Depois de encerrar na máxima histórica nominal na sessão anterior, o Ibovespa passou por um pregão de realização nesta quarta-feira. O dia também foi de ajuste em outros mercados, como o de câmbio e o de juros futuros. Sem o apoio de ações da Vale e da Petrobras e em um dia de abertura da curva a termo, o índice fechou em queda de 0,39%, aos 138.423 pontos, oscilando entre 138.228 pontos e 139.362 pontos.
Na esteira de um corte no preço-alvo dos papéis feito por um banco estrangeiro e do recuo nos preços de petróleo, as ações da Petrobras fecharam no vermelho: as PN cederam 0,68%, ao passo que as ON tiveram perdas de 0,64%.
Em relatório, os analistas Bruno Amorim, Guilherme Costa Martins e Guilherme Bosso, do Goldman Sachs, atualizaram as estimativas para a companhia e cortaram os preços-alvos das ações ON da Petrobras, de R$ 39,10 para R$ 38,80, e das ações PN da estatal, de R$ 36,60 para R$ 35,30, mantendo a recomendação de compra.
Entre as blue chips de bancos, o destaque negativo ficou para as ações ordinárias do Bradesco, que caíram 0,60%. Os papéis da Vale também sofreram perdas de 0,49% na sessão, na contramão do avanço registrado pelos contratos futuros de minério de ferro em Dalian.
Para o economista-chefe de América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, os ganhos que poderiam ser obtidos com o acordo comercial estabelecido entre China e Estados Unidos são limitados para a região. Em relatório, ele aponta que a incerteza persistente indica que levará tempo até que os padrões comerciais retornem à normalidade, mesmo que a guerra tarifária tenha sido suspensa de forma provisória.
“As perspectivas da América Latina estão intimamente ligadas aos preços globais das commodities”, diz o economista. “O conflito comercial já havia enfraquecido a demanda por importantes produtos de exportação, especialmente petróleo e cobre, ao desacelerar o crescimento global e reduzir os investimentos. O acordo tarifário pode contribuir para sustentar os preços, mas vemos espaço limitado para uma recuperação significativa”, destaca.
Além de dúvidas em torno dos preços de commodities, agentes financeiros se questionam sobre a manutenção dos fluxos estrangeiros mais positivos para a bolsa local nos próximos meses.
A grande pergunta para entender a continuidade do desempenho positivo do Ibovespa é se o fluxo estrangeiro tem caráter estrutural ou apenas tático, observa Lucas Carvalho, analista-chefe da Toro Investimentos. “Nós temos desafios, a taxa de juros deve ficar elevada por mais tempo, então entendo que possa ser um movimento mais tático nesse momento”, avalia.
Ao mesmo tempo, Carvalho chama atenção para uma alta expressiva do EWZ, que é o principal fundo de índice (ETF) de ações brasileiras em Nova York, que avança 25,86% no ano. “Estamos sendo guiados por esse fluxo. Mas eu entendo que em algum momento possa haver uma realização desses lucros.”
A projeção da Toro para o principal índice da bolsa local no fim deste ano está em 145 mil pontos, mas a corretora não descarta uma eventual revisão para cima do preço-alvo do índice. “Se houver uma conjunção maior do fluxo de investimento estrangeiro com o institucional, a gente pode ter um movimento ainda mais positivo de performance para o Ibovespa nos próximos tempos.”
Entre as maiores quedas do Ibovespa na sessão estão as ações da Azul, que cederam 16,08% e encerraram na mínima histórica, a R$ 1,20. A companhia frustrou analistas ao reportar um lucro antes de juros, depreciação, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) abaixo do esperado pelo mercado no primeiro trimestre, além de um aumento expressivo nos custos e uma queima de caixa sazonalmente mais alta para o período.
Já a maior alta da sessão ficou para os papéis da Natura & Co, que subiram 7,10%, ampliando os ganhos pelo segundo dia, após a divulgação do resultado da empresa.
O volume financeiro do Ibovespa na sessão de hoje foi de R$ 17,1 bilhões e de R$ 24,0 bilhões na B3. Já em Wall Street, os índices americanos fecharam em direções opostas: o Nasdaq subiu 0,72%; o S&P 500 encerrou quase estável, com alta de 0,10%; e o Dow Jones cedeu 0,21%.