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terça-feira, novembro 18, 2025

Caminho para eliminar combustíveis fósseis avança na COP30 em meio a apelos dos jovens

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O tão aguardado roteiro de como a humanidade vai eliminar, gradualmente, os combustíveis fósseis pode integrar as decisões da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP30.

Nesta terça-feira, ministros de diversos países declararam apoio à proposta do Brasil de inserir este tema na negociação oficial. Dentre eles, Alemanha, Reino Unido, Colômbia, Quênia, Serra Leoa, Ilhas Marshall e outros.

Demanda por decisão imediata

A coalizão de nações afirmou que a referência a essa transição precisa ser fortalecida no texto, que está sendo negociado, para aprovação nesta quarta-feira. O objetivo é acelerar ações capazes de limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Após fazerem suas declarações, os ministros fizeram uma pausa para escutar a campeã da Juventude da COP30, Marcele Oliveira. Ela contou que crianças e jovens de todo o mundo aguardam uma decisão imediata sobre o tema, considerado uma “absoluta prioridade”.

Ela disse aos ministros afirmando que os combustíveis fósseis estão “destruindo sonhos” e que acabar com a dependência dessa fonte energética é “a mobilização de justiça climática mais importante dessa geração”.

Proteção do futuro

Em entrevista para a ONU News, Marcele Oliveira afirmou que a proteção do futuro das crianças e jovens devem ser prioridade nas discussões da COP30.

“A gente teve uma decisão na Corte de Justiça Internacional que fala que a inação dos países em torno da pauta climática é crime ambiental. Então, a gente precisa pressionar os países pelas melhores decisões climáticas e isso também é uma prioridade. É claro que a gente precisa se afastar para longe dos combustíveis fósseis, precisa investir na proteção da floresta e proteger quem protege. E é claro que para a juventude é muito importante o reconhecimento do nosso mutirão da ação no nível local, que é liderada por jovens”.

“Batalha decisiva”

Ao se reunir com jovens de várias partes do mundo nesta terça-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, se desculpou com as gerações atuais pela falha das gerações passadas em conter a crise climática. Essa falha é evidenciada pela constatação científica de que a temperatura vai inevitavelmente subir mais do que 1,5°C nos próximos anos.

Ele disse que precisa do apoio dos jovens na “batalha decisiva” para que essa ultrapassagem seja o mais curta possível.

O líder da ONU afirmou que a transição dos combustíveis fósseis para fontes renováveis é essencial nesse processo e para isso é preciso enfrentar o lobby de grupos que “colocam lucros acima do bem-estar da comunidade internacional e do planeta”. Guterres disse ser essencial que a juventude coloque pressão sobre os governos e o setor privado durante a COP30.

As fábricas movidas a combustíveis fósseis estão contribuindo para as mudanças climáticas

“Não queremos ser ativistas, queremos ser crianças”

João Victor da Silva, brasileiro de 16 anos disse a Guterres que eles “não querem ser ativistas, querem apenas ser criança e adolescentes, mas infelizmente os adultos não estão tomando as decisões certas”.

O jovem Nigel Maduro, de Aruba, relatou que está vendo as praias onde aprendeu a nadar desaparecerem diante dos seus próprios olhos. Para ele, as negociações são lentas e talvez só terminem quando seu país já tiver sido destruído. Aruba enfrenta as mais altas temperaturas do Caribe e sofre com o aumento do nível do mar.

Jovens de vários outros países apresentaram ideias e demandas e pediram ação para garantir um futuro habitável.

Em reação às intervenções, Guterres disse que uma maior participação de jovens, especialmente indígenas, na tomada de decisões, traria resultados muito melhores nas COPs.

Ele registrou a demanda de que o financiamento seja dado diretamente a povos indígenas e com menos burocracia e se comprometeu a melhorar as condições para que isso seja possível.

Crianças presentes na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima em Belém, Brasil

Crianças presentes na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima em Belém, Brasil

“Protestos são um diferencial da COP30”

A líder indígena Txai Suruí, conversou com a ONU News e descreveu a reunião como um dos momentos de maior “esperança e alegria”, durante a COP30, por ter fortalecido a escuta da juventude.

Txai disse que a Amazônia está muito próxima de um ponto de não retorno e pode quebrar rumo à desertificação, por isso é preciso tornar a COP e o próprio sistema ONU mais inclusivos para que os povos indígenas apresentem suas demandas e soluções.

“Os protestos são um diferencial dessa COP porque alguns países podem até não gostar, mas o Brasil é um país democrático e os protestos vem também pressionar para que esses líderes de fato decidam pela vida”.

Txai Surui comenta pautas indígenas na COP30

Transição justa

Ela denunciou que o lobby das empresas é maior que todas as delegações e maior que a representação dos povos indígenas, o que gera um desequilíbrio de vozes. Mas por outro lado, ela vê um aumento do reconhecimento do grupo como guardiões da natureza.

Para a Campeã da Juventude na COP30, a transição para longe dos combustíveis fósseis tem que ser justa, com uma abordagem que “escuta, acolhe e ouve os territórios” e que toma medidas como demarcação de terras indígenas para garantir que não seja mais traumática ainda para as populações que já são afetadas.

*Felipe de Carvalho é enviado especial da ONU News à COP30, no Brasil.

[Fonte Original]

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