomia dos adolescentes: 59,3% acreditam que crianças e adolescentes “devem sempre ter sempre supervisão dos responsáveis”, indicando uma forte inclinação para a vigilância contínua. Em contraste, 19% consideram que a privacidade e autonomia devem ser concedidas “somente a partir dos 16 anos”, enquanto 10,7% defendem que isso “depende da maturidade de cada criança/adolescente”.

🗣️ O diálogo é ponto de convergência entre especialistas em mediação parental. Principalmente com adolescentes, há consenso de que não é mais possível apenas instalar uma ferramenta de administração do uso do celular, mas os filhos e filhas devem ser envolvidos nas decisões sobre como será a proteção digital.

👥 Outro aspecto importante que pudemos observar no estudo foi o papel dos irmãos mais velhos, que atuam como aliados na mediação, orientando e observando os mais novos, além de alertar os responsáveis sobre comportamentos que demandam atenção e explicar os riscos das plataformas digitais. Essa pode ser uma estratégia de envolver os adolescentes na proteção digital, empoderando-os e incentivando-os a cuidar dos irmãos mais novos.

🏠 ️No âmbito familiar, recomenda-se o estabelecimento de rotinas e combinados claros, com acordos sobre horários, tipos de conteúdo e tempo de uso das telas, sempre incentivando o equilíbrio com outras atividades offline. Esses combinados devem ser construídos de maneira colaborativa, em que todos da família opinem e, principalmente, concordem com o que é exequível. É fundamental que os membros da família vejam uma função e um sentido para esse tipo de acordo, para que ele não resvale para uma mera proibição, ou se transforme em uma lista de tarefas. Esse tipo de ação só funcionará se houver uma razão de ser efetiva para todos que a construírem.

📝 Uma sugestão é imprimir um acordo contendo: horários das atividades online e offline, sugestões de atividades offline e sugestões de atividades para o encontro de toda a família sem uso de aparelhos eletrônicos. Todos os membros da família colaboram na construção do acordo e o assinam.

🌱 Os adultos devem ser exemplo de uso consciente, evitando o uso excessivo e compartilhando experiências positivas de uso online com os filhos. As famílias também devem se familiarizar com as plataformas utilizadas pelos filhos, conhecendo os recursos de segurança, privacidade e denúncia. Por fim, é importante adaptar as estratégias de mediação à faixa etária, ao território, ao contexto familiar e aos valores culturais de cada núcleo.

Fernando Lino, neuroeducador, especialista em segurança digital e responsável pelo programa Guardião Digital

😮‍💨 Esse sentimento de “não consigo mais” é muito comum entre pais de adolescentes — e não é só impressão. Pesquisas mostram que, a partir dos 13 anos, muitos responsáveis passam a sentir que perderam o controle do que os filhos fazem online. Isso acontece porque, nessa fase, eles entram na etapa da Independência, a terceira das três fases da introdução tecnológica: Supervisão, Integração e Independência.

🧠 Na Independência, que costuma abranger dos 13 anos em diante, adolescentes passam a demandar mais privacidade, autonomia e confiança — algo esperado também do ponto de vista do desenvolvimento emocional e neurológico. Por isso, muitos pais deixam de usar controles parentais invasivos e tentam migrar para o diálogo. O risco aqui é claro: se a relação de confiança não foi bem construída nas fases anteriores, essa transição fica muito mais difícil.

🔄 Isso não significa abandonar totalmente o controle, mas mudar o tipo de controle. Em vez de acessar conversas, ler mensagens ou fiscalizar tudo o que eles fazem — o que nessa idade tende a gerar mais conflito e esconderijos — o caminho mais saudável é combinar limites técnicos claros com diálogo aberto. Por exemplo: manter limites de tempo de uso acordados em conjunto (“qual horário faz sentido para você usar sem atrapalhar sono e estudos?”), usar relatórios gerais de uso que mostram quanto tempo passam em cada app, sem entrar no conteúdo das mensagens, ativar filtros de conteúdo adequados à idade e revisar juntos as configurações de privacidade e segurança das contas.

💬 Esse processo funciona melhor quando vem acompanhado de frases como: “Eu não preciso ler suas conversas para confiar em você, mas preciso garantir que o ambiente seja minimamente seguro” ou “Se algum conteúdo te deixar desconfortável, prefiro que você me conte do que tentar resolver sozinho”.

🚗 Esses controles funcionam como “cinto de segurança”, não como vigilância.

⚠️ A menos que existam fortes indícios de risco real (como envolvimento com desconhecidos, conteúdos ilegais ou comportamento de alerta), o melhor caminho nessa fase é construir pontes, não muros. Caso contrário, você entra em um eterno jogo de gato e rato — e adolescentes são excelentes em esconder coisas no celular (você já ouviu falar no truque da calculadora falsa?).

🎯 O objetivo final de uma boa educação digital nunca será controlar para sempre, mas formar jovens que saibam se proteger mesmo quando ninguém está olhando.

DESCOMPLICA. Em resumo, o que dizem os especialistas

🧭 Independência digital: A partir dos 13 anos, adolescentes entram na etapa da Independência, passando a demandar mais privacidade, autonomia e confiança.

⚖️ Tensão entre proteção e autonomia: As famílias se dividem entre vigilância constante e concessão de autonomia, revelando o desafio de equilibrar segurança, privacidade e desenvolvimento.

🗣️ Diálogo como eixo central: Especialistas concordam que a proteção digital eficaz depende menos de controle invasivo e mais de conversas abertas, acordos claros e participação ativa dos adolescentes.

🛡️ Dica prática 1 – limites técnicos claros: Usar controles como tempo de tela, filtros de conteúdo e relatórios gerais de uso, sem necessariamente acessar conversas dos adolescentes, ajuda a proteger sem invadir a privacidade, funcionando como “cinto de segurança”.

🏠 Dica prática 2 – combinados em família: Construir acordos sobre horários, tipos de conteúdo e uso das telas de forma colaborativa aumenta o compromisso dos adolescentes e reduz conflitos.

🎯 Objetivo da educação digital: Mais do que controlar, a meta é formar jovens capazes de se proteger, fazer escolhas conscientes e agir com responsabilidade mesmo sem supervisão direta.

Como configurar diferentes controles parentais, por Ana D’Angelo: 👩‍💻

📱 No Iphone, a ferramenta se chama Tempo de Uso

⚙️ No dispositivo acesse “Ajustes” e toque em “Tempo de Uso”

🔒 Selecione “Conteúdo e Privacidade” > “Restrições de Conteúdo”

🛍️ Escolha os ajustes desejados para cada recurso ou configuração em “Conteúdo de Lojas Permitido”

🤖 No Android, é o Controle dos Pais

▶️ Abra a Google Play

☰ Abra o menu principal no ícone de três linhas no canto superior esquerdo e clique em “Configurações”

👨‍👩‍👧‍👦 Toque em “Controle dos Pais”

🔓 Toque na opção “Controle dos Pais” para ativá-la

🧩 Configure as restrições

🌐 As plataformas de redes sociais oferecem ferramentas de controle parental gratuitas. Abaixo, sugestões sobre as mais populares:

📘 Meta: A Central da Família da Meta permite que pais e responsáveis monitorem e ajudem a gerenciar as atividades online de adolescentes.

📸 Instagram: Nessa rede, a Conta de Adolescente, lançada este ano, permite que os pais tenham mais supervisão sobre quem seus filhos conversam online, o conteúdo que consomem e quanto tempo passam na plataforma. As proteções são ativadas automaticamente, e os pais poderão decidir se adolescentes menores de 16 anos podem mudar essas configurações para opções menos rígidas.

▶️ YouTube Kids: É um aplicativo independente desenvolvido para crianças na plataforma Youtube. O conteúdo é bem infantil, então é mais apropriado para crianças até os 7 anos.

👀 Experiência Supervisionada no YouTube: Depois do Kids, os responsáveis podem optar por essa experiência supervisionada no Youtube, que conta com ferramentas que permitem que os responsáveis acompanhem e controlem seu uso. Essa ferramenta também permite que adolescentes vinculem suas contas às de seus responsáveis, oferecendo insights e notificações sobre atividades no canal.

⚖️ Enquanto o YouTube Kids é mais limitado, a Experiência Supervisionada funciona como uma versão gerenciada do YouTube principal, equilibrando supervisão familiar com a liberdade necessária para cada faixa etária.

🔎 Google: O Family Link é um serviço do Google que permite aos responsáveis gerenciarem a conta ou o perfil do Google de seus filhos menores de 13 anos.

💬 Discord: É possível monitorar o uso do Discord por meio da Central Familiar. Uma vez conectados, os responsáveis poderão visualizar os amigos recém-adicionados, com nomes de exibição e fotos/avatares dos perfis; os usuários com quem o jovem trocou mensagens ou fez chamadas, incluindo horários

🎵 TikTok: A plataforma tem uma ferramenta de sincronização familiar que permite que responsáveis e adolescentes personalizem as configurações de segurança.

📹 Kwai: Essa rede possui configurações de conta como também o controle de conteúdo exibido.

[Fonte Original]

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