O sucesso na juventude costuma vir de muita prática em uma única área, pouca experimentação e avanço rápido. Só que entre os adultos, o padrão se inverte. As pessoas mais velhas que se destacam são aquelas com menos especialização precoce, mais experiências diversas e um progresso mais gradual ao longo do tempo.
Os resultados desse estudo condizem com uma outra pesquisa publicada há alguns anos na Nature, mostrando que grandes talentos experimentaram muitas coisas antes de se firmarem como destaque de suas áreas. Roger Federer jogou basquete e críquete e só depois virou sucesso no tênis. Peter Jackson produziu horror e comédias antes de ficar conhecido pelo O Senhor dos Anéis. Os exemplos são incontáveis.
Alison Gopnik, professora de Berkeley e especialista em infância, argumenta que essa é uma fase decisiva por funcionar como um período de exploração. A infância é quando os humanos podem prospectar o mundo sem se preocupar com recompensas imediatas, já que há uma rede de cuidado que garante a sobrevivência.
Essas evidências desafiam alguns modelos educacionais, esportivos e artísticos que incentivam a especialização precoce. Este é o momento para debatermos políticas e programas que valorizem a exploração e diversidade de longo prazo para formarmos talentos realmente excepcionais, especialmente para um mundo novo em que a IA muda a nossa relação com a informação e o conhecimento.
A lógica também vale para repensarmos as estratégias das nossas próprias vidas, mesmo depois de adultos. No início de qualquer jornada, deveríamos explorar possibilidades, experimentar, coletar informações, antes de decidir aprofundar em uma única opção. A interdisciplinaridade, ao que tudo indica, ajuda a criar diferentes caminhos para encontrarmos o sucesso.