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quarta-feira, novembro 5, 2025

Bancos dos EUA veem risco de bolha em ativos

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Executivos dos principais bancos dos EUA preveem que o “boom” de negócios vai continuar, já que os mercados de ações dispararam no último trimestre e a economia americana e os gastos do consumidor se mantiveram bem apesar das tarifas de importação. Mas alguns alertaram que os preços dos ativos podem estar altos de uma forma insustentável, em prenúncio de uma bolha.

A receita de banco de investimento do Goldman Sachs deu um salto de 42% no terceiro trimestre, enquanto as comissões do rival J.P. Morgan Chase na mesma área subiram 16%, segundo informaram os bancos nesta terça-feira. O Wells Fargo e o Citigroup também tiveram desempenhos sólidos na área de banco de investimento.

As finanças do consumidor permanecem saudáveis e o J.P. Morgan observou que a inadimplência apresenta uma tendência abaixo das expectativas, embora executivos tenham dito que mantêm o monitoramento para detectar qualquer deterioração à medida que os dados do mercado de trabalho enfraqueçam.

“O ambiente macroeconômico reflete a economia mundial, que se mostrou mais resiliente do que muitos previam. Os EUA continuam a determinar tendências, impulsionados por gastos consistentes do consumidor, assim como investimentos na área de tecnologia”, disse a CEO do Citigroup, Jane Fraser, em teleconferência. “Dito isso, há bolsões de efervescência de ‘valuations’ [avaliações de valor justo] no mercado.”

Jane Fraser, do Citi: há bolsões de efervescência de ‘valuations’ [avaliações de valor justo] no mercado — Foto: Silvia Zamboni/Valor

O diretor financeiro do Wells Fargo, Mike Santomassimo, disse a jornalistas que o “pipeline” de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) parecia bastante bom. Seu equivalente no J.P. Morgan, Jeremy Barnum, afirmou que há muito tempo o banco não tinha um verão tão movimentado na área de M&A e acrescentou que os mercados de capitais e as condições para ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) caminham em bom ritmo para o quarto trimestre.

As transações têm sido beneficiadas pela alta dos preços dos ativos e os mercados de ações dos EUA bateram recordes seguidos este ano, impulsionados pelo entusiasmo com os cortes nas taxas de juros do Federal Reserve.

Mas essa exuberância tem levado a temores de que uma grande correção nos preços dos ativos esteja por acontecer. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também advertiu que os mercados estão complacentes demais a respeito de riscos comerciais e geopolíticos.

“Muitos ativos parecem estar entrando no território das bolhas. Mas esses preços alimentam as áreas de banco de investimentos, ações e gestão de ativos”, comentou Jamie Dimon, CEO do J.P. Morgan. Ele disse que os mercados de crédito já mostram “os primeiros sinais de um certo excesso”.

As ações do Wells Fargo dispararam 8%, e as do Citigroup subiram 5%. As do Goldman e do J.P. Morgan caíram ligeiramente.

“O ímpeto continua na maioria das linhas de negócios, Wall Street permanece forte e a demanda por crédito ao consumidor está muito resiliente”, afirmou Mac Sykes, gestor de carteira da Gabelli Funds.

As comissões globais de banco de investimento atingiram o maior nível dos últimos quatro anos nos primeiros nove meses de 2025 e deram sustentação aos ganhos.

“A questão a respeito de situações turbulentas é que elas criam oportunidades, e a volatilidade de mercado que tivemos ao longo dos últimos meses criou o ambiente perfeito para que os bancos de investimento dos EUA prosperem”, disse Danni Hewson, chefe de análise financeira da plataforma de investimentos AJ Bell.

De acordo com informações do London Stock Exchange Group (LSEG), as comissões de bancos de investimento em todo o mundo cresceram 9%, para US$ 99,4 bilhões até agora no ano, o maior nível desde que esse dado começou a ser registrado, em 2021.

Os negócios com M&A tiveram destaque no terceiro trimestre, em especial nas áreas de tecnologia e financeira, onde o aumento das comissões foi de 55% e 34%, respectivamente, segundo os dados.

Além do vigor dos mercados de ações e dos cortes de juros, as negociações têm sido impulsionadas por regulamentações mais brandas no governo Donald Trump, que compensaram a incerteza das tensões comerciais que paralisaram a atividade no início do ano. Executivos disseram que sua expectativa era de mais vitórias na área regulatória, à medida que, sob Trump, as agências reguladoras de bancos reformulem as regras de capital.

De acordo com dados da Dealogic, fusões e aquisições em todo o mundo dispararam 40% no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior. As mega transações também foram retomadas e chegaram à assombrosa quantia de US$ 1,26 trilhão.

No mês passado, o grupo de aquisições Silver Lake, o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita e a Affinity Partners compraram a Electronic Arts, de games, por US$ 55 bilhões, na maior aquisição alavancada da história.

A retomada da atividade também levou a uma onda de mudanças de emprego por parte de altos executivos do setor.

Até mesmo o governo dos EUA contribui para esse boom, já que o governo Trump tem buscado transações em até 30 setores que envolvem dezenas de empresas consideradas cruciais para a segurança nacional ou econômica.

“Não há dúvida de que existe uma boa dose de exuberância da parte dos investidores”, disse o CEO do Goldman, David Solomon, a analistas. “Embora eu me sinta otimista com a perspectiva futura no balanço, o mercado opera em ciclos. Uma gestão de risco disciplinada é imperativa.”

[Fonte Original]

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